Respire

Capitulo 5

Depois daquele sonho perturbador na noite anterior, passei a madrugada me virando de um lado para o outro. O sonho tinha sido tão real, que quando despertei assustada senti a presença de alguém, o que me apavorou mais. Quando enfim estava começando a pegar no sono fui obrigada a levantar para ir ao colégio. Completamente sonolenta, não estava nem prestando atenção do que Any estava me dizendo.

- Maya você está me ouvindo? – disse ela estacionando o carro. – Menina em que planeta você esta?

- Desculpa amiga. – disse abrindo a porta do carro.

- Espera! – gritou ela, revirando sua bolsa. – Você não vai entrar no colégio assim parecendo um zumbi, vai? Tome isso. – disse ela me dando uma cartela de comprimidos.

- O que isso? – perguntei antes mesmo de pegar.

- Pega logo Maya! Não é nenhuma droga proibida. – disse ela, vendo minha reação logo disparou. – É um comprimido, de VitaminaC+Guaraná que meu pai sempre toma pra repor as energias. Sempre trabalhando demais.

- obrigada. – disse pegando, talvez eu realmente estivesse precisando.

Antes de entrar na sala, passei pelo bebedouro e engoli o comprimido dado por Any. Fiquei meio ressentida, da Any posso esperar de tudo, mas do jeito que estava não ia nem aguentar até a segunda aula.

Fui entrando na sala indo direto para o meu assento, deixando minha bolsa do lado da cadeira. Por um instante meu olhar percorreu pela sala toda, ele não havia chegado ainda, nem a professora.

Ele surgiu no momento que sinal tocou, em plena sintonia. Cumprimento algumas pessoas, inclusive a insuportável da Kate Riley, depois veio e sentou a minha frente.

- Bom dia Maya! – disse ele virando de surpresa, com uma piscadela e o sorriso torto de sempre.

- Bom! – respondi tentando parecer natural.

- Ainda espero minha... – ele foi interrompido pela professora entrando na sala.

- Prova surpresa galera! – disse professora Lucy com um sorriso sarcástico.

Ótimo, tudo que eu precisava para melhorar meu dia, eu ironizei comigo mesma. No momento pouco importava a prova, a felicidade não cabia em mim. Ele de fato queria me levar para o baile, o medo de ele ter desistido sumiu por completo. Sim, queria ter falado sim, claro que sim, mas graça a professora Lucy não tive tempo.

- Jake, você precisara fazer. – disse ela repassando a prova. – Mas pra frente passo um trabalho pra você.

- Pelo menos alguém tem sorte nessa sala. – disse Kate acenando e piscando para Jake, sua voz fina e irritante.

Tentei ignorar a irritação e me focar na prova, eu não sou nenhuma nerd, mas posso afirmar que a prova estava em grau médio de dificuldade. Nem durante a prova a sala ficava em total silencio, Entreguei a prova alguns minutos antes do termino da aula, comecei a rabiscar a ultima folha do caderno esperando o fim da aula.

- Como estava a prova? – perguntou Jake num sussurro virado para mim.

- Caro Jake, eu creio que não queira atrapalhar os seus outros colegas. – disparou Lucy antes que eu tivesse chance de respondê-lo.

Ouvi Jake resmungando alguma coisa com o final chata, se virando para frente. Sorri, estava feliz por ver o quanto ele se esforçava para falar comigo, mesmo com meu vacilo, com a professora em seu pé, com o destino atrapalhando.

Perdida em meus devaneios quase não percebo um papel todo dobrado em minha mesa, Jake estava com a mão esquerda para trás, como se estivesse coçando a nuca, só podia ser dele. Você aceita ir ao baile comigo? Li assim que abri o papel.

Fiquei até sem ar de tanta emoção, tamanha euforia invadia meu peito. Calma, pensei comigo mesmo, havia uma parte de mim que não entendia, porque um garoto tão lindo como o Jake convidaria uma garota como eu para o baile? Ainda mais tendo todas as garotas populares aos seus pés.

Any podia errar em varias coisas, mas desta vez estava certa. Quase todas as garotas suspiravam pelo garoto novo, até Kate que adora ser paquerada pelo time inteiro de basquete e futebol, demonstrava certo interesse em Jake.

O sinal tocou, joguei todas minhas coisas na bolsa, ele pegou sua mochila no chão e se retirou antes que eu pudesse responder. Para minha surpresa, ele me aguardava do lado de fora da sala, encostado na parede, com uma pose bem descolada.

- Pensou que eu iria embora sem minha resposta? – ele perguntou com aquele sorrisinho automático.

- Achei que sim. – respondi sentindo minhas bochechas arderem, mas continuei. – Posso te fazer uma pergunta?

- Claro que sim! – ele disse naturalmente.

- Porque esta me convidando para o baile? – disparei a pergunta.

- Você é simpática, e esta precisando de um par. – desanimei ao ouvir suas palavras. – Além de ser completamente linda. – disse ele erguendo meu rosto, olhando em meus olhos.

Meu coração disparou, a cada batida acelerada e descontrolada parecia que iria saltar pela boca, que por sinal começou ficar seca, minhas pernas bambeando cada vez mais. Incrível o efeito que ele tinha sobre mim, nenhum garoto avia despertado tal interesse em mim. Ele era diferente, incrível.

- Sim. – um sussurro falhado saiu pela brecha de minha boca, entregando por completo meu nervosismo.