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Livie

Os dias seguiram no automático. Não senti mais dor depois das cirurgias e a última ida ao hospital e isso me deixava completamente contente.

Meu pai me deu todo o apoio necessário nas últimas semanas, e estamos ficando próximos, toda quinta almoçamos juntos e nesse eu estava especialmente feliz, à noite viajaria com a Clare.

Quando chego no restaurante sou encaminhada à mesa que nossa família sempre teve reservada, e o mesmo já me aguarda.

Depois de nos cumprimentarmos percebo que seu semblante é de alguém que está com a cabeça em outro lugar.

— Pai, está tudo bem? Aconteceu algo?

— Bom, posso dizer sim para as duas perguntas, minha querida Livie. Alguns minutos antes de você chegar eu recebi uma ligação informando que sua mãe já se retirou do país.

— Entendo. - Reflito por um minuto e volto a falar. — Mas ela deixou Aaron para trás? Na última vez que tive notícias ele ainda se encontrava no CTI e até tinha perspectiva de melhora.

— Aparentemente foi a melhora da morte... Aaron foi dado como morto nessa manhã, e sua mãe...

Paro de escutar o que ele diz.

Eu não pensei muito nisso desde que tudo aconteceu, mas eu desejei muita coisa ruim para Aaron nessas últimas semanas, eu teria alguma culpa de sua morte?

Não.

Ele quem jogou o carro em cima do meu, certo?

Eu não tenho responsabilidade nenhuma em cima disso.

— Livie? Você está bem? Ainda está sentindo alguma dor?

— Estou bem, pai. Eu só fiquei pensativa com o falecimento do Aaron. Apesar de não achar que ele merecia estar convivendo na sociedade eu esperava que ele pagasse na justiça..

— Bom, agora ele terá a justiça divina. Não teremos que nos preocupar mais com ele e nem com a sua mãe.

— Marissa. - Meu pai me olhou confuso. — Por favor, não chame aquela mulher de minha mãe. Agora é só Marissa.

— Mais que justo, filha.

O clima pesou por um momento mas logo o garçom chegou para retirar nossos pedidos e conseguimos conversar sobre coisas amenas.

— Mas e então, filha. Agora que você já está melhor, pretende voltar a trabalhar logo?

— Bom, eu tive que passar de última hora alguns projetos para colegas estilistas, por causa de prazos e burocracias do tipo, alguns eu consegui adiar a entrega, devo voltar na próxima semana quando retornar à cidade com a Clare...

— Hm, então finalmente vocês admitiram que estão namorando?

Fico vermelha na mesma hora. Não esperava um comentário tão direto do meu pai.

— Na verdade não temos nada oficial ainda, pai... Vamos fazer uma pequena viagem esse final de semana e quem sabe... - Um pensamento passa pela minha cabeça. —  Você gosta dela?

— Eu a acho uma menina adorável, prestativa e trabalhadora, mas quem tem que gostar dela é você, Livie. Você gosta dela?

— Eu a amo pai.

— Então eu irei amá-la também.

Sinto meu coração ser abraçado por suas palavras e quase deixo rolar uma lágrima. 

Por todo esse tempoOnde histórias criam vida. Descubra agora