Capítulo 7

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Letícia

DIAS DEPOIS

As gravações do programa El Retador já haviam começado e apesar de estar fazendo muito sucesso e da minha mãe estar aparentemente se divertindo, as coisas não iam muito bem para ela. Eu sabia que chegaria o momento em que seu psicológico e seu corpo pediriam ajuda por tudo que ela passava no relacionamento, suas crises de ansiedade e pânico foram piorando gradativamente e ainda assim ela se recusava a fazer tratamento, por isso eu tentava ajudá-la como podia, já que com o meu lado psicóloga, não dava mais para fazer muita coisa por já termos um forte laço de mãe e filha. Aquele não era um dia bom para ela, havia se acordado muito nervosa e triste, mas mesmo assim foi trabalhar e eu decidi acompanhá-la, já que só iria para a clínica à tarde, mas minha esperança de que ela conseguiria se animar lá acabou completamente quando além dela ter chorado muito com uma música de amor cantada por um dos competidores, um casal participante do programa precisou abandonar o seu sonho e ela tentou dar algumas palavras de conforto, mas o meu pai foi grosso com ela na frente de todos, discordando e a deixando envergonhada. Eu cerrei meus punhos e aproveitei o intervalo para ir até ele dar um alerta sobre o que ele fez, mas fui parada por Lucerito. Minha irmã adorava acompanhar os nossos pais em seus trabalhos, mostrando desde cedo o seu amor pelo mundo artístico.

− Leti, você viu a mamãe?

− Não. Ela não estava com você? – eu franzi o cenho.

− Sim, mas ela pediu para eu buscar água e quando voltei, ela tinha sumido. – Lucerito deu de ombros e só então percebi que ela estava com um copo na mão.

Eu podia imaginar onde e como minha mãe estava, ela sempre fugia quando sentia que ia começar uma crise, ainda mais com colegas, público, conhecidos e metade da nossa família presentes, já que minha avó ainda trabalhava para ela e a acompanhava em seus compromissos, mas eu detestava deixá-la sozinha naqueles momentos.

− Eu vou procurá-la. Se alguém perguntar por nós, não deixa vir atrás, diga que já voltamos.

Mal esperei minha irmã assentir e corri para fora do auditório, andando por todos os lados e procurando minha mãe pelos corredores, onde tinham vários auditórios vazios naquele horário, até encontrar minha mãe de costas, com as costas balançando e os braços erguidos, mostrando que ela soluçava com as mãos nos lábios.

− Ei. – eu falei suavemente, tocando o ombro da minha mãe.

Minha mãe se virou para mim e me abraçou com força, se entregando ao choro. Eu a apertei como sempre, por sorte já sabia como acalmá-la naquelas situações e não era momento de conversar enquanto ela não tomasse a iniciativa.

− Você sabe o que está acontecendo, não é? Você sempre sabe. – minha mãe falou minutos depois, ainda com a voz embargada e sem me soltar.

− Eu imagino, mas prefiro que você fale, faz bem desabafar. – eu acariciei o rosto da minha mãe.

− É que eu só queria que se importassem com os meus sentimentos, sabe? O Michel não me liga mais, eu não sei se ele ainda me quer ou estamos terminados e o seu pai simplesmente invalida qualquer coisa que eu falo. Isso parece besteira, mas me machuca tanto. – minha mãe derramou uma lágrima.

− Nada que te machuca é besteira. – eu enxuguei o rosto da minha mãe, voltando a abraçá-la. – Mas eu não quero ver você sofrer por isso. Você sabe que o Michel sempre volta atrás em tudo que faz e diz e o meu pai, bem, você o conhece, é um ogro até sem querer. – eu dei de ombros.

− Também não fala assim, é o seu pai. – minha mãe me encarou, fazendo careta.

Mesmo tendo feito as pazes com o meu pai, eu não fechava os olhos para os seus defeitos e continuava fazendo questão de passar cada um na cara dele, ainda que minha mãe sempre reclamasse disso.

Segredos Revelados (2ª Temporada)Onde histórias criam vida. Descubra agora