Jinny e eu não dormimos mais agarradinhos após aquele fatídico dia, em que eu surtei de ciúmes e acabei me deparando com a ex do meu outro eu na rua.
Já fazem alguns dias... e eu preciso ser honesto comigo mesmo ao admitir:
Eu sinto falta.
Se eu me sinto ridículo? Absolutamente! Meu cérebro racional não consegue compreender porque raios eu estou com tanta saudade de dormir agarradinho com ela.
É muito louco que eu sinta isso, porque nesse exato momento, encarando o teto do quarto iluminado apenas pela luz azulada da TV, eu estou deitado bem ao seu lado, acariciando o Suga, que dorme confortavelmente em cima da minha barriga.
Meus olhos sorrateiros a espiam vez ou outra, como em uma missão ultra secreta que ela não pode descobrir. Mas não é como se ela se importasse o suficiente para me notar, já que tem sua atenção voltada para alguma coisa no próprio celular.
Aposto que não faz diferença nenhuma pra ela se dormimos agarradinhos ou não.
Se me sinto mal por isso? Absolutamente! Eu queria que ela sentisse saudade de dormir agarradinho também, pois assim não me sentiria tão ridículo e mal.
Se me sinto patético por me sentir rejeitado? Absolutamente! Isso é um absurdo em tantos níveis. Eu ainda não compreendo tão bem meus próprios sentimentos, mas ao mesmo tempo me sinto arremessado de um lado para o outro por eles.
Mas eu não devia! Eu devia focar no real problema da minha vida: O fato de estar vivendo em um universo paralelo, literalmente.
Só que eu sou um fracassado. Não consigo evitar pensar e pensar nisso, como um maldito ciclo vicioso.
Mas enquanto me perco nessas indagações, minha atenção é subitamente cativada por Jinny, porque ela solta uma gargalhada gostosa, ainda absorta em algo que vê no próprio celular.
O som da sua gargalhada entra pelos meus ouvidos e sobe ao meu cérebro como se fosse uma música divinamente inspirada. Eu juro que amo quando ela ri.
Então eu sorrio encarando o teto, igual um besta, apesar de todas as minhas angústias, porque não consigo evitar sorrir quando ouço esse som que ela emite.
— Ei, Gui... — Me chama.
Eu giro minha cabeça no travesseiro e a encaro.
— Olha isso aqui — Ela direciona o celular para mim e eu assisto ao vídeo que a tela exibe.
Vídeos engraçadinhos de gatinhos filhotes. Ela ama. Eu amo. Quem não ama?
Dou uma risadinha tímida quando o vídeo finaliza e volto a encarar o teto logo em seguida.
Sabe o que eu devia fazer? Eu devia superar esse mimimi todo. Sério, que preguiça de mim mesmo! Eu devia parar com essa obsessão.
Jinny pra cá, Jinny pra lá. Jinny está bem? Jinny está com fome? Jinny não me abraçou. Jinny respirou diferente. Jinny me olhou de forma esquisita. Será que Jinny está brava comigo? Será que Jinny está feliz? Se eu cozinhar alguma coisa gostosa, Jinny vai dormir agarradinha comigo?
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Shift • Min Yoongi
Science FictionMin Yoongi vive a pior fase de sua vida, tentando administrar suas emoções, conflitos pessoais e carreira musical junto ao grupo BTS. O universo conspira para que ele encontre seu destino, e por isso, ele acorda em uma realidade completamente difer...