Segredos Revelados (2ª Temporada)

Capítulo 11

Letícia

O show ocorreu normalmente. Quando meus pais se viram, minha mãe quis evitar o assunto do que aconteceu no hotel, mas eu já havia ficado sabendo que Michel foi embora sem causar outros problemas, para o nosso alívio. Apesar da minha loirinha ter se esforçado o bastante para não transparecer nenhum sofrimento, quem a conhecia bem, via que ela estava um pouco mais retraída mesmo brincando, sorrindo e cantando como sempre. Ainda assim, eu tentei apoiá-la de longe, trocando sorrisos e a acompanhando em todas as músicas. Após o show, nós voltamos para o hotel para nos prepararmos para a virada de ano que aconteceria em alguns minutos em uma festinha que os donos do estabelecimento prepararam. Quando começou a contagem regressiva para meia noite, eu me aproximei da minha mãe e a abracei por trás.

− Feliz ano novo, mãezinha. Que sejam novos dias leves e felizes como você merece. – eu sussurrei no ouvido da minha mãe.

− Mais um ano tendo o meu presente mais lindo ao meu lado, eu nunca pensei que podia realizar o meu sonho de estar com você, minha filha. – minha mãe se virou para mim, segurando minhas mãos e sorrindo. – Eu não sei como será o meu futuro, mas só por ter você e os seus irmãos, eu já me sinto a pessoa mais abençoada do mundo.

Minha mãe e eu nos abraçamos, alheias aos gritos de comemoração das pessoas ao nosso redor até meu pai, Jos e Lucerito se aproximarem para nos cumprimentar. Minha mãe abraçou meus irmãos e começou a conversar baixinho com eles, provavelmente também dizendo palavras carinhosas como havia acabado de fazer comigo, e meu pai se aproximou de mim, parecendo nervoso. Era sempre assim quando ele ia demonstrar sentimentos.

− Feliz ano novo, minha filha. Pela primeira vez, eu posso passar essa data verdadeiramente como o seu pai e garanto que nunca estive tão feliz. Eu não sei se já estou conseguindo, mas espero fazer valer todos os dias essa chance que você me deu. – meu pai falou, com as mãos nos bolsos da calça.

Eu sorri emocionada e puxei meu pai para um abraço. Apesar de ter desejado muito me aproximar, pelos acontecimentos passados, eu costumava esperar sempre o pior dele e tive certo receio de acabar me magoando novamente, mas mesmo trocando farpas o tempo todo, a dedicação dele em ser bom para mim estava sendo mais do que suficiente para que eu confiasse nele.

− Você já está fazendo. – eu enfatizei, soltando meu pai para encará-lo, mas ainda com a mão em seu ombro. – Você é um ótimo pai e eu quero que a nossa relação fique cada vez mais forte, como a que você tem com os meus irmãos.

− Pode apostar que no que depender de mim, será. Eu te amo, minha filha. – meu pai falou também emocionado e voltou a me abraçar.

Eu apertei meu pai, surpresa. Era a primeira vez que ele falava aquilo em voz alta, ele não tinha esse costume com ninguém, era mais de demonstrar do que de dizer, mas se estava se declarando, era porque realmente teve a necessidade e merecia ter aquele sentimento de volta.

− Eu também te amo, papai.

Meu pai também sorriu surpreso ao me soltar. Provavelmente ele não esperava receber resposta, já que minha mãe e eu éramos muito mais unidas, mas isso não interferia em nada no amor que eu começava a sentir por ele. Meus irmãos nos interromperam vindo me abraçar, mas eu ainda tive tempo de ouvir a conversa dos meus pais.

− Feliz ano novo, Lucerito, que você seja sempre muito feliz. Saiba que você pode continuar contando comigo muito mais do que pelos nossos filhos, mas também como o meu apoio e amizade incondicionais. – meu pai falou sorrindo.

− Muito obrigada, Manuelito, um feliz ano novo para você também. É muito importante para mim ter a sua amizade, que ela possa durar para sempre. – minha mãe retribuiu o sorriso e abraçou meu pai.