A Espada de Elendil

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Eu segui o guarda até a cabana de Théoden, completamente confusa. Eu não conseguia imaginar nenhum assunto que o rei teria para tratar comigo especificamente. Quando chegamos na cabana, percebi que Aragorn também se aproximava.

- Théoden a chamou também? - ele perguntou simplesmente. Eu assenti.

Entramos na cabana, onde um brilho laranja agradável iluminava o ambiente. O rei Théoden estava parado na frente de uma pequena mesa. E, sentado em uma cadeira do outro lado, estava um homem coberto por uma capa escura.

No momento em que percebeu nossa chegada, Théoden olhou do homem para nós, e disse simplesmente:

- Agora, eu me retiro.

Com isso, ele passou por nós, e saiu da cabana com passos firmes, sem nenhuma explicação.

O homem se levantou, enquanto se virava para nós, e finalmente abaixou a capa. Naquele momento, meu coração acelerou repentinamente.

- Pai - eu cumprimentei, enquanto Aragorn baixava a cabeça respeitosamente ao meu lado.

- Meu senhor, Elrond.

Eu mal podia me controlar naquele momento. Queria abraçar meu pai, conversar com ele sobre todos os meus medos e preocupações da forma que fazíamos quando eu era pequena. Queria aquele momento precioso, que talvez eu não pudesse ter nunca mais. Mas eu sabia, que se Aragorn tinha sido chamado, aquilo era muito mais do que um encontro familiar. Elrond tinha assuntos importantes para tratar.

- Minha filha - ele cumprimentou com um aceno de cabeça. Pude ver em seus olhos que ele tinha muito o que falar. Mas esperei pacientemente enquanto ele se virava para Aragorn - Eu venho em nome daquela a quem amo. - ele fez uma pausa, antes de completar - Arwen está morrendo. Ela não sobreviverá ao mal que agora vem de Mordor. A luz da Estrela Vespertina se apaga. Conforme o poder de Sauron aumenta, sua força se esvai. A vida de Arwen está agora ligada à sorte do anel. A sombra está sobre nós, Aragorn. O fim chegou.

- Não será nosso fim, mas sim o dele - Aragorn respondeu, resoluto.

Eu podia ver a dor no olhar de meu pai.

- Dirige-se à guerra, mas não à vitória - ele disse - Os exércitos de Sauron marcham sobre as Minas Tirith, sabe disso, mas em segredo ele envia outra força que irá atacar pelo rio. Uma frota de navios corsários vêm do sul. Chegarão à cidade em dois dias. Vocês são poucos, precisam de mais homens.

- Não há mais - Aragorn respondeu.

Percebi o cuidado com que meu pai escolheu suas próximas palavras.

- Há aqueles que moram na montanha. 

Meu coração voltou a acelerar com aquelas palavras. Eu mal podia acreditar no que meu pai estava sugerindo.

- Assassinos - eu disse, minha voz se erguendo ligeiramente no silêncio que havia ficado - Traidores. Sugere que Aragorn os chame? Não acreditam em nada, e nem respondem a ninguém.

- Eles irão responder ao rei de Gondor - meu pai disse, e nesse momento, ergueu algo que escondia sob sua capa. 

Uma espada. 

- Andúril - ele disse, confirmando meus pensamentos - a chama do Ocidente, forjada dos fragmentos de Narsil.

Ele ofereceu a espada à Aragorn, que depois de hesitar por alguns segundos, a ergueu lentamente. 

- Sauron não terá esquecido da espada de Elendil - ele disse, e então a puxou da bainha com um movimento ágil.

Naquele momento, eu pensei que nunca o tinha visto daquele jeito. Ainda estava vestido em roupas simples e com o cabelo bagunçado depois de ser acordado no meio da noite, mas mesmo assim algo parecia diferente. Como um rei se erguendo, ele transmitia uma aura de força ainda maior do que a que eu vira em Théoden. Um poder maior do que eu jamais vira nele antes.

O Retorno do Anel #3Onde histórias criam vida. Descubra agora