Os Exércitos de Rohan

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Faramir conduzia os cavaleiros de Gondor como em uma marcha fúnebre, enquanto eles novamente deixavam Minas Tirith. A cidade se mantinha em silêncio, enquanto as mulheres jogavam flores e se despediam de seus maridos, que não esperavam escapar dos orcs uma segunda vez. Os homens sabiam que partiam para a morte certa.

- Faramir! - Gandalf chamou, enquanto abria caminho entre as pessoas para chegar ao comandante - Faramir!

Ele parou ao lado do cavalo de Faramir, que ainda avançava lentamente em direção aos portões da cidade.

- A vontade de seu pai virou loucura. Não jogue sua vida fora sem pensar.

- Onde está minha lealdade, senão aqui? - Ele respondeu, impassível - Essa é a cidade dos homens de Númenor. Darei a vida com prazer para defender sua beleza, sua memória e sua sabedoria. 

O cavaleiro continuou a avançar com seus homens, sem dar maior atenção à Gandalf. O mago não mais o seguiu.

- Seu pai ama você, Faramir - ele disse apenas - Ele se lembrará disso antes do fim.

Os homens deixaram Minas Tirith, e, uma vez fora da cidade, iniciaram um rápido avanço em direção à Osgiliath. Faramir não hesitou por um segundo sequer, enquanto dirigia seus homens em direção à batalha, e se preparou para morrer seguindo as ordens de seu pai.

Enquanto isso, Denethor sentava-se à uma grande mesa posta para ele. Seu olhar era vidrado e sem vida, completamente diferente do de Pippin, parado ao seu lado. O hobbit ainda se encontrava completamente horrorizado pela decisão tomada pelo regente, e agora olhava nervosamente em volta, sem nada poder fazer além de ficar parado esperando por qualquer ordem.

- Sabe cantar, senhor hobbit? - Denethor perguntou de repente, desviando o olhar rapidamente para Pippin.

- Bom... - Pippin respondeu - Sim. Pelo menos o bastante para meu povo. Mas não temos canções para grande palácios, e eras sombrias.

- E por que suas canções seriam inadequadas para meus palácios? - Denethor respondeu, com um gesto de desdém - Vamos, cante para mim.

Pippin ficou alguns segundos em silêncio. Não conseguia reunir forças para relembrar qualquer música alegre do condado naquele momento. Lhe parecia um desrespeito à sua terra, proferir aquelas palavras de paz dentro daquele lugar amaldiçoado. 

Desde que pisara em Gondor, o coração do hobbit vinha se enchendo de um crescente pesar. E, enquanto ele cantava, não era o grande palácio, ou o terrível regente que os pensamentos de Pippin viam. Ele apenas podiam ver centenas de cavalos, e cavaleiros com armaduras brilhantes, cavalgando por uma campina aberta. Do outro lado, entre as muralhas de uma cidade destruída, milhões de arcos e flechas prontas para destruí-los. 

- Deixei meu lar

Tenho o mundo à frente

Muitas rotas diferentes

Pelas sombras

Até o fim da noite

Nas estrelas nossa sorte

Névoa e sombras

Venham-te à mim 

Até o fim...

Tudo tem seu... fim

E assim, enquanto as lágrimas escorriam silenciosamente pelo rosto de Pippin, os cavaleiros de Gondor foram atacados por milhões de flechas, em uma batalha sangrenta e desnecessária, onde muitos deles encontraram seu fim.

...

O acampamento já estava cheio quando chegamos com o grupo de Théoden. Os homens abriam caminho para a passagem do rei, enquanto Théoden perguntava por números. Quantos homens já tinham vindo, e quantos viriam.

O Retorno do Anel #3Onde histórias criam vida. Descubra agora