Eu caí

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                                                                                            Matías 

Abri os olhos com certa dificuldade, sendo envolto pelo cheiro gostoso da roupa de cama na qual eu estava deitado, que me lembraram instantaneamente onde eu estava. Virei-me com cuidado, encontrando Alina adormecida ao meu lado. Seu pé estava sob o meu, seus cabelos longos estavam espalhados na cama, e de algum modo sua feição parecia sorrir mesmo dormindo. 

Diós, o que era esta mujer? 

Depois da derrota vergonhosa contra o São Paulo eu fiquei tão frustrado que mal conseguia pensar com clareza, e depois que saí do Morumbi dirigi cegamente até seu endereço. Eu estava nervoso, ela poderia estar com raiva de mim, afinal, eu era jogador do time que ela tanto amava, um time que acabara de sofrer uma derrota humilhante.

Mas eu precisava vê-la. 

Quando cheguei me dei conta que não fazia ideia de qual apartamento chamar, então pedi que chamasse por Alina. Não era um nome tão comum afinal de contas. 

O porteiro demorou poucos minutos pra localiza-la e interfonar. Para minha surpresa, ela solicitou que ele também liberasse o acesso ao meu carro. Era um sinal positivo, talvez ela não estivesse com raiva.

Estacionei ao lado do seu carro, que reconheci de longe. Minhas mãos estavam suadas, e eu me recriminava por parecer um adolescente nervoso.

Tomei coragem para sair do carro e dirigi-me ao elevador, pressionando o número do seu andar. Será que deveria ter trazido algo como um presente?

Tarde demais. Droga, eu não deveria ter vindo assim, sem avisar. Mas não tinha como voltar atrás, eu já estava aqui. 

Ao chegar ao hall do seu apartamento, dei uma rápida olhada ao redor, percebendo a existência de outra porta além da dela. Precisei respirar fundo umas três vezes pra ter coragem de apertar a campanhia. Ela demorou o suficiente pra eu cogitar sair correndo dali sem nem olhar pra trás, mas qualquer pensamento desapareceu instantaneamente quando ela abriu a porta.

Seus cabelos estavam soltos e eu senti de imediato seu cheiro. Eu não sabia identificar se era perfume ou se era o cabelo, mas era bom, tão bom que me desconfigurava totalmente. 

Ela me recebeu com um sorriso, sorriso esse que me fez esquecer até o rumo de casa. 

O que eu estava fazendo? Meus planos era aproveitar a solterice no Brasil. Tudo bem, eu admito que não tinha o menor talento para pegador, mas me sentir assim com a primeira mulher que trocou uma dúzia de palavras comigo fora do trabalho era meio exagerado, não? 

Era apenas uma relação casual, nada de mais, apenas sexo. Depois disso, eu seguiria em frente com a minha vida. Pelo menos era isso que eu repetia insistentemente para mim mesmo.

Isso até eu ver aquela mulher nua. 

Até eu ouvir ela gemendo meu nome.

Até eu sentir, e memorizar cada parte daquele corpo. 

Até eu acordar ao seu lado, depois da melhor noite de sexo da minha vida, e aquele incômodo sentimento ainda estar ali, intacto. 

Mierda

Peguei meu celular e percebi que já passavam das 11 horas da manhã. Não conseguia lembrar da última vez em que havia dormido até tão tarde. Ignorei todas as mensagens, inclusive as da Sol, já havia avisado que passaria a noite fora e sabia que ela só queria me incomodar.

Eu não tinha ido com a intenção de dormir, mas Alina se recusou me deixar ir embora, alegando que já estava muito tarde. Para ser sincero, não ofereci muita resistência. Quanto mais tempo eu passava ao seu lado, melhor era.

Inesperado | Matías RojasOnde histórias criam vida. Descubra agora