Capítulo 25

54 5 0
                                    

NO DIA SEGUINTE

Graças a Letícia, eu consegui ter uma noite tranquila de sono, apesar de ter me acordado muito cedo com uma mensagem de Manuel que me mandava o documento da minha nova passagem com os dados da viagem que era para dali a duas horas. Eu respondi com um breve agradecimento e encaminhei tudo para minha filha como combinado. Sem receber resposta dos dois, eu tratei de ir me arrumar e juntar a pouca bagunça que eu fiz no quarto. Então eu pedi um táxi e saí do hotel sem olhar para trás, apesar de ter doído não ter visto Manuel nem uma vez desde que ele saiu bravo do restaurante, mesmo não tirando sua razão, afinal também me chatearia se ele largasse uma viagem comigo para se encontrar com uma ex que ele tenha amado muito, se eu não entendesse suas razões, claro. Até eu me sentar na poltrona do avião, agi com praticidade sem pensar novamente nas coisas que aconteceram nas últimas horas, mas como não tinha nada para fazer durante a viagem, tudo acabou voltando de uma vez para mim e ali eu chorei mais uma vez em silêncio, tanto que nem vi o tempo passar e saí dos meus pensamentos com a voz do auto falante avisando que pousaríamos em instantes. Eu me organizei rapidamente, ansiosa para estar com minha filha, e assim que a porta do avião se abriu, eu praticamente corri para fora antes que qualquer pessoa me reconhecesse, mesmo não sendo de me negar a atender meus fãs e a imprensa, naquele dia eu não tinha nenhuma condição. Eu peguei minha única mala e corri pela área restrita até encontrar Letícia, só percebendo que chorava novamente quando larguei tudo e me lancei nos braços dela. Finalmente cheguei aonde eu podia ser real com meus sentimentos.

− Oh, mãezinha, está tudo bem, estamos juntas agora. – Letícia falou, acariciando minhas costas.

Eu chorava silenciosamente para não chamar a atenção de ninguém e Letícia me escondia em seus braços de modo que nosso abraço não parecesse nada além de boas vindas de uma filha para a mãe. Eu chorava por tudo, pelo acidente do menino que eu vi crescer e pelo meu futuro reencontro com Michel, mas sem dúvidas o que mais me doía era ter magoado Manuel.

− Você quer um café? – Letícia tentou me soltar, mas eu a apertei mais.

− Eu quero você. Não me deixa.

Letícia retribuiu meu aperto e nós ficamos naquela posição por longos minutos até eu me sentir bem para ir embora. Eu peguei minha mala antes da minha filha e entrelacei nossos dedos, indo até o carro dela.

− Você tem alguma notícia? – eu perguntei, enxugando as lágrimas.

− Ainda não, o boletim só sai a tarde, mas estava na mesma. – Letícia suspirou quando nos acomodamos no carro.

− Você pode me levar até lá agora, por favor? – eu pedi com a voz embargada.

− Eu acho melhor você ir para casa, tomar um banho, comer alguma coisa e descansar um pouco. Você está muito nervosa e isso não te fará bem agora.

Eu assenti, apoiando meu braço na janela. Letícia tinha razão outra vez, eu não ajudaria em nada chegando ao hospital naquele estado, além de não querer que Michel soubesse que seus assuntos ainda me atingiam tanto. Minha filha me levou para casa e eu fui direto tomar um banho enquanto ela preparava um lanche para mim, o qual eu comi apenas para satisfazê-la, pois me sentia vazia por dentro. Quando acabamos tudo, nos deitamos abraçadas e como sempre eu acariciei sua barriguinha pontuda como um lembrete de outra razão para ficar bem.

− Não era para as coisas serem assim. – eu comentei, com o olhar perdido.

− Mas são, a gente não tem como mudar. O que podemos fazer é aprendermos a lidar com cada situação.

− É que eu não entendo porque justamente agora que eu estava tão feliz de novo, o Michel voltou para a minha vida.

− Mãezinha, eu não estou te julgando, mas foi você quem o trouxe para a sua vida dessa vez. – Letícia falou devagar e eu bufei. – Então as coisas vão continuar assim, cada vez que ele quiser você vai voltar?

Segredos Revelados (2ª Temporada)Onde histórias criam vida. Descubra agora