Breeze olhava a mulher à sua frente pensando em como alguns machos espécies conseguiam fazer tanta confusão com uma humana. Até mesmo Justice, o mais inteligentes entre os espécies, conseguira se transformar em um macho ardiloso e ciumento quando se apaixonara por Jessie. Preferia muito mais Valiant que não perdera a oportunidade de ter uma companheira e agora já ia para seu terceiro filho.
Cecília segurava um copo de suco de beterraba como se fosse um refrigerante delicioso e acabara de confirmar suas suspeitas. Sim, ela estava grávida.
Breeze observara pequenas mudanças no corpo de sua secretária-executiva, porém por mais curiosa que estivesse, preferiu esperar uma atitude de Cecília.
E ali estava ela comunicando que estava grávida.
— Você está de quanto tempo?
— Sete semanas.
— A barriguinha já está aparecendo.
— É verdade. Hoje eu verifiquei que já dava para perceber.
— Por isso está me contando?
— E também porque preciso tomar algumas medidas práticas. Estou me consultando com um obstetra que não sabe... da minha situação.
Breeze respirou fundo e segurou a mão de Cecília.
— Apenas para deixar claro, seu bebê é Nova Espécie?
— Sim.
— Por favor, não fique chateada comigo, sei como vocês humanas são sensíveis, mas preciso fazer uma pergunta.
— Claro, pode fazer.
— No primeiro dia que assumi a Secretaria, Blade me pediu para voltar para cá. E implorou para fazer sua escolta. - Cecília lambeu os lábios e Breeze sentiu sua mão enrijecer. — Esse macho está apaixonado por você, mas sei que não estão compartilhando sexo.
— Blade é apenas um grande amigo.
— Da sua parte.
Mesmo sem jeito, Cecília respondeu.
— Ele sabe que o considero assim.
— Unhum. E o pai é Jaded, claro.
Cecília estremeceu .
— Sim.
— Já contou a ele?
— Ainda não.
— Não pretende contar?
— Sim, pretendo.
— Puxa vida, ele vai ter uma surpresa e tanto! - Breeze viu o rosto de Cecília empalidecer. — Ah, não, por favor, me perdoe. Eu só quis dizer que...
— Tudo bem, Breeze. Sei que Jaded nunca quis uma companheira e imagino que nem um filho.
— Oh, não! Todo espécie sabe a maravilha que é ser pai! Ele vai ficar maravilhado!
Cecília franziu os lábios e Breeze apertou sua mão.
— É sério. Ele vai ficar louco.
Cecília bebeu um pouco do suco. Breeze soltou sua mão e olhou para o ventre escondido por uma blusa larga. Jaded ficaria louco mesmo! Depois de Tiger, ele era o macho que mais evitava mulheres humanas. Mas Tiger fora conquistado por uma, então...
— Breeze, sei o quanto as Novas Espécies valorizam suas crianças e eu respeito muito isso. - suspirou. — Gostaria que meu filho tivesse a proteção da ONE.
— Mas é claro! - ela parou para pensar. — Você precisará se consultar com o médico de Melinda. E deve se mudar para a mansão ONE.
— É minha intenção.
— Será tudo perfeito. -sorriu. — Quando Jaded chegar vocês poderão abrir uma parede entre os quartos e fazer o quarto do bebê. Imagina! Dois bebezinhos europeus!
— Não quero que Jaded venha.
— O quê?
— Não somos um casal.
— Mas... mas agora serão pais.
— Pretendo ter o meu filho sob os cuidados da ONE, mas o terei sozinha.
— Claro que não. Jaded a fará sua companheira e...
— Não, Breeze. Jaded é o pai, mas não estaremos juntos.
Breeze ficou de boca aberta. O que Jaded fizera afinal?
— Você não o ama?
Cecília piscou os olhos rapidamente.
— Isso não vem ao caso.
— Cecília, nunca uma mulher teve uma criança Nova Espécie sozinha.
— As mulheres humanas estão acostumadas a serem mães solo.
— Solo. Sem o pai?
— Breeze, isso é muito comum entre os humanos.
Ela encarou Cecília; aquilo não estava certo.
— Jaded a maltratou? Por acaso ele a forçou? Nossos homens não são assim. - fez uma careta. — Na verdade, Vengeance tentou, mas agora é um companheiro muito bom e ótimo pai de família.
— Jaded não fez nada de errado. Tivemos um caso passageiro.
De sobrancelhas franzidas, Breeze se ergueu. Caminhou até a parede de vidro do seu escritório e admirou o rio Reno do outro lado da rua.
— Eu vou te contar uma coisa, Cecília. Gostaria que pensasse sobre isso.
— Sim?
— Jaded tem ligado nas últimas semanas para saber de você.- Cecília entreabriu os lábios, surpresa. — Eu digo que você está bem e ele não pergunta mais, porém ele sempre liga.
— Ahn... Sei.
— Não acho que é coisa de quem só teve um caso.
Cecília tomou o restante do suco de beterraba. Secou os lábios e olhou para Breeze.
— Marcarei a consulta com o doutor Prost.
— Está bem.
— Já conversei com meus pais e disse que me mudaria para a mansão.
— Eles ficaram felizes pelo bebê?
Cecilia inspirou antes de responder.
— Ficaram. Mas estão preocupados.
— Com a segurança do bebê?
— Não. Eles não sabem que o noivado era uma farsa. Acreditam que eu deveria voltar para Jaded. - Breeze ficou em silêncio e Cecília se levantou. Pegou as embalagens do almoço das duas e as enfiou numa sacola. — Estarei no salão, se precisar de algo.
— Quando contará ao Jaded?
Os lábios de Cecília fizeram uma curva para baixo.
— Ainda não sei.
— Está bem. Obrigada por me contar.
Cecília deu um pequeno sorriso e saiu. Breeze tornou a olhar pela janela. O mundo era tão vasto, tão complexo... Era demais para alguém precisar lutar sozinho.
Respirou fundo e pegou o seu telefone celular. Olhou para o relógio. Era muito cedo ainda em Homeland, mas não para um espécie. Teclou no nome do contato. O telefone tocou duas vezes e foi atendido.
— Alô, Breeze.
— Olá, Jaded. Está ocupado?
— Estou arrumando minhas malas.
— Vi a reportagem sobre os Cães do Céu. Adoro aqueles motoqueiros!
— Foi uma viagem longa, mas angariou bastante doações.
— Que bom. Vai para Homeland agora?
— Na verdade... Passarei por Homeland, mas pretendo ir para Estrasburgo.
— Ora, Justice não me disse.
— Ele ainda não sabe. - Jaded fez uma pausa. - Preciso ver Cecília.
— Você deixou algum serviço incompleto? - perguntou inocentemente.
— Não. Breeze, não quero atrapalhar o seu trabalho, mas quero ver Cecília.
Breeze comemorou silenciosamente.
— Ora, isso é muito bom. Jaded... serei um pouco intrometida...
— Você sempre é.
— ... mas você ama Cecília?
Ele fez uma longa pausa.
— Amo.
— Viva! Nunca esperei ouvir isso de você!
— Não está sendo fácil para mim, Breeze.
— Imagino. Você pretende reivindicá-la como companheira?
— Sim, se ela me aceitar.
— Ela aceitará. Cecília te ama.
— Ela te disse isso?
— Não precisa, é muito perceptível.
Jaded respirou fundo.
— Eu gostaria de avisá-la, mas Cecília não atende minhas ligações.
— Gostaria que eu a avisasse?
— Sim. Diga que senti muito a falta dela.
— Eu direi.
— Estou muito ansioso.
— Todo espécie que ama uma humana fica.
— Certo. Eu me acostumarei.
Breeze ficou animada.
— Quando você virá?
— Estou indo hoje para Homeland. Se não tiver problema para Justice, voarei hoje à noite mesmo para Paris.
— Prepararei tudo para sua chegada. - Breeze lembrou-se de Blade. Aquilo seria um problema.
— Tem certeza que não atrapalharei mesmo?
— Com certeza.
— E o que você queria?
— Como?
— Você me ligou.
Breeze pensou rápido.
— Eu queria pedir uns conselhos, mas esperarei você chegar.
— Tudo bem. Muito obrigado, minha amiga.
— Fico feliz em ajudar.
— Tchau, Breeze.
— Tchau, Jaded.
Breeze encerrou a ligação e deu uns pulinhos. Ela adorava participar dos romances de seus companheiros! Sentou-se à mesa, procurando se acalmar. Teria que conversar com Cecília e tentar diminuir a mágoa que ela sentia de Jaded.
Riu sozinha. Aquele macho enlouqueceria quando soubesse do bebê! Como era bom ser espécie!
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Jaded: Uma história Novas Espécies 3
FanfictionJaded é um produto de manipulação genética. Pertence à ONE - Organização das Novas Espécies- um grupo de humanos geneticamente alterados por uma indústria farmacêutica. Ele passou grande parte da vida aprisionado, servindo como cobaia para experimen...