Segredos Revelados (2ª Temporada)

Capítulo 1

As coisas mudam todos os dias. Quantas mudanças caberiam em cinco anos? Talvez mais do que eu ou qualquer outra pessoa poderíamos imaginar. Nem nos meus melhores sonhos eu pensei que poderia estar ali, morando no México com a minha família biológica, trabalhando no que eu sempre quis e vivendo a minha primeira história de amor. Assim como eu, minha mãe estava no auge da sua carreira artística, mas infelizmente não podia dizer o mesmo da sua vida pessoal. Eu acompanhei todos os dias o seu relacionamento com Michel virar um verdadeiro inferno, aquele homem bom e apaixonado que ocasionalmente tinha crises bobas de ciúmes se transformou, ou melhor, mostrou a verdadeira face e isso foi algo que nós jamais quisemos conhecer. Apesar disso, minha mãe não costumava desistir fácil do que amava e por isso aguardava todos os dias que ele voltasse a ser a pessoa ideal para ela. Enquanto isso, por mais que quisesse protegê-la de tudo que a magoasse, eu tratei de viver a minha própria realidade. Quando conheci os enteados da minha mãe, todos nos demos bem de cara, inclusive a minha família pensou que Micho, enteado da minha mãe, e eu sentíamos algo especial um pelo outro, mas na verdade quem me encantou mesmo foi Santiago, seu irmão mais novo. Entre encontros, logo surgiu o primeiro beijo e alguns meses depois, o pedido oficial de namoro. Segundo Santi, o seu pai já sabia de tudo e deu a maior força para a nossa relação, o obstáculo seria minha mãe que sempre costumou ser super protetora além da conta. Com algumas conversas e vários questionamentos, ela aceitou e até gostou que eu namorasse uma pessoa conhecida e do convívio dela. Tudo estava dando certo, até surgir o convite para morarmos juntos. Era algo que eu já pensava, mas por tudo que já havia acontecido com a minha mãe, como o fato de eu não ter chegado a tanto tempo assim na vida dela, eu pensava se realmente seria uma boa ideia sair de casa, onde ela comprou com tanta alegria para viver com seus três filhos. Santi colocou na cabeça que gostaria de falar com ela sobre o assunto e ali estávamos nós, sentados no sofá da sala enquanto aguardávamos a boa vontade da minha pessoa favorita terminar de ajeitar o cabelo e aparecer.

− Até que enfim, hein? – eu ri quando minha mãe apareceu toda arrumada em uma blusa amarela e calça jeans e se sentou na mesinha de centro em frente a Santiago e a mim. – Você está linda. – eu sorri.

Eu ainda fazia questão de elogiar a minha mãe a cada oportunidade que eu tinha, pois sabia como era importante para ela se sentir bem e amada, principalmente quando não ouvia nada daquilo com frequência.

− Obrigada, meu amor. – minha mãe sorriu. – Mas o que de tão importante vocês têm para falar comigo? – ela cruzou os braços e encarou Santiago e eu, de sobrancelha erguida.

Eu encarei Santiago para que ele começasse a falar. Eu conhecia a doçura da minha mãe e sabia como ela não tratava qualquer pessoa mal, mas ainda assim temia a sua reação.

− Lucero, eu pedi que a Letícia te chamasse aqui porque gostaríamos da sua bênção para que a gente possa se casar. É claro que ainda vou pedi-la em casamento oficialmente, mas por enquanto pretendemos morar juntos para saber se isso vai realmente funcionar. – Santiago falou de uma vez, se inclinando para frente e apoiando um braço no joelho.

Minha mãe arregalou os olhos e olhou de mim para Santiago diversas vezes. Eu vi seus olhos marejarem e quase tive certeza de que ela podia chorar a qualquer momento. Esse era o jeitinho dela, por qualquer coisa, sua sensibilidade aflorava.

− Mas por que vocês não noivam e ficam cada um em suas casas até o casamento como todos os casais fazem? – minha mãe perguntou trêmula e se virou para mim. – Por acaso você não gosta de morar aqui, Letícia? Tem te faltado algo? Eu fiz alguma coisa? – ela perguntou com a voz embargada.

− Claro que não, mãe, você é a pessoa mais importante da minha vida, não diga isso nunca. – eu falei, me esticando e segurando a mão da minha mãe. – A gente só quer testar antes de partirmos para um compromisso mais sério, não é? – eu encarei Santiago.