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Clare

Já estamos no hospital há duas horas e ainda não temos nenhuma notícia do pai da Liv. É esquisito pensar que em um momento eu estava em um jantar maravilhoso com essa bela mulher e no instante seguinte viemos para o hospital por causa de seu pai.

Marissa não para de andar de um lado para o outro, a cada 10 minutos grita com um profissional diferente e vejo Liv repreender a mãe com o olhar, mas sei que ela está cansada demais para discutir.

Desde que sentamos aqui, ela não tirou a mão da minha. Parecemos um casal agora mas eu realmente não ligo, não pretendo sair desse hospital sem ela.

Ela ter falado sobre ter se apaixonado esta rodando na minha cabeça. Ela está? Por mim ou por outra pessoa? Ou ela estava só fugindo da mãe?

Sei que não devo perguntar nada disso agora, mas preciso de respostas quando sairmos daqui, e espero que seja a última opção porque não estou nem de longe pronta.

Sinto meu estômago reclamar de fome e pela primeira vez solto a mão da Liv.

— Ei Liv, vou até a cantina daqui ver o que consigo comprar para comer ou pelo menos um café, você quer alguma coisa?

— Obrigada, babe . Desculpa mais uma vez pelo jantar, se você achar café eu já agradeço.. Eu vou ficar aqui te esperando, o médico pode vir a qualquer momento.

— Acho que posso me acostumar a você me chamar de "babe", mia bella. . – Respondo no ouvido dela em um italiano impecável e sinto ela ficar sem graça. - Vou atrás dos cafés e algo salgado para mim, no próximo encontro eu irei organizar a comida.

— Falar comigo em italiano é covardia.. Então você ainda quer um próximo encontro comigo, babe?

Você ainda tem dúvida, bella?

Dou um beijo em sua bochecha e saio em busca dos nossos cafés.

🌼🌼🌼

Livie


Os sentimentos estão conflituosos no meu coração. Eu saí gritando que estou apaixonada mas não é verdade. Eu realmente gosto da Clare, só não assim, pelo menos não ainda, mas precisava que minha mãe ao menos calasse a boca.

O hospital não é o melhor lugar para esclarecer essa história, mas acho que ela entende o que eu tive que fazer.

Pelo menos é o que eu espero.

Já se passaram 15 minutos desde que a Clare saiu em busca dos nossos cafés, mas o ponto alto com certeza foi ela falando em italiano comigo, essa mulher pode ser minha ruína. As vezes esqueço que a família dela é quase toda de lá.

Ao mesmo tempo que me impressiono cada vez mais com a mulher que está me dando todo o suporte, me estresso cada vez mais com Marissa, e nesse ponto nem consigo chamá-la de mãe.

Não sei em que estado está o meu pai porque ao invés dela repassar as informações que tem, prefere ficar gritando com os funcionários.

E ainda tem a merda do Aaron que continua aqui rondando como se fosse um urubu e meu pai a carniça. Que belo sócio.

Estou entretida em meu próprio celular e sinto alguém sentar ao meu lado, por um momento penso que pode ser Clare, mas esses sapatos franceses masculinos o entregam logo de cara, então olho para ele.

Por todo esse tempoOnde histórias criam vida. Descubra agora