Briga

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                                                                                               Yuri

Sentia minha cabeça girar. Eu apertava o volante do carro com força, os nós dos meus dedos já brancos. 

Eles estavam namorando. 

Quando cheguei no camarote, ela foi a primeira coisa que vi. Seu rosto estava vermelho e parecia nervosa. Por um minuto, nutri esperanças de que ele pudesse estar nervosa por minha causa. Mas não era, era por ele. Ela vestia uma camisa com o número e nome dele, ela nunca tinha usado uma minha. 

Eu podia não saber quase nada de espanhol, mas não tinha dúvidas de que 'novia' significava namorada. 

Ele a apresentou pra sua família como namorada. 

Meus pais voltaram pra São José Dos Campos, e eu deixei Isabela em sua casa, e mesmo com ela insistindo muito pra que eu ficasse eu não fiquei. Ela me faria perguntas que eu seria incapaz de responder. 

Estacionei o carro no acostomento da rua, soltando um longo suspiro. O que eu estava fazendo? 

Eu queria poder voltar no tempo, fazer as coisas diferentes; talvez se eu não tivesse entrado em pânico quando soube da gravidez eu teria agido diferente. Teria conversado com Alina, e talvez ela me apoiaria. Eu obviamente assumiria minhas responsabilidades, mas sem a necessidade de reatar um namoro fadado ao fracasso. 

Eu não amava Isabela. Isso era um fato, e eu sabia que ela também não me amava. Claro que existia um carinho grande de ambas as partes, mas eu não a amava. Talvez nunca tenha a amado de fato. 

Mas e Alina, eu a amava? 

Eu era apaixonado nela, sem dúvidas. Antes de tudo acontecer eu me via planejando um futuro com aquela mulher. Ainda tinha o som da sua risada no fundo da minha mente, eu adorava quando conseguia tirar uma gargalhada dela. Aquela mulher conseguia ser sexy e adorável ao mesmo tempo e aquilo me deixava louco. 

Eu sei que agi errado, e me puno por isso todo santo dia. Também sei que não direito nenhum sobre ela, ou quem ela se relaciona; mas cada vez que eu olhava pra cara daquele gringo eu perdia a razão, e começava agir feito um adolescente. 

Eu sabia que ele era gente boa e obviamente gostava dela. Vivia sorrindo pelos cantos enquando digitava alguma coisa, certamente pra ela, pra minha Alina. E eu me odiava por ter sido tão vacilão. 

Mas o que eu posso fazer? Eu não conseguia mandar no que eu sentia. E sim, já tentei. 

Peguei meu celular, procurando por um contato conhecido. 

-Alô? - Ela atendeu depois do terceiro toque. - Qual foi Yuri, quase meia noite já. 

-Oi Laura, também amo ouvir sua voz. - Ela bufou do outro lado. - Preciso te fazer uma pergunta. 

-Já até sei sobre o que. - Falou. - Desencana Yuri, sério. 

-Eles estão namorando? - Perguntei, ela deu uma longa pausa depois respirou fundo.

-Eu não sei. Acho que ainda não. - Falou. - Mas se não estão, vão estar em breve. Deixa eles paz Yuri. - Pediu 

-Eu preciso falar com ela Laura. - Falei quase desesperado. 

-Primo, qual seu problema? De verdade. Eu não consigo entender. - Nem eu, pensei. - Você está com a Isabela, VOCÊ escolheu estar com a Isabela. Você sumiu, sem dar satisfação pra ela, ela descobriu por rede social que você simplesmente tinha voltado com a sua ex, grávida! 

Inesperado | Matías RojasOnde histórias criam vida. Descubra agora