Tindómiel

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Aragorn organizava seus pertences, determinado a partir naquela mesma noite, e tomar a estrada de Dinhold junto de Aerin sem maiores explicações. Ele esperava por sua chegada pacientemente, quando viu uma figura correndo até ele.

- Por que está fazendo isso? - perguntou Éowyn, aflita - A guerra está no oriente, não pode ir embora na véspera da batalha. Não pode abandonar os homens.

Aragorn se virou para encará-la. E novamente viu aquele brilho em seu olhar, a força e a determinação sempre acesas, e a vontade de lutar pelo que é certo. E ele sentiu tristeza pela garota.

- Éowyn... - ele começou, sem saber ao certo o que dizer.

- Precisamos de você aqui.

- Por que você veio? - ele perguntou por fim. 

Ela esperou alguns segundos para responder.

- Você não sabe? - disse por fim. E Aragorn percebeu que o momento tinha chegado, em que teria que decepcioná-la, partir seu coração mesmo que só desejasse protegê-la.

- Você não é nada além de uma sombra, e de um pensamento - disse - Eu não posso dar o que você busca. 

Éowyn não respondeu. Apenas se afastou alguns passos, o brilho insistindo eu seus olhos apesar de toda a tristeza em seu coração.

- Mas eu sempre quis sua alegria, desde a primeira vez em que a vi. - ele completou.

E então ele se virou, deixando Éowyn para trás, sabendo em seu coração que a tinha ferido profundamente, mas que ela teria a força suficiente para seguir em frente. Mas ele tinha feito o que precisava. Tinha deixado que ela partisse.

...

- É claro que eu vou - Legolas disse, sua voz não deixando aberturas para discussão. Da forma como eu sabia que seria.

- Legolas, pense antes de tomar tal decisão - eu insisti, mesmo sabendo que era inútil - O caminho que Aragorn seguirá agora não possui volta. Ele, e apenas ele poderá guiar nossa saída.

Ele sorriu levemente, algo que não costumava fazer quando uma discussão era iminente.

- Aerin, não percebe? Nós já tomamos essa decisão - ele disse - Já escolhemos segui-lo várias vezes, colocamos nossas vidas em risco por ele, lutamos juntos pelo fogo e pela sombra. Sei que esse é o certo a se fazer. E não posso fazê-la voltar atrás, da mesma forma que seu pai não pôde, por razões que você esconde de mim. 

- Legolas... - eu disse, minha voz soando como uma súplica. Não podia voltar à esse assunto de novo, ou corria o risco de revelar tudo à ele.

Ele tomou minhas mãos nas suas delicadamente. Seu rosto não exibia raiva.

- Não quero brigar com você por causa disso. Já lhe disse que confio em você, mesmo que me entristeça saber que existe algo que não possa me contar. Mas sei que o fará quando for o momento certo. Até lá, vou segui-la por onde for. Nada me assusta além da ideia de perdê-la. Morreria feliz sabendo que pude mantê-la segura. 

Eu subi meus olhos de nossas mãos unidas para o seu rosto. Ele nunca havia tocado naquele assunto antes, mas agora abria seu coração para mim, e eu podia ver o quanto lhe doía achar que eu não confiava o suficiente nele. Mal imaginava ele o verdadeiro motivo pelo qual eu o fazia, e a tamanha força que me custava fazê-lo. Eu odiava mantê-lo no escuro.

- Eu confio em você, e o amo mais do que qualquer pessoa neste mundo. Sabe disto. E enquanto sentir o mesmo por mim, sempre irei querer sua companhia. Apenas tenho medo. - eu disse, e fiz uma pausa. - Venha comigo então, até o fim do mundo se for necessário. Não há ninguém neste mundo que eu preferiria ter ao meu lado.

O Retorno do Anel #3Onde histórias criam vida. Descubra agora