Chá de Pera

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O sol ainda não havia nascido mas Chan estava acordado. Observava a janela do quarto de Siwoo, esperando até poder ver os primeiros raios de sol, era algo que gostava de fazer quando sentia-se perdido e sem esperança, e algo que fazia com mais frequência do que consideraria saudável.

Os braços do alfa estavam firmes em sua cintura, o que lhe impediu de levantar quando acordou, era quase como se ele soubesse que provavelmente Chan fugiria se tivesse a chance. Será que ele já o conhecia tão bem assim?

Com um suspiro, o beta virou-se para o maior que ainda estava adormecido. Observou-o por alguns segundos, correndo os dedos pelos escuros cabelos ondulados e, inevitavelmente, começou a pensar e ponderar sobre seus sentimentos quanto a Siwoo. O quanto ele significava para si?

Porém, o som de seu celular tocando interrompeu sua linha de raciocínio, pegou o aparelho rápido para que o barulho não acordasse o outro.

Atendeu, mesmo relutante ao ver o nome de sua mãe.

Onde você tá? — ela perguntou, a voz estava calma, nada como estava na noite passada.

— Por que quer saber?

Deixa de brincadeira. Você não pode simplesmente fugir de casa assim.

— Do mesmo jeito que vocês não podem me trancar no quarto ou me obrigar a mudar meu nome? — retrucou baixo.

Ouviu um suspiro longo e cansado da mulher do outro lado da linha.

Seongsu, eu não tô com paciência, me diz onde você tá agora.

— Esse não é mais meu nome... nunca foi, na verdade — respondeu em tom baixo, sentando-se na cama com cuidado. — Eu só vou te dizer que eu tô bem, tá? Eu vou pra escola quando der o horário e depois vou trabalhar.

Não pode continuar fugindo pra sempre.

— Bem, mãe, que pena. Porque, como o papai disse, se eu não respeito vocês, eu vou ter medo e o medo faz as pessoas fugirem — falou, respirando para tentar aliviar o nó que sentia em sua garganta. — Eu não queria sair de casa, não queria deixar meus irmãos, mas já se tornou insuportável. Eu não vou conseguir voltar se vocês não mudarem.

Seongsu...

O beta desligou a chamada antes que ela pudesse continuar. O tom de sua mãe, entretanto, não estava irritado, soou quase compreensivo. Se ela ao menos tivesse dito seu nome talvez tivesse esperado para ouvir o que ela tinha a dizer.

Cobriu seu rosto com as mãos, mas não conseguiu impedir que lágrimas escorressem por ele.

— Chan? — Siwoo acordou, confuso. — O que aconteceu, meu bem?

— N-Nada, me desculpa — disse, secando seu rosto. — Tá cedo ainda, pode voltar a dormir.

— Como você espera que eu volte a dormir se me preocupo com você? — sentou-se e chegou mais perto dela, acariciando sua bochecha. — O que você tá pensando?

O mais novo olhou-o, sendo inútil tentar esconder sua cara de choro, ele tocou o rosto do namorado, acariciando sua bochecha com o polegar e analisando com cuidado suas feições.

— Eu tô pensando... que sua voz rouca de quem acabou de acordar é muito sexy — brincou, sorrindo em meio às lágrimas quando o maior riu sem jeito.

— Tô falando sério — ele disse, chegando mais perto e segurando sua mão. — Você sabe que pode confiar em mim, né?

— Eu sei, é só... — deu de ombros, sem saber como continuar. — É complicado. Não sei o que vou fazer agora.

Café, Camomila e Cheiro de Livro Novo • soonhoonOnde histórias criam vida. Descubra agora