Capítulo 3 - Naithan

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Nas quatro semanas que passei com Ashley (exceto na cirurgia de minha mãe) é a primeira vez que acordo nove horas, pego uma toalha e entro no banheiro, me olho no espelho, lixo... Estou parecendo um lixo. Faço minha barba e tomo um banho rápido, saio do banheiro com a toalha enrolada na cintura, pego qualquer roupa que vejo pela frente, quando me viro Henry esta encostado no batente da porta.

-Bom dia, princesa.

-Não enche Henry.

Sento na cama e começo a calçar o tênis.

-Que mau humor - não respondo - eu fui ao hospital hoje.

Levanto-me e pego o pente para dar um jeito no cabelo, Henry entra no quarto.

-Os pais dela pediram o passaporte - congelo- disseram que já tinham falado com você.

-Não- me viro- não falaram, e você como um grande amigo deu o passaporte.

-O que queria que eu fizesse? São a família dela, não se interfere na familiar.

Pego meu óculos de sol.

-Família é aquela que cuida- respondo saindo do quarto.

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Entro no hospital e falo com uma mulher na recepção, ela me liberar para subir, aperto o botão do elevador, mas seguro a porta quando vejo o Dr. Hunter entrando.

-Naithan- ele aperta minha mão- como está?

-Poderia estar melhor.

As portas se fecham e aperto no 18º nadar.

-Chegou o relatório dos exames- ele me entrega uma folha- acho que você deveria ser o primeiro a saber, mas se preferir eu mesmo dou o aviso.

Olho para a folha e meu coração dispara.

-Tudo bem, obrigado.

As portas se abrem e ele sai, olho para a ficha sem coragem de abri-la, deixa de ser covarde porra... Fecho os olhos e respiro fundo, passo o dedo na beirada do envelope e começo a abrir, retiro a parte de cima, meu coração acelera. O barulho da porta me interrompe, sai do elevador com a pasta nas mãos, caminho devagar para tentar acalmar meus nervos, a porta está aberta, mas mesmo assim bato, o olhar dela caem em mim e um sorriso aparece.

-Oi- eu queria mais que dizer "oi", eu queria tocá-la sem medo, queria beijá-la, queria fazer ela se lembrar de mim.

-Oi- responde ela- está bonito.

Sorrio e caminho até ela, me inclino, dou um beijo em sua testa e sento ao seu lado.

-Como se sente?

-Melhor, mas tenho algumas dores suportáveis - ela aponta para a pasta em minha mão - o que é isso?

Tento ficar calmo.

-Nada demais - porra me odeio por menti - provavelmente até o final de semana você já vai estar livre pra voltar a Califórnia.

Ela bufa, geralmente os homens devia temer ou ficar preocupado quando a mulher bufa, mas a Ashley conseguia me encantar ainda mais.

-Não vou voltar à Califórnia - a olho confuso - meus pais vão me levar de volta ao Alasca.

Como é? Alasca? Passo a mão no cabelo.

- Então eu vou com você - algo parece se ascender em seus olhos.

-E sua família?

Eu pego sua mão.

-Você foi a responsável por me unir com minha irmã e mamãe, e agora eu quero me unir a você... Ashley, você é minha família.

Eu presenciei o sorriso que vejo todas as noites se formar nesses belos lábios, porra, eu queria tanto beija-la e sentir seu gosto de novo, mas isso vai foder a coisa toda.

-Eu te trouxe uma coisa - coloco a mão no bolso e retiro a nossa chave - nós fomos ao noivado de uma prima minha, e eu te levei a famosa ponte dos cadeados. E decidimos que a chave seria nossa esperança.

Ela pegou a chave de minha mão e começou a analisar, ela estava toda arranhada e tinha uma parte na ponta faltando, foi muita sorte eu a encontrar no local do acidente. Ela fecha a mão e seus olhos se enchem de lágrimas.

- Você é perfeito sabia? Até imagino porque me apaixonei por você - ela seca uma lágrima - mas talvez não seja isso que você realmente queira, Naithan. Não posso lhe prometer que minha memória volte logo, ou que ela volte.

Antes que eu me desse conta eu já a estava beijando, ela retribuiu com ferocidade, sua mão estava em meu cabelo, eu queria toca-la, mas o medo de machuca-la é maior, seu gosto e doce. Começo a me afastar e a olho nos olhos.

-Não precisa me prometer, eu só que estar com você.

Ela sorri e morde o lábio, fiz o maior esforço para não beija-la de novo.

Fiquei com Ashley até a hora em que a enfermeira entrou dizendo que acabou meu tempo, senti uma sensação estranha quando deixei o quarto, não queria mais ficar longe dela. A ficha que o Dr. Hunter me deu está queimando em meus dedos, meu coração palpita sempre que o olho de lado. Sai do hospital e Henry estava com o carro estacionado, ele me olha e faz sinal, respiro fundo e vou até ele.

-O que você quer? - pergunto.

-Tenha calma, só com te dar uma carona.

-Por quê?

Ele olha para os lados e depois para mim.

-Desculpe, eu agi errado ficando com ela... Mesmo sabendo de seus sentimentos. Ela não se lembra de nada então tem como começar de novo - ele abre a porta do carro- só falta o seu perdão.

O olho nos olhos, esse não é o Henry que eu conheço, juro por Deus, se ele tentar algo com Ashley, ele vai desejar ter perdido a memória. A porta continua aberta, balanço a cabeça e entro, ele fecha a porta e senta ao lado.

O caminho até em casa foi silêncio, Henry olhava de canto de olho para o envelope em minha mão, mas não se atreveu a perguntar. Assim que chegamos fui direto tomar um banho, me troco e tomo coragem de ler o exame. O pego na mão e fecho os olhos, respiro fundo quando os abro fico sem reação...

Porra!


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