𝐁𝐚𝐝 𝐁𝐥𝐨𝐨𝐝 - Sam Winchester

23. ciúmes e sombras

── QUAL É O SEU PROBLEMA? ── Sarah esbravejou assim que a porta do quarto foi aberta e a silhueta de Sammy apareceu. Ela estava sentada em uma poltrona no canto do quarto, os braços cruzados no peito e batendo os pés em um ritmo frenético no chão. Sarah Foster estava visivelmente irritada. Muito irritada.

Sam deu um passo para trás, se assustando com a presença da garota. Não era para ela estar ali, mas Sarah sempre estava onde não era para estar. Ele deslizou a mão pela parede branca e apertou o interruptor, ligando a luz e iluminando todo o quarto. Sallie não parecia tão assustadora agora que era vista com clareza.

── Cadê o Dean? Preciso falar algo para vocês… ── Sammy fechou a porta atrás de si.

Ele estava fazendo aquela coisa que ela odeia: evitar as suas perguntas.

Sarah tinha plena noção do quão louca ela conseguia parecer às vezes, e sabia que Sam notava que ela só agia daquela forma com ele, que com o seu irmão o comportamento dela era totalmente diferente. Ela estava parecendo mais louca do que de costume naquele momento. O jeito como o seu pescoço parecia vermelho e o som de suas botas batendo na madeira do chão eram uma combinação perfeita para assustar um homem adúltero. Mas Sam não era esse homem, afinal, não tinha como ele ser, por isso não estava assustado.

A ira de Sarah Foster ainda não era o suficiente para assustá-lo.

── Qual é o seu problema? ── repetiu ela, dessa vez dando ênfase em cada palavra.

Sammy se aproximou da poltrona, e Sarah se levantou. Os dois ficaram cara a cara, ou, ao menos, tentaram. Sallie ainda precisava inclinar a cabeça para trás para conseguir olhá-lo com clareza.

── Qual é o meu problema? Do que você tá falando? ── protestou, buscando algum indício que lhe contasse o que estava acontecendo ali.

Sarah cerrou os olhos, e fez uma espécie de ts debochado com a boca. Sam franziu o nariz quando sentiu o cheiro do álcool em seu corpo.

Bem, ali estava o indício que ele procurava: ela estava bêbada.

── Você seguiu aquela garota estranha sem mais nem menos. Não acha que foi arriscado? E se você tivesse se machucado? ── argumentou, preocupada. ── Às vezes você age como se não tivesse nenhum neurônio, Sam.

Ela estava bêbada, mas não bêbada o suficiente para ficar sem papas na língua. Suas palavras eram claras como água cristalina, e ela tinha noção de tudo que estava sendo dito, mesmo que sua visão estivesse um pouco turva. Sarah não iria falar mais do que o necessário.

O Winchester deixou uma risada sugestiva sair da sua boca e inclinou o pescoço para o lado, analisando a garota à sua frente com paciência. A maquiagem borrada embaixo dos olhos, os machucados nos lábios, os cachos do cabelo desfeitos, os braços expostos e a mini saia mais curta do que estava antes.

Tudo nela indicava que ela havia ficado inquieta desde a saída de Sammy: ela havia coçado os olhos, mordido os lábios, tirado a jaqueta e balançado demais as pernas.

── Eu vacilei, né? ── reconheceu. ── Vou tentar não fazer mais isso, tá bom? Agora, será que você pode, por favor, se acalmar e me dizer onde está o meu irmão? Precisamos conversar.

Desistindo de bancar a louca ciumenta — mesmo que ela não estivesse fingindo ser, e realmente fosse —, Sarah bateu as mãos ao lado do corpo e olhou na direção da porta.

── Eu não sei onde ele está.

Respondeu, sem entrar em mais detalhes. Soar rasa parecia fazer parte do seu combo bêbada preocupada.