16. 𝐖𝐇𝐄𝐑𝐄 𝐃𝐎 𝐈 𝐒𝐓𝐀𝐑𝐓?

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Senti meus pulmões implorando desesperadamente por ar, uma sensação angustiante de afogamento que se apoderou de mim. Meus braços agitavam-se freneticamente, buscando algo sólido para se agarrar, uma âncora para me manter à tona naquele abismo desconhecido. A escuridão envolvia tudo, e a sensação de perdido dominava meus pensamentos.

Então, como uma bênção, mãos desconhecidas, mas com o ar de familiaridade me puxaram na escuridão. Uma força reconfortante puxou-me para fora daquele sufocamento, guiando-me de volta para a luz.

Cada movimento era como emergir de um abismo aquoso para a segurança da superfície. Quando finalmente abri meus olhos, estava de volta ao meu quarto, respirando aliviado na familiaridade do ambiente.

Ainda atordoado pela experiência, percebi que, felizmente, estava de volta à minha época - ou algo muito próximo a isso. Uma onda de gratidão e perplexidade inundou-me, agradecendo por eu ainda estar vivo e inteiro.

Saltei da cama com pressa, correndo até a janela como se o tempo fosse uma entidade fugaz prestes a escapar. Ao olhar através do vidro, constatei que estava de volta ao meu tempo, mas minha mente se encheu de questionamentos.

Quem era Samantha Blackwood? Onde exatamente eu estava? E, mais intrigante ainda, quando era este momento temporal? As interrogações se multiplicavam em minha mente, criando um emaranhado de incertezas.

Absorto em meus pensamentos, mal percebi a porta se abrindo. No susto, virei-me abruptamente ao sentir mãos pousarem em meu ombro. Para minha surpresa, deparei-me com Enoch, trajando um conjunto de pijama listrado, seus olhos curiosos buscando os meus em meio ao meu desconcerto.

- Ei, Enoch?! O que está fazendo aqui? - Dominic diz sorrindo, meio sem graça e confuso.

- Bem, eu.. - Enoch parecia constrangido, seu rosto levemente vermelho denunciando pensamentos indecifráveis sobre sua visita a Dominic. Suas mãos foram de encontro com a sua nuca, a coçando. - Eu vim ver se você estava tendo mais um dos seus.. pesadelos.

Parei por um momento antes de responder, um sorriso bobo surgiu em meus lábios.

- Quer dizer que o Senhor O'Connor, deixou o quarto quentinho dele para me ver? -

- Você se acha demais. - Ele coloca as mãos no bolso, totalmente sem graça. Em passos silencioso, Enoch se aproxima da minha cama, se sentando-se na ponta.

Quando Enoch se ajeitou na minha cama, uma serenidade envolveu o ambiente, transformando o silêncio em um cúmplice acolhedor.

Não era um silêncio constrangedor, mas sim uma pausa apreciada, onde nossos pensamentos se entrelaçavam de maneira natural, sem a necessidade de palavras.

Naquele momento, a luz da lua derramava sua luminosidade suave, delineando os contornos de Enoch de uma maneira que tornava cada detalhe digno de contemplação. Sua pele pálida, em contraste com a penumbra do quarto, criava uma atmosfera de intrigante elegância.

Os cabelos escuros, desalinhados de maneira quase poética sobre seu rosto, adicionavam um toque de casualidade à sua presença, enquanto seus olhos, profundos e enigmáticos, pareciam guardar segredos que despertavam minha curiosidade.

Enquanto eu o observava, uma sensação de conexão silenciosa florescia. Era como se pudéssemos compartilhar pensamentos sem articular uma única palavra.

A luz da lua servia como testemunha discreta dessa comunhão íntima, onde o silêncio se tornava uma linguagem própria, e os detalhes de Enoch eram as palavras não ditas de uma narrativa única.

Naquele instante, o quarto era mais do que um espaço físico; tornava-se um refúgio onde o tempo desacelerava, permitindo-nos apreciar a beleza contida no simples ato de compartilhar o mesmo espaço, sem a necessidade de explicações.

LOST BELIEF | Enoch O'Connor.Onde histórias criam vida. Descubra agora