O Palantír

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Ainda era noite. Eu observava a cidade, e os campos além dos muros de Edoras. O ar frio me atingia de forma a desanuviar minha mente, mas eu não sentia frio, com o capuz de minha capa puxado sobre o rosto.

Senti a presença atrás de mim antes que eu pudesse ouvir os passos abafados. De alguma forma, eu sabia exatamente quem era antes mesmo de ouvir sua voz.

- Aragorn. - eu cumprimentei suavemente, sem olhar para trás.

Ele veio até o meu lado. Sua voz, assim como a minha, se manteve baixa, como se para não quebrar o silêncio confortável da noite.

- Onde está Legolas? - ele perguntou, mas eu sabia que era apenas uma pergunta informal. Ele queria conversar sobre algo mais.

- Dormindo - eu disse - É melhor que ele descanse agora. Vai acordar com uma terrível dor de cabeça amanhã. - eu completei, com um sorriso, antes de pausar por alguns segundos - não consegui cair no sono, pensei em tomar um pouco de ar.

Aragorn parou ao meu lado, e olhou para o céu. O silêncio entre nós era confortável, da forma como sempre havia sido nossa relação. Podíamos nos entender, sem trocar uma única palavra.

- Você tem pensado muito - eu disse finalmente, me virando para olhar para Aragorn - Vi você conversando com Gandalf hoje.

- Estávamos falando sobre Frodo - ele disse.

- E o que ele disse?

- Ele disse que acredita que Frodo ainda está vivo. Se aproximando de Mordor cada vez mais.

- E o que você acredita? - eu perguntei.

Aragorn não respondeu imediatamente. Não precisei de mais do que isso. Seu silêncio não significava que ele havia perdido as esperanças em Frodo, e sim que ele não queria ter tal esperança, apenas para que ela fosse destruída.

Voltei a encarar o céu, quando Aragorn finalmente quebrou o silêncio.

- Está preocupada - ele disse. Não foi uma pergunta.

Senti que o olhar de Aragorn seguia na mesma direção que o meu.

- Estrelas cobertas - eu disse - Algo se agita no leste. Uma maldade que não dorme. O olho do inimigo está se movendo. - eu me virei para Aragorn - Posso senti-lo.

Subitamente, senti um alarme soar em minha mente. Um sobressalto, uma sensação de perigo que eu sentia há muito tempo, subitamente parecia próximo demais.

- Ele está aqui. - eu disse de repente, me virando para Aragorn, preocupada. 

Ele não respondeu. Apenas correu para dentro, e eu o segui.

...

Aragorn empurrou a porta do salão onde os homens estavam dormindo.

A primeira coisa que vi ao entrar foi Pippin convulsionando no chão e gritando, algo brilhando em suas mãos.

- Pippin! - Aragorn gritou, antes de correr até o hobbit, e arrancar o objeto brilhante de suas mãos.

Imediatamente ele caiu de joelhos com um gemido de dor. Eu não pensei duas vezes antes de segurá-lo, quando Aragorn finalmente conseguiu soltar o objeto.

A palantír rolou pelo chão, até que Gandalf passou por nós correndo, e jogou um cobertor por cima dela.

- Tûk imbecil! - ele gritou, enquanto todos nós nos virávamos para Pippin imediatamente. 

O hobbit estava deitado no chão, assustadoramente imóvel. Nós corremos até ele, e Gandalf empurrou um Merry aflito de cima dele, se ajoelhando ao lado de Pippin.

O Retorno do Anel #3Onde histórias criam vida. Descubra agora