Conexões Silenciosas

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ALICE

Observar Eva dançar era uma das minhas fraquezas. Naquela noite, resolvi ser mais audaciosa e me posicionei na primeira fileira para assistir à sua apresentação de perto. No entanto, ao vê-la surgir no palco usando uma lingerie corselet de renda preta, fiquei sem palavras. O tecido revelador realçava cada curva do seu corpo esculpido, a transparência da renda deixava pouco para a imaginação, ocultando apenas seus seios e parte íntima. Algo que eu já tinha imaginado fazia um tempo.

Um sorriso involuntário se formou em meus lábios quando ela me olhou, aparentemente surpresa e um tanto nervosa. Era inusitado vê-la tão sem jeito, considerando que era uma stripper.

Ao término da sua apresentação, meu corpo inteiro estava aquecido, e senti uma umidade entre minhas pernas. Que mulher é essa meu Deus.

Os homens ao meu lado proferiam comentários vulgares, chamando-a de gostosa, mas eu mantive minhas impressões para mim mesma, como um sinal de respeito por ela, até porque, vontade de chamá-la de gostosa e fazer outras coisas com ela, não faltava mesmo.

Quando Eva terminou sua apresentação e se dirigiu ao bar, me peguei indo na mesma direção. De repente, eu estava sentada ao seu lado, como se algum ímã invisível nos tivesse aproximado.

— Linda apresentação. — Elogiei, observando seu suor cintilante após a dança.

— Obrigada. — Ela sorriu e me olhou. — Foi uma honra ter você assistindo.

— Não foi nada. — Respondi. — Foi uma honra vê-la dançar de perto pela primeira vez. Agora eu entendo por que é tão procurada pelos clientes.

Antes que Eva pudesse responder, um homem se aproximou, realizando a tentativa típica que todos faziam, ignorando que a resposta dela seria sempre negativa.

— Será que me concederia o prazer de uma noite, senhorita? — O homem de terno perguntou.

— Não estou disponível, senhor. — Ela respondeu com polidez e um sorriso, indicando claramente a recusa.

Ele pareceu contrariado com a resposta, prestes a retrucar, mas desistiu ao olhar para mim, retirando-se em silêncio.

— Não fica incomodada com essas investidas todas as noites? — Indaguei a ela.

— Não. — Ela virou o rosto para mim novamente. — Eles estão acostumados com isso, não posso culpá-los.

— É admirável que mantenha seus princípios e não abra exceções. — Comentei.

— Obrigada, senhora. — Ela sorriu.

O impulso tomou conta de mim, e acabei proferindo palavras que não tinha planejado.

— Eu adoraria conhecer você melhor. — Falei, me sentindo um tanto constrangida.

Eva ergueu uma sobrancelha, seus olhos fixos em mim.

Merda, o que eu estava fazendo? Não deveria ter dito isso.

— Me conhecer melhor? — Ela ecoou, um brilho de curiosidade nos olhos.

Agora estava comprometida a seguir com essa conversa constrangedora.

— Exatamente. — Continuei, tentando parecer casual. — Você parece ser uma mulher muito interessante, gostaria de saber como veio parar nesta boate.

Ela sorriu novamente, tomando um gole de sua água com gás.

— Ah, sim. — Ela concordou. — Também adoraria conhecer você melhor.

Fui surpreendida por sua resposta e a maneira tranquila com que lidou com a situação.

— Ótimo, então. Amanhã a boate não abrirá, e posso passar para buscá-la às 20h. — Falei, tentando parecer confiante. — Eu sei onde você mora.

Ela riu, mas minha mente estava agitada.

Céus, Alice, o que você fez? Parece uma stalker maluca.

No entanto, a risada dela aqueceu algo dentro de mim, uma sensação que eu não conseguia explicar. Aquela troca de palavras tinha me feito sentir viva de uma maneira que não experimentava há muito tempo.

— Combinado então, senhora Alice. — Ela disse, ainda com aquele sorriso cativante estampado no rosto.

— Combinado, senhorita Collins. — Respondi, estendendo minha mão em um gesto que parecia selar o acordo que tínhamos acabado de fazer.

Ela apertou minha mão, e naquele simples contato, senti como se uma corrente elétrica tivesse percorrido entre nossos corpos, criando uma ligação instantânea e intensa. Era uma sensação estranha, mas não pude negar que meu corpo reagia de maneira inesperada àquele toque.

Após a nossa conversa, Eva retornou ao palco para mais uma de suas envolventes apresentações. No entanto, dessa vez, eu optei por não ficar para assistir. Tinha algumas pendências para resolver em minha sala, então passei o restante da noite imersa em documentos e planilhas. Só desci novamente quando a boate já estava vazia, para realizar o fechamento e garantir que tudo estivesse em ordem.

Enquanto trancava as portas e me certificava de que tudo estava devidamente organizado, não pude deixar de pensar no encontro que estava por vir na noite seguinte. Ou melhor, na conversa entre duas pessoas que desejavam se conhecer melhor. Sim, isso soava muito mais adequado. A verdade é que minha mente estava uma confusão. A atração que sentia por Eva estava se intensificando a cada momento que passávamos juntas, e a ideia de passar mais tempo com ela me deixava ansiosa.

Fechei a boate e segui para casa, a cabeça cheia de pensamentos. A expectativa desse encontro inusitado me deixava com as emoções à flor da pele. E enquanto me deitava naquela noite, sabia que o dia seguinte traria um encontro que prometia ser repleto de surpresas e sentimentos ainda desconhecidos.

A infiltrada (romance lésbico) Onde histórias criam vida. Descubra agora