Capítulo 12 - Dias claros que também podem ser escuros

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"Como você punirá aqueles cujo remorso já é maior do que os seus crimes?" — Khalil Gibran


Desde a visita inesperada de Andy, minha dinâmica com meu dilema mudou significativamente e isso não é necessariamente bom ou ruim, apenas que logo voltei a velha rotina de espionagem, quero dizer, espionagem é meio que um exagero... Eu só dou várias voltas pelo bairro dela, passo dezenas de vezes em frente a casa dela, vou excessivamente a pequena delicatessen dela, peço ao céus todo dia uma nova chance com ela... Vê? Nada demais, não sou nenhuma maluca ou algo assim. Sou apenas alguém desesperada por um vislumbre do destino.

E olha como essas coisas acontecem de forma peculiar, depois de dias tentando forçar um encontro casual que não deu em nada, dou de cara com ela ao ser arrastada pelo meu irmãozinho para um Joe's. Justo quando tento tirar uma folga, o destino funciona de forma muito engraçada. E falando em graça, ela parece bastante divertida acompanhada de Jack e Dean enquanto em estão jogando dardos, não dá para saber pra quem ela está torcendo, mas eles parecem gostar bastante da atenção e ela sorrir leve com isso, Andreas e eu há muito deixamos de fingir que há algo de mais interessante no bar do que eles ou essencialmente ela, sorrimos feitos idiotas toda vez que ela sorrir e os aplaudi.

Se passa algum tempo, mas somos notados por nosso voyeurismo. Percebemos claramente quando Dean nos aponta para Jack que ergue sua cerveja em saudação, respondemos o melhor que podemos para ele não nos dá mais importância ao puxar seu celular entregando a Miller e abraçar Maya posando para uma selfie ou para várias, mesmo eles de costa podemos que sorriem. Continuamos como bons observadores até um Dean correr para longe e um Jack dançante arrastar uma Maya muito risonha em nossa direção o que faz meu coração disparar e Andreas ser extremamente sutil ao tentar disfarçar e derrubar sua cerveja, procuro não dá atenção a isso porque minha atenção continua sendo pura e exclusiva dela que agora está diante de nós agarrada a Jack que nem um coala, mas sorrir abertamente para gente

— Hey Andrew, vá com calma tigre! Jack diz entre risos, meu irmão ri um pouco sem jeito, mas não tem tempo de dizer nada quando o bombeiro continua falando — Maya, Andrew é irmão da Carina, eles são estranhamente iguais, não?

Andrew e eu trocamos olhares desconfiados, não somos tão parecidos assim e estamos preste a dizer isso quando uma Maya agora bastante séria levanta um dedo para fazer uma observação

— Exceto que Carina sabe como passar roupa. Ela encara Andrew com uma sobrancelha erguida antes de continuar — Você não se arruma para o trabalho? Volto meu olhar para o meu irmão para tentar entender o que ela quer dizer e então percebo que o cabelo dele está levemente bagunçado, e a roupa não parece ter visto ferro de passar nessa encarnação, tento segurar uma gargalhada enquanto o próprio parece em choque com isso, mas sem perder o ritmo, ele diz

— Você, por outro lado, caprichou hoje — Ele olha para ela de cima a baixo. E ela responde divertida — Eu costumo pentear o cabelo.

— Já experimentou não pentear? Andreas a provoca e ela espreita os olhos enquanto passa a mão no cabelo — Na verdade, não.

— Pois deveria. Acho que mesmo sem pentear o cabelo, lavar o rosto ou escovar os dentes, ainda seria uma deusa saída de lendas Arturianas.

Jack e eu somos meros observadores da troca e ao ouvir tal comentário e ver como Maya ficou vermelha é nossa vez que espreita os olhos para o idiota. O que diabos ele está tentando dando em cima dela?

Andreas é salvo com a chegada de Dean novamente perguntando aos amigos se eles estão prontos, Maya acena com a cabeça e Jack me dá um olhar sinistro antes de falar — Na mudança de planos, Carina me deve e por isso vai levar Maya em casa agora e em segurança. Nós podemos ir direto para casa.

Se eu não estive sentada teria caído ali mesmo, acho que o mesmo vale para o meu irmão e Dean também porque todos olhamos em completo choque para ele, Maya porém apenas abraça Dean e em seguida volta para o lado de Jack que ainda me olha esperando que diga algo, talvez algo elaborado, mas tudo que consegue de mim é um trêmulo — Claro, claro... Vou levar ela agora mesmo, não se preocupe... Levar em segurança... Pra casa. Só percebo que estou tagarelando quando Miller me cortou dizendo — Para CASA DELA. Vai levar ela para casa dela em segurança e ela irá nos enviar uma mensagem assim que fechar a porta de casa. Ele finaliza olhando para loira que faz um pequeno gesto com uma cruz sobre o peito como uma promessa e sorri de lado antes de voltar seus lindos olhos azuis para mim, enquanto dou meu melhor para ficar de pé, depois de ser dispensada por Andreas que insiste em ficar um pouco mais.

Os rapazes nos acompanham até meu carro no estacionamento do hospital, agora bem perto Jack recua um pouco levando com ele uma Maya pela cintura, não consigo deixar de notar o quão eles parecem próximos quando o bombeiro que ficou se posiciona na minha frente impedindo minha visão claro deles enquanto diz

— Eles ficam bem juntos, não é? Meio que ficamos todos com ciúme e inveja como ela fica bem com ele e não com o resto do pessoal.

Me esforço o máximo para entender o significado por trás de suas palavras, enquanto ele acha a pintura do meu Porsche muito interessante por uns segundos, antes de retornar para mim — Ela não era minha pessoa favorita, nem nada disso... Mas ela estava lá quando precisei dela, quando a Pru... Quero dizer, ela tinha problemas, mais dava o máximo de si quando precisamos dela. Ela era minha amiga e agora... Isso...

Ele voltar seu rosto para cima, uma breve contemplação do céu escuro e imagino que como eu luta contra as lágrimas, é eu desconfiava que todos eles ainda estavam lutando, aos poucos isso vai ficando bastante claro; cada um deles carrega um pouco do seu fardo Maya, será que você percebe?

— Acho que ela ainda é sua amiga Dean, ela só... Tento tirar - lo de sua miséria, mas as palavras morrem no fundo da minha garganta, porque o que posso dizer que faça isso ser melhor? Eu não posso ajudar ninguém, não importa o que eu diga ou faça. Enquanto ficamos ambos em silêncio pensativo, somos pegos pelo som bobo de sua risada e ambos nos viramos a tempo de vê - la brincando alegremente com Jack que tenta carregá - la nos ombros

— Eu não sei, não, ninguém sabe como ele conseguiu isso, ela ainda é sempre tão erradia com o resto de nós.

Ficamos observando as travessuras até que ela consegue fugir e vem correndo em nossa direção — E aí? Estamos prontos para ir? ela diz sorridente, Jack chega bem ao lado dela dizendo — Vocês terminaram aqui?

— Eram vocês que estavam brincando e nos prendendo aqui! Miller exclamou apontando para eles

— Eu não concordo com isso — Maya fala batendo levemente na mão que a acusa — Eu vou concordar em discordar dele — Jack endossa.

Dean bufa dizendo — Vamos embora agora ou não te deixarei aqui. Tchau Dra. Ele se põe a andar, mas ao olhar daqui ele parece bastante contente com isso para alguém infeliz com as brincadeiras. Jack apenas se pôs a correr atrás dele depois de novamente me dizer para dirigir com cuidado e lembrar Maya de mandar uma mensagem para um deles assim que chegar em casa.

Assim que eles saem de vista e somos apenas nós, sua postura muda completamente como se do vinho se transformasse em água, num instante era brilhante, alegre e sorridente e no outro apenas cansada, esgotada e como se precisasse urgentemente de sua cama. Se antes eu me perguntava se ela percebia o fardo que seus amigos carregavam por ela, agora me pergunto se eles reconhecem o esforço que ela está fazendo por eles. Será que eles sabem da sua luta?  

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