7. 𝐒𝐇𝐀𝐏𝐄𝐒𝐇𝐈𝐅𝐓𝐄𝐑

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Dominic acordou com os olhos pesados e a sensação de que uma névoa sombria ainda pairava sobre sua mente. O quarto estava inundado pela luz da manhã, mas ele se sentia como se tivesse emergido de um abismo profundo. Seus cabelos estavam emaranhados, e seu rosto exibia os vestígios da noite sem sono.

Ao se sentar na beira da cama, Dominic esfregou os olhos com as mãos, tentando dissipar as últimas lembranças do pesadelo que a atormentara. Seu coração ainda batia com uma ansiedade residual, como se parte dele ainda estivesse presa nas garras do sonho sombrio. Gritos de Millard pode ser ouvidos atrás da porta, ele gritavam: "HORA DO CAFÉ DA MANHÃ!" completamente animado, resmungos e pessoas gritando de volta para ele se calar é algo bem audível. Pelo visto, era algo normal pelas manhãs.

O cansaço a envolveu, pesando em seus ombros, mas ele sabia que não podia se render ao sono agora. O pesadelo a assombrara com imagens terríveis, e ele não queria revivê-las. Em vez disso, levantou-se devagar e dirigiu-se ao banheiro, na tentativa de esquecer tudo da noite passada e focar no dia à sua frente.

Dominic trocou de roupa, o garoto vestiu uma de suas camisetas de rock preta, com um símbolo de sua banda favorita, estampa no meio da camisa, ele calçou um tênis azul de cano alto e saiu em direção à cozinha. Andar para ele, era uma tortura. Tipo fazer seu filho assistir vários vídeos daquela Ingrid do TikTok, entende? Era impossível ele caminhar sem arrastar os pés, como se a gravidade tivesse parado de existir para ele. Âncoras foram grudadas em seus tornozelos, fazendo ele carregá-las até a cozinha.

Dominic sentou-se à mesa da cozinha, perto de Olive, que estava segurando a xícara de café com as duas mãos, enquanto lia uma revista antiga. O garoto olhou pela janela, observando o sol nascente pintar o céu com tons suaves de laranja e rosa. Era um contraste reconfortante com a escuridão de sua noite inquieta.

Enquanto as outras crianças conversavam animadamente, ele mexia lentamente sua colher na tigela de mingau, perdido em pensamentos sobre a péssima noite de sono que teve. As sombras das peculiaridades das outras crianças pairavam ao seu redor, tornando-o ainda mais distante, enquanto ele tentava recuperar as energias para enfrentar mais um dia peculiar no orfanato.

As crianças peculiares, com suas características únicas, preenchiam o refeitório com suas conversas animadas e atividades estranhas. Uma delas, com asas delicadas como as de uma borboleta, brincava com seu cereal em cima da mesa. Outra menina, com olhos de diferentes cores, sorria de forma gentil enquanto tocava uma música suave em um violino invisível.

Enquanto o garoto observava tudo isso, sentiu-se um estranho no ninho, incapaz de se integrar completamente. Ele desejou que pudesse compartilhar suas preocupações com alguém, mas a solidão persistia. No entanto, o calor do café da manhã e a presença acolhedora das crianças peculiares ofereceram-lhe algum conforto, apesar da péssima noite de sono. Ele sabia que, de alguma forma, fazia parte daquela família peculiar e que cada dia no orfanato trazia a promessa de aventuras e descobertas singulares.

Perdido em seus pensamentos e no silêncio consigo mesmo, deu a notar que entre todos, Enoch não estava na mesa como todo mundo, talvez tenha o assustado na noite passado. Dominic sentiu uma onde de vergonha bater em seu rosto, fazendo o ficar completamente vermelho e constrangido por sua atitude.

- Teve uma péssima noite? - a voz da ruiva emergiu em meus ouvidos. Os olhos que estavam na revista, agora estão virados para mim.

- Talvez.. - O olhar perdido e um peso no coração. Ele estava mal por causa de um pesadelo terrível que o havia envolvido durante a noite, mas, apesar de desejar compartilhar suas angústias com sua amiga, as palavras pareciam presas em sua garganta, incapazes de escapar.

LOST BELIEF | Enoch O'Connor.Onde histórias criam vida. Descubra agora