Capitulo 1

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- Acordou! Acordou! - reconheci a voz, na verdade impossível não reconhecer a voz da minha melhor amiga desde os meus nove anos de idade. - Enfermeira! - gritou Any.

Sentia minhas pálpebras meio pesada, mas pouco a pouco fui conseguindo firmá-las. Parede azul clara e teto branco, não precisava ser um gênio para saber que estava na enfermaria da escola. A sala era pequena, apenas com duas macas, três cadeiras e um armário no canto esquerdo da sala.

- Sua louca, você me assustou sabia? - se aproximou Any.

- Estomago fraco para sangue. - disse tentando sorrir, mas ao invés disso fiz uma careta por sentir uma pontada na cabeça.

- Como esta se sentindo minha querida? - Disse a enfermeira Dora ao entrar na Sala.

- Bem Dora, muito obrigado. - disse constrangida. Levada á enfermaria por causa de um corte no dedo. Bem a minha cara se cortar com uma folha de sulfite.

- Por vias das duvidas, permaneça deitada até sua mãe chegar. - disse a enfermeira se retirando.

- Ei, não me olhe assim! - disse Any ao ver minha cara incrédula. Minha mãe sempre foi muito protetora e exagerada, pra ela esse corte no dedo vai ser como se tivessem decepado minha mão. - Não tive como evitar, sabia que quando você desmaiou bateu a cabeça? Poderia ter tido um traumatismo craniano, ou pior perder a memória. Isso é coisa seria Maya.

- Aposto que vai ser o mico do ano. - disse irônica.

- Sinto muito em lhe desapontar, mas a biblioteca não é um lugar muito frequentado pelos alunos da Donver. - Disse Any sentando na beira da maca. - Pra falar a verdade, tem aluno nessa escola que nem sabe onde fica a biblioteca, ou que existe uma.

Nisso eu tinha que concordar com ela, o Colégio Donver estava longe de ser uma escola exemplar. Não que o ensino seja péssimo, talvez tivesse três ou quatros professores desmotivados, mas a maior parte dos alunos são completamente desinteressados.

- Antes que eu esqueça amiga, preciso te contar da confusão. - disse Any entusiasmada, grande parte das coisas que eu sabia envolvendo os restantes dos alunos era graça a ela, nem precisava perguntar nada, ela sempre me contava em detalhes - Teve uma briga do pátio do colégio, não sei o motivo, mas parece que a esquisita da Alisson deu um soco em outra garota..

- Maya minha filha o que houve? - minha mãe interrompeu, veio até a mim com aquele olhar de preocupação e continuou em quanto me examinava. - Quebrou alguma coisa? Algum ponto?

- Mãe, eu estou bem! - disse tentando chamar sua atenção. Ela parou e olhou bem com aqueles olhos castanhos claro. - Eu desmaiei porque cortei meu dedo.

- Graças a deus! - disse ela passando a mão em meu rosto. - Fiquei muito preocupada querida. Annie me ligou dizendo que você estava inconsciente na enfermaria. Larguei o consultório e vim correndo pra cá.

- Maya você realmente estava. - disse Any se defendendo assim que meu olhar se direcionou a ela. - Foi um ato de desespero.

- E você está certíssima em me avisar. - minha mãe disse a ela, que retribui com um sorriso. - Filha, eu sei que você não gosta de me preocupar, mas sou sua mãe precisava saber.

- Mas foi só um pequeno desmaio, não tinha necessidade de largar seu trabalho. - disse me sentando na maca.

- Você é minha prioridade, consegue andar? - disse ela sorrindo, apenas assenti como resposta. - Então vamos você precisa descansar do susto. No caminho ligo para o Dr. John para avisar que tive que deixar o consultório.

Minha mãe trabalha no departamento jurídico da cidade, responsável por arquivar e separar processos, e coisas do gênero. Como a cidade é pequena o departamento é composto por quatro pessoas. Ela nunca comentava muito sobre seu trabalho, devido isso não sabia muita coisa. Any dizia que minha mãe era tão protetora comigo, por causa dos processos criminais. Talvez ela esteja certa.

Despedi-me da Any e ignorei o drama que fez por ter que ir embora sozinha, ela sempre me dava carona na ida e na volta da escola, já tinha virado costume. Enquanto minha mãe se informava sobre as recomendações da enfermeira.

- Tire suas sapatilhas e vá direto se deitar mocinha - disse minha mãe assim que abriu a porta de casa, pendurando as chaves no chaveiro.

- Mãe foi só um desmaio por ter cortado o dedo - lembrei ela.

- O que preocupa não é seu desmaio por causa de um corte, e sim de você ter batido a cabeça. - disse revirando o armário e a geladeira, pelo visto procurando ingredientes para o jantar. - Maya, por acaso eu falei pra você ligar a televisão e sentar no sofá? - continuou, parando tudo e cruzando os braços em uma tentativa de parecer brava.

Revirei os olhos e desliguei a TV, talvez fosse melhor subir já que contrariar Sra. Diana não ia dar em nada mesmo. Peguei meu celular na mochila e me atirei na cama, assim que desbloqueei a tela surgiu uma mensagem da Any.

AMANHÃ VOCE VAI PARA ESCOLA ANDANDO, JÁ QUE ME DEIXOU SOZINHA. BJOS AMIGA!

Eu ri, mesmo que pra muitos a mensagem não tivesse graça, ri por imaginar Any falando cada palavra. Olhando para o teto me surgiram vários pensamentos, as provas bimestrais se aproximando, a festa de aniversário da cidade daqui a dois dias, meu aniversário semana que vem.. toc, toc!

- Maya? - minha mãe chamou entrando no quarto - Jantar esta pronto.

- Sem fome mãe. - disse me sentando e fazendo uma careta.

- Há, meu anjo.. - senti toque desapontamento em sua voz. - Comer um pouquinho só não faz mal.

Ela começou a perguntar se eu estava bem, se havia sentindo tontura ou pontadas de dor na cabeça. Assenti negativamente com a cabeça, para todas suas perguntas de mãe preocupada.

- Sou patética por me preocupar tanto com você? - disse ela perguntando, mas sem brecha pra resposta ela continuou - Mas eu só tenho você filha.

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