When we first meet: Quando nos encontramos pela primeira vez

Irreparavelmente apaixonado

— Acho que estraguei tudo, só isso.

Yibo franziu a testa e passou um pedaço de carne sobre o molho picante, sem prestar atenção. O almoço na cafeteria sempre era enjoativo, mas dessa vez seu estômago roncava tanto que ele nem tinha vontade de escolher.

— Hum? Do que você está falando?

Hai-Kuan soltou um suspiro e deixou cair os talheres sobre a mesa, seu rosto mostrando que ele pelo menos não havia dormido nas últimas vinte e quatro horas. Suas mandíbulas e dedos estavam cerrados, como se ele fosse confessar que havia matado alguém com vinte tiros e merecia o pior dos castigos.

Ele abriu os lábios duas dúzias de vezes e finalmente se apressou em falar.

— Estou apaixonado, me apaixonei, não consigo controlar. Já tentei de várias maneiras, mas ele é diferente, me faz sentir diferente... Acredite, tentei e tentei, repetidas vezes, esquecê-lo, fugir dele, deixá-lo, decepcioná-lo, mas nada funciona . É tão lindo e me faz sentir tão bem que não consigo fazer nada por mais que eu queira... — ele respirou fundo e seus olhos castanhos escuros se dignaram a encará-lo – Estou apaixonado por Zhuo Cheng e posso não fazer nada, Yibo.

Apaixonado?

Yibo ficou estático por um momento, segurando o garfo nas mãos, enquanto via a cara de tortura e sofrimento que o outro fazia, ele estava louco ou drogado? Ele deveria se levantar e insultá-lo até que ele reagisse, mas ele apenas colocou a carne na boca e começou a mastigar com uma calma irritante.

— Você sofreu lavagem cerebral ou o quê? Onde você tirou uma coisa dessas?

— Não sei, parece, eu acho. Por exemplo, quando o vejo, meu coração dispara e começa a bater loucamente... e mesmo que eu esteja tendo um dia ruim, só de vê-lo me faz esquecer tudo.

Só de olhar me faz esquecer tudo.

Ele não sabia o porquê, mas a imagem de Zhan apareceu em sua mente e ele quase engasgou ao lembrar como ele conseguiu acalmá-lo apenas sorrindo para ele e desatando todos os nós grossos que se formavam em seu cérebro. Uma corrente fria percorreu seu corpo com todos esses pensamentos e seu apetite o abandonou. O que diabos foi isso de novo?

— Penso nele quase o dia todo. Imagino como ele ficará ou se pensará em mim também... Quero estar ao lado dele e não me sinto completo até tê-lo comigo. É como se quisesse protegê-lo de todos, pode parecer loucura, mas é a verdade.

— É que a nossa Kuannie está sentindo as borboletas no estômago!

A voz travessa de Yubin soou antes que ele aparecesse e apoiasse os cotovelos na mesa. Hai-Kuan bufou e cutucou-o, incapaz de evitar um sorriso.

— Cale-se idiota. Só sei que ele me pegou e posso até dizer que o amo...

— Vá para o inferno, isso não é verdade – Yibo jogou o prato para o outro lado, levantando-se — Isso não existe, só existe sexo, vontade de transar com ele, nada mais.

— Não, isso é diferente do desejo...

— Sim, para a sua rola. Sua porcaria vai me fazer vomitar.

Yubin riu e deixou cair alguns livros na cadeira, passando a mão pelos cabelos suados e bebendo um pouco de água gelada, enquanto piscava para um dos funcionários.

— A propósito, você tem tempo amanhã à noite para ver meu jogo? É o campeonato do mês e meu time vai destruir o time adversário como sempre. Aí podemos comemorar e nos perder a noite toda, você vai ou não?

— Eu estarei lá, não duvide – respondeu Hai-Kuan, mais animado.

Yibo pendurou a mochila e a jaqueta azul no ombro.