aquele cara

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- tudo bem com aquele cara...? Como ele está?

Enquanto o peixe estava sendo grelhado, Itto se divertia com os ingredientes ali. Tinha farinha para todos os lados, o mesmo havia aberto o pacote com muita força. Diluc parecia preocupado com alguém, perguntando sobre aquele cara. A azulada olhou para Itto e. Respondeu por fim.

- acredito que esteja bem... levou bronca da Sara, mas não parece ter afetado ele. Vamos ter que limpar toda a farinha depois.

- não esse cara, AQUELE cara.

- Kaeya...? Por que se refere ao nosso irmão como "aquele cara"?

- ele é seu irmão, não meu. Quer saber? Na verdade isso não importa...

- Kaeya vai acordar em breve, está em boas condições. Ele desmaiou por conta do impacto... mas nada de grave aconteceu.

- menos mal. Aquele cara só sabe causar problemas, faz a cidade inteira ficar comovida, isso é tão infantil.

- mas você ficou preocupado. Vamos... mesmo não sendo de sangue, ainda sou sua irmã, pode admitir. Uma parte de você ainda se emociona ao lembrar de quando eram crianças e se divertiam juntos, como uma verdadeira família.

- ele sabe se cuidar, só peguntei para saber se estava certo em pensar que ele era um bebê chorão desmaiando por qualquer besteira. É um idiota.

- por que ainda sente tanto remorso...? Errar é humano, não acha?

- errar mais de uma vez é burrice.

- tudo bem, vamos lá.... eu menti, escondi de você que eu ia todos os dias visitar os hilichurls e aprender aquela cultura, escondi o amigo que fiz, você não sabe que as garrafas de vinho que me deu eu dividi com meu irmão, não sabe que me apaixonei, me iludi, e que agora a pessoa está por aqui...

- como assim a pessoa está aqui??

- Isso não importa! Eu escondi de você, e acima de tudo... escondi minha linhagem de Khaenri'ah, onde eu era espiã desde muito cedo e passava todas as informações recolhidas para o meu povo.

- mas você se redimiu e mudou... eu pude ver.

- então por que intriga tanto com Kaeya? Ele pediu desculpas, foi você quem não aceitou ver o lado dele e o ver mudando. Por que eu e não ele? O que há de tão errado...?

- prefiro não comentar sobre isso.

- tudo bem, mas sabe de uma coisa...? É só um conselho, não precisa seguir. Passe por cima do seu orgulho e reflita um pouco... se está preocupado, faça uma visita a ele. Garanto que vai gostar.

- peixe. - Diluc ficou por um tempo em silêncio, não sabendo mudar o assunto, até que olhou para a panela no fogo e abriu a boca.

-O PEIXE!!!!!

Itto parou o que estava fazendo, se juntando a Katherine para desligarem o fogo o mais rápido possível, ela havia esquecido do ponto do peixe. Precisava ter desligado antes.

Alguns pedaços ficaram pretos... mas não se importaram, comeram mesmo assim, para não desperdiçarem a comida.

-Eu sinto muito Itto... prometo fazer um melhor para ti em breve.

- Nah, não precisa. Uma boa comida queimada as vezes cai bem, não acha?-vendo que a azulada não riu, o mesmo fitou o chão.

Logo se despediram e cada um foi para seu lado. Diluc foi para a adega do alvorecer, já estava prestes a ficar de noite, e levou consigo uns espetos de peixe queimado para comer pelo caminho. Não estava bom, mas pelo menos sustentava.

Katherine levou Itto de volta para o quartel dos cavaleiros de favonius, onde ele dormiria em um dos quartos de hóspedes vazios. Passou para ver como seu irmão estava, ainda desacordado, e decidiu ir para o quarto, que não ficava muito longe do irmão.

Exausta, fechou a porta do quarto, trancando, e se despiu. Uma sensação de alivio percorreu seu corpo, seus pés descalços tocando o chão de seu quarto novamente a fazia se sentir bem. Novamente em casa, sua cidade. Com as pessoas que ama.

Colocou suas roupas rasgadas e sujas no cesto de lavar roupa, para poder ir ao rio em breve e lavá-las. Se direcionou ao banheiro e entrou debaixo do chuveiro, sentindo a água morna dançar sobre seus cabelos e massagea-los. Era tão bom poder tomar banho em casa novamente.

Enquanto a água escorria sobre sua ferida, a mesma já não se contorcia mais de dor, podendo assim se movimentar livremente e sem se preocupar. Sentou-se ao chão, pensativa, e vários flashbacks começaram a surgir em sua memória. Xiao pulando de Wangshu... o beijo... Lumine... a cena perurbadora do irmão sangrando... a silhueta na cidade...

Ele estava próximo. Mais próximo do que ela imaginava. Mas se ele a seguiu... por que não a procura diretamente? Estaria tão envergonhado ao ponto de querer se esconder? Por que escondeu esse tempo todo que gostava de Lumine? Por que deixou Katherine criando expectativas? Por que não a empurrou enquanto ela o beijava...?

Como uma luz no fim do tunel, a azulada pôde ouvir as palavras de Crepus novamente, em sua cabeça...

*flashback

Katherine já não saia mais do quarto. Kaeya ter entrado aquele dia e a visto chorar foi um milagre, ela não abria a porta para ninguém mais, não saia, não comia. Havia algo de errado com aquela menina...

Deconfiando de uma possível depressão, Crepus se preocupava cada dia mais, mas não conseguia bater na porta da mesma. Não sabia qual era a condição de Katherine, não saberia questiona-la gentilmente e conforta-la. Mas depois de 1 semana, passou dos limites. Não poderia mais esperar, ela iria morrer lentamente se continuasse assim, algo precisava ser feito.

Crepus subiu ao quarto da garota, que estava totalmente escuro e silencioso. Deu algumas batidinhas na porta, e esperou que ela abrisse.

- Kath..? É o papai, posso entrar?

Um som de *click* pôde ser ouvido, a mesma havia destrancado a porta do quarto e a abriu, revelando uma pequenina silhueta coberta por um grande casaco que Kaeya havia lhe dado, os cabelos bagunçados e descuidados, o rosto melecado de lágrimas e os pés no chão. O ruivo entrou no quarto, acendendo a luz e se inclinando para ser mais fácil conversar com a pequena garotinha.

- que tal... você contar ao papai o que está acontecendo?

Seus olhinhos se encheram de lágrimas rapidamente e a mesma caiu de joelhos. Se ajoelhando junto a ela, Crepus pegou suas minúsculas mãozinhas e passou uma de suas mãos pelos fios azulados de Katherine, em uma tentativa de consola-la.

- O mundo, pequena Kath... é traiçoeiro como uma cobra. Pode parecer bonita... mas nunca se sabe se é perigosa ou nociva até que ela te ataque. E ela te pega desprevenido...

- mas... por que dói tanto? Por que me deixa tão mal? Por que me atacaram e mataram meu amigo?

- sei que talvez não aceite muito bem o que eu diga... mas os hilichurls nem sempre são almas que buscam por alguma salvação. Alguns matam por puro prazer... e você teve a infelicidade de ter seu primeiro encontro com esse tipo. Sei que acredita que as almas de Khaenri'ah foram amaldiçoadas em monstros, mas... não pode confiar fielmente neles.pessoas de bom coração são como animais em extinção... quase impossíveis de achar, e quando encontradas, são mortas pela brutalidade do mundo. É muito bonito ver que seu coração é puro e inocente... preserve isso. Guarde como se fosse uma joia preciosa. Sempre questione. Duvide.

Limpando as lágrimas, Katherine abraçou Crepus, encontrando ali seu porto seguro.

- Quer saber...? Eu tenho uma dica pra você, não deixe seu coração confiar fielmente em alguém, não o entregue de bandeija para que o estraguem. Nunca. Eu não vejo problema em você espionando e convivendo com os hilichurls... mas procure sempre observar. Cada detalhe. Assim saberá quem são os verdadeiros de bom coração inofensivos. Não gosto de te ver assim Kath...

- Por que ele tinha que me chamar de Kath também...? - Katherine, voltando à realidade se sentia constrangida ao lembrar de Xiao a chamando. Kath era um apelido carinhoso que Crepus havia lhe dado, mas pronunciado por Xiao... a fazia enrusbecer.

The knight of FavoniusOnde histórias criam vida. Descubra agora