12

41 5 27
                                    

Livie

Se passou mais de uma semana desde que me mudei, meu pai foi parar no hospital e vi a Clare. 10 dias exatos.

Eu estava tão atordoada com tanta coisa naquela noite que não esperei o parecer do médico sobre o que tinha acontecido de fato com o meu pai. No dia seguinte descobri que era apenas gordura no fígado, nada muito preocupante e ainda bem que totalmente tratável.

Ele não entrou em contato diretamente comigo, mas os advogados sim.

Marcaram uma reunião à qual eu compareci sem pensar duas vezes. Três advogados e dois investigadores, e todos eles me levaram ao mesmo ponto.

Meu pai não mentiu uma vírgula sequer.

Comecei a sentir repulsa pela minha mãe depois dessa reunião. Agora estávamos vendo todas as possibilidades para não sairmos prejudicados nessa história.

Me afoguei em trabalho pelos dias seguintes, fechei novos contratos e agora podia tranquilamente dizer que não ia passar aperto algum. Ainda estava longe de conseguir manter o padrão de vida que eu tinha antes, mas a paz de ter meu próprio lugar valia muito mais.

As mensagens da Clare se tornaram cada vez mais distantes, mas não posso culpá-la por querer se afastar da bagunça que é a minha vida.

Penso e repenso em mandar uma nova mensagem, mas não sei o que digitar. Então aproveito que ainda está cedo e atravesso a cidade para ir até o "Cipriani's Coffe", eu realmente estava devendo uma visita.

Chego e vou direto ao balcão. De cara encontro o mesmo rapaz de antes, mas ele parece estar se arrumando para ir embora.

— Boa tarde, Livie! Meu turno está acabando mas ainda posso te servir um café, ou você quer falar com a Clare?

Posso jurar que ele torce para que seja a segunda resposta.

— Na verdade, dessa vez eu vim para tomar um expresso, mas outra pessoa pode me atender, não quero te alugar depois do seu horário, Fernando.

— Que bobeira, menina. É bom que assim eu mato tempo esperando meu noivo com você.

— Então ta ótimo, quero um expresso e um daqueles bolinhos de morango.

Ele sorri para mim e eu escolho uma mesa, bem de canto na janela. Consigo ver toda a movimentação do lado de fora que contrasta com a calmaria daqui de dentro. Mas não vejo a Clare em lugar algum.

Claro que visitar o café é só uma desculpa para vê-la, mas não direi isso a ninguém.

Enquanto minha mente vagueia, o Fernando volta com dois cafés e mais de bolinho, ele senta na minha mesa como se fôssemos velhos amigos.

— Então, Livie, você é artista? - O jeito que ele me pergunta me faz querer ser.

— Não sei dizer, ser estilista é considerado ser artista?

— Claro que sim! Tem que ter muito talento! Aposto que você é otima no que faz, me passa suas redes sociais para eu acompanhar. Ah, meu amor chegou. Anthony, vem aqui, meu bem.

O Fernando é lindo, mas quando junta com o Anthony, uau. Que casal e que química, fica difícil respirar no mesmo cômodo que eles e não se apaixonar, por um deles ou pelos dois.

— Livie, esse é o Anthony, meu noivo. - Apresenta seu amado em um tom de voz super apaixonado.

— Prazer, Anthony, como vai?

— Meu bem, essa é a amiga da Clare que te falei.

Nesse momento fico um pouco confusa, a Clare falou de mim para o Fernando que falou de mim para o Anthony?

Por todo esse tempoOnde histórias criam vida. Descubra agora