As Sendas dos Mortos

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Partimos pouco tempo depois, tomando a estrada de Dinhold. Aragorn, Legolas e eu íamos montados em nossos cavalos, Legolas carregando Gimli em sua garupa. Aragorn tinha preferido sair sem maiores explicações, portanto os homens se amontoavam atrás de nós, observando nossa partida e cochichando. Esperava apenas que Théoden pudesse acalmar seus corações antes da batalha que se aproximava. Estavam em menor número e sem esperança.

O lugar parecia cinzento, e sem vida. Não havia o som do vento, ou o ruído de animais ou pássaros. Era como se o próprio caminho estivesse morto, e influenciasse todos a também manter o silêncio. Qualquer que fosse a força existente naquele local, era perturbadora.

No início, nossa viagem foi silenciosa. Todos tínhamos muito em que pensar, entretanto, apesar de todos os problemas maiores em nosso caminho, minha mente se voltava para Éowyn. Eu desejava que ela finalmente encontrasse seu propósito, fosse ele qual fosse. Não comentei nada sobre nossa última conversa com Aragorn, ou qualquer um dos outros. Era pessoal, e esperava que pudesse ter sido capaz de conceder uma luz para ela em meio à sua tristeza. Tinha certeza de que ela era forte o suficiente para enfrentar o que quer que se colocasse em seu caminho. E agora, sabia que a opinião de nenhum homem seria o suficiente para fazê-la recuar.

Finalmente, Gimli resolveu quebrar o silêncio.

- Que tipo de exército ficaria em um lugar destes? - ele perguntou, sua voz sombria.

Legolas manteve sua expressão séria, e o olhar no caminho à nossa frente.

- O tipo amaldiçoado. - respondeu simplesmente.

- Há muito tempo, os homens das montanhas fizeram um juramento ao último rei de Gondor. De virem em sua ajuda, e lutar - eu expliquei, mantendo meus olhos na estrada - Mas quando chegou o momento, quando Gondor mais precisava, eles fugiram. Desapareceram na escuridão da montanha. E então Isildur os amaldiçoou, a nunca descansarem até que cumprissem sua promessa.

Nesse momento, Legolas começou a recitar:

- Quem deverá despertá-los do sono cinzento? O povo esquecido. O herdeiro daquele à quem fizeram o juramento. Do norte ele virá. A necessidade o trará. Ele passará pela porta das Sendas dos Mortos.

Assim, subimos o último percurso até o topo da montanha. Tudo parecia ainda mais sem cor e silencioso, se é que aquilo era realmente possível. Árvores enegrecidas e sem folhas rodeavam o lugar, a única coisa visível além das rochas da montanha. E, no fim do caminho, a entrada de um túnel escuro se abria. Sobre ele, haviam runas entalhadas na pedra, e crânios circundavam a abertura.

- Até o calor do meu sangue parece ter sido roubado. - Gimli comentou em voz baixa.

Legolas examinou as runas, antes de ler em voz alta.

- O caminho está fechado. Foi feito por aqueles que estão mortos, e os mortos o guardam. O caminho está fechado.

Uma aura sombria parecia vir daquela fenda na rocha. De repente, os cavalos relincharam, alucinados, e correram em disparada para longe antes que pudéssemos detê-los. Olhei para Aragorn. Ele se virou para o túnel novamente, uma expressão determinada em seu rosto, antes de anunciar:

- Eu não temo a morte.

Com essas palavras, ele entrou pela abertura, desaparecendo na escuridão em alguns segundos.

Não esperei por qualquer reação por parte dos outros. Depois de um rápido olhar na direção de Legolas, segui atrás de Aragorn, adentrando na escuridão.

...

A caverna era escura, e fria. Aragorn encontrou uma tocha, e a estendeu à sua frente, mas mesmo sua luz não era o suficiente para que pudéssemos enxergar longe. Algo naquele lugar me causava calafrios.

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⏰ Última atualização: Sep 01 ⏰

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