VII

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- Merda. - Sussurra para si mesmo.

Tighnari avança contra Cyno mostrando os dentes levantando a mão mirando em seu pescoço mas o moreno vira a mesa da sala de estar fazendo com que o feneco a furasse com as garras.

Cyno corre para o cômodo mais próximo, a cozinha, era apertada e não tinha muito espaço o que dificultava as coisas. Tighnari pula em cima da mesa rosnando parecendo um cachorro com raiva, ele pula contra o moreno novamente que se abaixa resultando nele engatinhando pelo chão enquanto o orelhudo balançava a cabeça tentando tirar os cacos de vidro que ele havia quebrado do armário.

Cyno corre para o banheiro trancando a porta procurando por algo que desse para servir de bloqueio, não havia muita coisa ali e sabia que a porta não iria suportar muito tempo. Na primeira tentativa de arrombar a porta ela já estava rachando.

"Pensa Cyno"

Segunda tentativa: a rachadura ganhou alguns furos.

"O que você pode fazer?"

Terceira tentativa: surgiu um buraco na porta.

"Tá bom, vamos tentar isso."

Quarta tentativa: porta arrombada com sucesso.

Lascas de madeira voam para todo o lado e Tighnari olha em busca do moreno que havia pulado e estava em cima da pia, quando Nari já havia percebido o truque dele Cyno já estava correndo para a porta que dava no jardim, estava quase chegando quando sentiu uma ardência nas costas e algo morder seu pescoço.

Sem forças ele caiu rolando acabando de barriga para cima com Tighnari por cima dele, tendo uma visão mais próxima do feneco ele vê os caninos quase saltados para fora, a espuma dentro de sua boca, seus olhos iguais as de um leão da montanha cheio de raiva. Tinha certeza de que esse seria o seu fim, morto pelo homem que provavelmente estava gostando, que tragédia.

- Nari. - ele tenta falar mas é parado pela mão do feneco apertando seu pescoço.

- Tighnari. - ele o chama mais uma vez mas o orelhudo continua rosnando enquanto aperta Cyno.

- Eu sei que você consegue. - diz praticamente sem ar.

Enquanto tudo ocorria Tighnari estava preso na própria consciência, como da outra vez tudo era um completo breu só que dessa vez havia uma janela, Nari se aproximou dela vendo que dava vista para o quarto de Cyno.

"Mas o que é isso?" Ele se questiona prestes a tocar porém ouvem som de passos que o faz parar e distanciar sua mão.

- Olá Tighnari. - a mesma jovem de antes o cumprimenta.

- Oi, posso saber quem é você? - pergunta cauteloso.

- Meu nome é Amina eu sou a mãe do avô de Cyno. - sua voz é tão calma que parece uma melodia para dormir.

- Nossa, quer dizer, você parece bem nova pra isso. - ele tenta responder sem ser rude.

Ela dá um sorriso se sentando no chão.

- Sente-se também, quero lhe contar uma história. Eu até ofereceria alguma coisa para comer mas sabe, não tem muita coisa por aqui. - ela ri da própria piada.

De certa forma a risada dela havia alegrado o ambiente o deixando mais leve e fazendo Tighnari baixar a guarda.

- Quando eu era criança eu amava correr ao ar livre nesse jardim extenso que você trabalha agora, eu acordava todo dia bem cedo apenas para poder ver a lua mais uma vez antes dela partir e o sol tomar seu lugar. - ela começou assim que o feneco sentou.

- Mas como você deve saber a felicidade não dura para sempre, quando completei treze anos meu pai começou a abusar de mim escondido da minha mãe. Eu nunca falei nada por causa das ameaças que ele me dizia e eu sentia que as coisas iriam apenas piorar se falasse algo. - ela dá uma pausa sentindo dificuldade de falar sobre o assunto.

Meu lindo monstro I Cynonari Onde histórias criam vida. Descubra agora