DIAS DEPOIS
Felizmente ao invés de apenas piorarem como estavam antes, nos últimos dias, as coisas tinham estagnado nas nossas vidas. Minha mãe ainda tinha crises de choro durante o dia, mas dormia bem à noite e até saía do quarto para fazer as refeições e conversar com Mari e meus irmãos quando estavam em casa. Já eu, ainda não tinha confiança para voltar à minha vida normal, continuava atendendo meus pacientes remotamente e encontrando Santiago em casa como era quando namorávamos. Depois da conversa, Lucerito voltou ao normal, mas mesmo assim meu pai mantinha a rédea curta para ela frequentar a escola e ter boas notas. Naquela manhã, eu me acordei e estranhei o fato da minha mãe estar andando de um lado para o outro, já que eu sempre me acordava antes dela e havia me acostumado a ter o sono leve para checar se ela estava bem, mas daquela vez não a vi se levantar.
− Mãezinha, o que foi? Está sentindo alguma coisa? – eu cocei os olhos e chequei a hora no celular, ainda não era nem oito horas.
− Eu me acordei com uma palpitação diferente no coração, você estava aqui do meu lado, a Lucerito no quarto dela, mas o Jos não dormiu em casa, ele ia para uma festa, mas não voltou. – minha mãe falou com a voz embargada e se sentou na cama, segurando a minha mão. – Aconteceu alguma coisa, filha. – ela engoliu o seco.
− Calma. – eu me sentei e puxei minha mãe para um abraço, beijando sua cabeça. – Não aconteceu nada, você só está nervosa. Já ligou para o papai?
− Sim, ele não atende.
Eu revirei meus olhos. Meu pai só podia ter algo contra a tecnologia, pois era uma luta para se comunicar com ele, quase sempre precisávamos ir diretamente à casa dele, assim como era no tempo dos meus avós.
− Fica tranquila, eu vou só escovar os dentes e trocar de roupa e vou até a casa dele. – eu beijei o rosto da minha mãe e me levantei.
− Eu vou com você.
− Não, você vai ficar me esperando para tomar nosso café porque eu não vou demorar. – eu sorri e entrei no banheiro.
Eu não queria que minha mãe me acompanhasse, pois não sabia se encontraria Jos na casa do meu pai e nem qual seria seu estado se estivesse, por isso era melhor que ela não fosse pega de surpresa. Eu fiz minhas higienes e vesti uma roupa simples, já que por sorte só cruzaria a rua para chegar ao meu destino, logo acompanhando minha mãe até a sala de jantar, onde a acalmei mais uma vez e pedi discretamente para Mari ficar com ela, pois ela não podia ficar sozinha estando nervosa. Eu cheguei à casa do meu pai e tudo estava em silêncio, mas logo bati na porta.
− Pai! – eu gritei e apertei a campainha até ele abrir a porta, assustado.
− Nossa, mas o condomínio está pegando fogo? – meu pai brincou, passando a mão no cabelo bagunçado.
− Cadê o José Manuel? – eu passei pelo meu pai e entrei.
− Dormindo, por quê? – meu pai perguntou confuso.
− Pode me dizer qual a dificuldade de vocês avisarem para a minha mãe que ele não ia dormir em casa?! – eu perguntei brava.
− Filha, eu não sabia que ele não tinha avisado. – meu pai abaixou a cabeça.
Eu revirei os olhos, indo para o quarto do Jos com meu pai atrás. Claro que ele não sabia de nada, afinal só ficava por dentro das coisas quando minha mãe ou eu falávamos, às vezes sua lentidão me irritava. Eu encontrei meu irmão dormindo todo largado na cama, no mínimo tinha ido para a milésima festa da noite, bebido todas, perdido a hora e ido procurar abrigo com o papai para não correr o risco de acordar a gente, pois sabia que levaria bronca.
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Segredos Revelados (2ª Temporada)
FanfictionCinco anos depois de terem feito a melhor descoberta das suas vidas, Lucero e Letícia estão mais unidas do que nunca. A vida da moça mudou completamente, por fim ela construiu um belo futuro em sua própria clínica de Psicologia e havia se apaixonado...