Os Faróis de Gondor

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Com muito esforço, Pippin escalou os últimos metros da torre. 

Ele se escondeu atrás de um enorme feixe de troncos cortados de modo a formar uma pilha organizada. Ela queimaria facilmente se fosse incendiada, e seu brilho poderia ser visto a muitos quilômetros de distância. E era exatamente para aquilo que ela servia, um farol que poderia mandar uma mensagem de socorro em tempos difíceis.

Denethor tinha tomado sua decisão em não fazer nada a respeito da aproximação dos exércitos de Mordor. A guarnição de Osgiliath não poderia durar para sempre, não contra os milhares de orcs que se dirigiam para Gondor. Dessa forma, Gandalf tinha decidido cuidar ele mesmo da situação. 

Precisava que alguém se esgueirasse até o topo da torre de vigilância, e passasse despercebido por todos os guardas em seus postos. Alguém que acendesse o farol, de forma a garantir que não pudesse ser apagado rapidamente.

E Pippin era a pessoa perfeita para a tarefa. Como Bilbo havia provado muitos anos atrás, hobbits eram extremamente ágeis, e por serem pequenos, podiam passar despercebidos facilmente. Pippin nunca fora muito do tipo esportivo, mas já tinha roubado muitas plantações na vida. Ele sabia como não ser visto.

Pippin escalou o feixe rapidamente, e virou a bacia de óleo que pendia sobre ele. Então, agarrou o suporte de ferro pendurado em cima, que já estava aceso com uma chama, e o jogou sobre o feixe.

Ele sorriu enquanto as chamas começavam a se espalhar rapidamente, e correu para se afastar da enorme fogueira. Quando os guardas perceberam que o farol estava aceso, era tarde demais. Ele queimava de forma tão intensa, que todos os seus correspondentes puderam ver, e se acenderam também, levando a mensagem para longe.

Gandalf observou as montanhas ao longe, e viu a pequena luz se acendendo sobre os picos cobertos de neve.

- O farol de Amon Din - ele murmurou, satisfeito, antes de ouvir os guardas à sua volta passando a notícia adiante. Logo todos os outros cinco faróis de Gondor estariam acesos, e Denethor não tardaria a saber sobre o que havia acontecido.

Mas era tarde demais para que ele fizesse qualquer coisa.

...

As portas do palácio de Meduseld se abriram repentinamente, e Aragorn entrou correndo.

- Os faróis de Minas Tirith! - ele gritou, chamando a atenção do rei, que planejava com seus conselheiros em um canto - Os faróis estão acesos! Gondor pede ajuda!

O rei hesitou claramente. Prendi a respiração, esperando por sua resposta. O silêncio na sala era palpável. Podia praticamente sentir o olhar de Legolas fixo no rei. Éowin e Éomer estavam do outro lado da sala, a garota parecendo preocupada.

- E Rohan responderá! - Théoden anunciou por fim. - Reúna os Rohirrim!

Éomer abaixou a cabeça em respeito, antes de correr porta afora. Eu soltei um suspiro de alívio, e troquei um sorriso com Legolas. Nosso caminho agora se dirigia para um perigo ainda maior do que havíamos enfrentado, mas sem a ajuda de Rohan, Gondor seria destruída, e assim as forças de Sauron cairiam sobre toda a Terra Média.

Era chegada a hora de nos unirmos.

Os sinos de Edoras tocavam. Théoden ordenou que o exército fosse reunido no máximo em dois dias, e então partiríamos para a guerra. Os homens selavam seus cavalos, e, em meio à eles, Aragorn fazia o mesmo.

- Irá conosco? - ouvi ele perguntar.

Me virei para perceber que Éowyn se aproximava, puxando um cavalo. 

- Só até o acampamento - ela respondeu tranquilamente - A tradição manda as mulheres da Corte darem adeus aos homens. 

Aragorn não respondeu. Em vez disso, levantou a ponta de um cobertor que pendia da sela do cavalo de Éowyn, revelando o que ela havia escondido embaixo.

O Retorno do Anel #3Onde histórias criam vida. Descubra agora