Segredos Revelados (2ª Temporada)

Capítulo 16

Quando minha mãe se acalmou, eu ergui uma mão para desligar o chuveiro e a ajudei a se levantar com a outra.

− Vamos para o quarto ligar o aquecedor antes que a gente adoeça. – eu falei, pegando a toalha e ajudando minha mãe a se cobrir.

Ao chegar ao quarto, eu percebi que Mari já havia ido até lá recolher toda a bagunça e colocar uma nova roupa de cama, fazendo com que o lugar voltasse a ficar aconchegante. Eu ajudei minha mãe a se sentar na cama e fui ao closet dela, pegando um roupão amarelo confortável e entregando para ela enquanto eu voltava para procurar um pijama para vestir, como costumávamos usar as coisas uma da outra, era algo normal e óbvio a se fazer, já que eu não poderia deixá-la sozinha para ir até meu quarto. Depois de ligar o aquecedor, eu penteava meu cabelo em frente ao espelho e senti o olhar da minha mãe sobre minhas costas, mas não tive certeza de que era em mim que ela prestava atenção ou tinha o pensamento longe. Quando terminei, fui até ela e também ajeitei seu cabelo com carinho, deixando um beijo em sua cabeça no final e guardando a escova em sua penteadeira. Assim que me sentei ao lado dela, ela buscou minha mão e entrelaçou nossos dedos. Às vezes era daquele jeito que nos comunicávamos, o toque mostrava que estávamos seguras enquanto estivéssemos juntas.

− Quando você quiser conversar sobre o que aconteceu... Não precisa ser hoje ou amanhã, só quero que você saiba que eu vou estar aqui quando você estiver pronta. – eu falei, encarando nossas mãos unidas.

Minha mãe assentiu, olhando para a mesma direção que eu. Ela sempre só conseguia falar o que estava sentindo depois de chorar tudo que pesava dentro dela, mas em uma crise tão séria como aquela, eu não sabia quando ela conseguiria desabafar.

− Eu acho que se eu demorar a falar mais um pouco, eu vou explodir de uma vez. – minha mãe falou sem se mexer, contrariando os meus pensamentos.

− Então fala. Coloca para fora tudo que está no seu coração, vai te fazer bem.

− Eu confesso que um dia, eu pensei que isso estivesse acontecendo, mas não agora, não quando eu achei que estivéssemos tão bem, filha. – minha mãe me encarou, com os olhos marejados novamente. – Tudo parecia ter voltado a como era no começo, ele estava feliz e cada vez mais apaixonado por mim, por isso eu não entendo por que justamente ele jogou na minha cara que estava com outras mulheres e como se não bastasse, ele ria de mim, do meu jeito de falar e me comportar com ele. Eu me sinto tão humilhada e suja. – ela voltou a chorar e eu apertei sua mão. – O que tem de errado comigo? Por que ao mesmo tempo que ele debochou de mim, ele disse que fez o que já sabia que eu ia fazer com ele porque sou mulher demais para ele?

− Foi essa a justificativa que ele deu? – eu franzi o cenho.

− Sim, que eu sou uma mulher linda, talentosa, inteligente e que todos me desejam, que com certeza eu o trairia antes e que ele quis passar na minha frente de modo que eu nunca o esquecesse, nem que fosse através do sofrimento. Mas eu o amo, filha, você me conhece, eu jamais faria com ele ou com qualquer pessoa o que eu não gostaria que fizessem comigo. Eu estou destruída e me detesto mais ainda por estar desse jeito por causa de um homem, mas ao mesmo tempo não consigo controlar essa dor dentro de mim. – minha mãe soluçou.

Eu me aproximei da minha mãe e a puxei para os meus braços novamente. Michel não era só ruim como eu pensava, ele também era doente, porque apenas isso explicava o fato dele ter traído por puro complexo de inferioridade sendo que ela nunca lhe deu motivos para que ele achasse que ela faria isso, mas eu só tinha certeza de uma coisa, ele não adoeceria a minha mãe junto com ele.

− Eu sei, minha vida, você nunca seria capaz de fazer isso, mas também não precisa se sentir culpada por estar sofrendo, sim, é algo que dói e eu não vou dizer que vai passar tão cedo, mas eu sei que esse coraçãozinho um dia vai ficar bem porque ele ainda tem muito amor para dar e receber. O que ele fez não pode mudar quem você é, foi ele quem errou e você precisa estar consciente de que deu o seu melhor por todos esses anos. Isso não devia ter acontecido desse jeito, eu juro que eu adoraria que estivesse sido diferente, mas... – eu falava, mas minha mãe interrompeu.