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Tighnari caminhava com um sorriso no rosto enquanto ia para um dos seus lugares favoritos da cidade, sua floricultura. Apesar de algumas pessoas o empurrarem de ombro devido a pressa e a calçada pequena sendo apertada a cada pessoa que virava a esquina e entrava nela o orelhudo não se deixou abalar e continuou caminhando de cabeça erguida.

Os fones de ouvido nas orelhas grandes de Tighnari abafavam o som das muitas buzinas encaminhadas para os pedestres atravessarem mais rápido. Finalmente saindo da multidão ele dobra em uma esquina praticamente vazia com apenas um pai e uma filha passando por ali, ele para em frente a sua floricultura colocando a mão em seu bolso em busca das chaves.

A floricultura estava mais para um pequeno retângulo amarelo claro com algumas plantas do lado de fora e duas janelas que ocupavam quase a parede toda dando visibilidade para a parte interna da loja, podia não ser muita coisa mas era o que o orelhudo amava.

Ele retira a placa que estava escrito fechado e troca para a que estava escrito aberto, coloca sua bolsa alça de couro no chão atrás do balcão ele se senta na cadeira de rodinhas atrás do caixa.

- Boa tarde senhor! - diz sua assistente sorrindo para ele.

- Boa tarde Collei, o que você tem aí? - ele pergunta percebendo que a menina estava com as mãos atrás das costas.

- Ah eu tenho uma surpresa para você. - diz Collei indo para a frente do balcão.

- É mesmo? - suas orelhas se mexem demonstrando curiosidade.

- Tcharam uma conta pra pagar! - ela estende um envelope o entregando para seu chefe.

Tighnari suspira desanimado pegando o envelope com suas orelhas murchando um pouco. Collei vendo que seu trabalho estava feito por ali volta para a parte de trás da loja indo regar as flores. Collei era uma ótima funcionária para Tighnari, o ajudava em praticamente tudo desde a limpeza à cuidar das plantas e clientes. As orelhas do florista se levantam assim que ouve o sino da loja tocar avisando que o primeiro cliente da tarde acabara de chegar.

- Boa tarde, do que gostaria? - seu sorriso desaparece assim quando vê quem estava parado em sua frente.

- O que foi amor? Não gostou de me ver? - um homem alto, negro de cabelo curto dá um sorriso convencido para Tighnari.

- Quantas vezes vou ter que dizer para não me chamar de amor? Terminamos faz meses já, me deixa quieto e segue sua vida. - o feneco disse curto e grosso.

- Deixa de ser assim, eu sei que você se arrependeu de ter terminado comigo e quer reatar. - o moreno se debruça sob o balcão fazendo com que seus rostos ficassem próximos.

- Quantas vezes vou ter que falar para você me deixar em paz?! Derek eu não tenho nada mais a ver com você. - o orelhudo recua para trás ainda sentado na cadeira de rodinhas.

Tighnari e Derek haviam tido um relacionamento intitulado como tóxico já que o moreno sentia que o feneco dava mais atenção à floricultura do que a ele e toda vez que o orelhudo saia com seus amigos ele falava que o mesmo preferia os amigos do que ele, Tighnari falava que isso era só coisa da cabeça dele mas Derek sempre achava um motivo para terem um discussão. Isso durou por cerca de quase dois anos quando Tighnari se cansou e deu um término a isso, bom pelo menos foi um término para o pequeno.

- Senhor Tighnari aquele homem maromba que faz academia tá vindo buscar a samambaia que encomendou. - Collei fala entrando atrás do balcão se posicionando ao lado de Tighnari.

- Eu vou indo então. - Derek se afasta com receio olhando para Collei e sai da loja.

- Não tem nenhum cara maromba não é? - o orelhudo pergunta olhando a garota de esguelha.

Collei apenas sorri e volta para a parte de trás da loja indo dar continuação para suas tarefas. Tighnari solta um sorriso balançando a cabeça negativamente e volta sua atenção para a conta que estava em cima do balcão. O resto do dia se passara tranquilamente com um cliente ou outro chegando, nada muito anormal.

- Até amanhã Collei, não esqueça de fechar tudo antes de sair. - Tighnari alerta indo para a saída.

- Pode deixar senhor. - ela respondeu feliz.

- Não quer que eu fique com você durante essas horas extras? - ele pergunta pela 15° vez naquele dia.

- Não se preocupe eu vou ficar bem. - Collei garante.

Tighnari da uma olhada para trás abanando para a garota que acena de volta, então Tighnari sai na escuridão da noite. Fazia o mesmo caminho para sua casa de manhã cedo só que dessa vez a multidão havia ido embora havendo somente ele e a lua. Enquanto caminhava virou para trás sentindo que alguém estava o observando, ficou um tempo olhando para o nada depois prosseguindo seu caminho chegando em casa.

Fez um pão com ovo acompanhando de suco de laranja natural, depois foi ao banheiro, escovou os dentes, tomou um banho quente, colocou o pijama e adormeceu na sua cama quentinha.

Tighnari estava em um campo cheio de flores com um belo sol surgindo no horizonte, ele fecha os olhos e respira fundo esperando sentir o aroma das flores mas a única coisa que sente é o cheiro de queimado. Apavorado Nari abre os olhos e se vê em meio a chamas e fumaça, tossindo ele fica de joelhos no chão sentindo a falta de oxigênio e apagando com lágrimas nos olhos.

Tighnari acorda sentando na cama e colocando a mão na testa "Que pesadelo horrível." pensa secando o suor de seu rosto. Ele ouve gritos vindo da rua, assutado ele abre a janela arregalando os olhos com a visão. Uma fumaça imensa estava saindo de um lugar a duas quadras dali, ele rapidamente põe uma jaqueta e tênis correndo para o lado de fora. Indo em direção ao fogo o caminhão dos bombeiros passa rapidamente por ele virando a esquina.

Nari segue os bombeiros deixando lágrimas rolarem ao ver sua floricultura em chamas, ele vai correndo para frente porém um bombeiro proíbe ele de passar.

- ME DEIXA IR MINHA AMIGA ESTÁ LÁ! - o feneco gritava desesperado em meio às lágrimas.

- Senhor tente se acalmar por favor, faremos todo o possível para controlar a situação. - o bombeiro fala calmamente.

- VOCÊ NÃO ENTENDE ELA PRECISA DE MIM! - Nari estava sentindo suas forças indo embora.

O bombeiro não pode deixar de ficar sentido com o rosto encharcado de lágrimas e as orelhas abaixadas do pequeno. Então Tighnari vê Collei deitada em uma maca sendo empurrada pelos bombeiros saindo do prédio com uma mulher fazendo uma massagem cardíaca na pequena que estava desacordada. Ele correu até ela sentido um aperto de culpa no coração.

- Você é responsável por ela? - um paramédico pergunta.

- Sim eu sou. - responde sem hesitar.

- Posso pedir que me acompanhe até o hospital por favor? Encontraremos ela lá.

O coração do orelhudo parou quando percebeu que a ambulância que havia saído na frente com Collei não estava com a sirene ligada.

Meu lindo monstro I Cynonari Onde histórias criam vida. Descubra agora