Matías
O voo foi rápido; de São Paulo para Belo Horizonte, não levou mais que uma hora e meia. Fui o durante todo o vôo dormindo, precisava estar descansando pro jogo. Quando chegamos no hotel fomos direto pro restaurante, onde a equipe já nos aguardava e nossas refeições estavam prontas.
O jogo começaria tarde, as 21:00 horas. Subi pro meu quarto tomando um banho em seguida. Vesti o mesmo casaco de antes, o cheiro dela estava ali, e eu não queria perder.
Como prometido, avisei que tinha chegado assim que tive acesso a internet. Trocamos algumas mensagens e ela contou que Belo Horizonte era a capital do seu estado de origem, disse pra eu aproveitar o pão de queijo. Eu sorria feito um idiota pra tela do celular. Não conseguia me lembrar da última vez que me senti assim por uma mulher.
Tive relacionamentos longos, dos quais achei que ia vingar. Se me perguntassem há cinco anos, certamente teria afirmado que, nesta altura da vida, já estaria casado. Mas a realidade acabou sendo diferente.
Quando me mudei pra Argentina, pra jogar no Racing, terminei meu relacionamento mais longo. Eu a amava, mas escolhi minha carreira e não me arrependo. Na Argentina, me envolvi com diversas mulheres, algumas se aproximavam por interesse, outras por diversão. Tive oportunidades de me apaixonar, mas nada aconteceu. Sempre parecia que algo estava faltando.
Logo fui chamado pela equipe, precisávamos ir pro estádio. Ia ser meu primeiro jogo em outra cidade no Brasil, eu estava ansioso. Me surpreendi ao chegar no estádio. O Brasil tinha muitos estádios bonitos, e eu não via a hora de jogar em cada um deles.
Ao chegar fomos direto pro vestiário. O professor sempre nos dava algumas orientações antes do jogo, passamos quase uma hora discutindo táticas. Achava engraçada a forma como ele falava, mas ele sempre se certificava que eu e os outros que falavam espanhol tinhamos entendido. Apesar de não ser o treinador mais genial com quem já trabalhei, era uma boa pessoa e sempre arrancava boas risadas de toda a equipe.
Yuri me encarava desde que entramos no ônibus, mas eu o ignorava. Precisava me concentrar, pois jogaríamos juntos. Ambos como titulares, comigo atuando logo atrás de sua posição. A última coisa que eu queria era me irritar.
-¿Por qué Yuri sigue mirándote? - Romero perguntou em espanhol pra evitar que os outros prestassem atenção.
Se outras pessoas estão notando que ele tá me olhando, eu não tô louco.
Soltei um suspiro irritado.
-Porque la mujer que el quiere, me prefiere. - Falei enquanto colocava a meia. Romero me olhou com cara de quem diz "vai dar problema".
-Falem português alienígenas filhos da puta! - Roni se juntou a nós me fazendo rir.
-Estamos falando da dor de cotovelo do nosso atacante. - Romero respondeu.
-Ah, achei que só eu tinha notado. - Roni comentou. - O cara nem disfarça. Isso porque tá com a mulher grávida em casa. - O olhei surpreso.
-Está? - Perguntei e ele assentiu.
-Você não soube? - Perguntou e eu neguei. -Ele voltou coma loirinha dele, porque ela descobriu a gravidez. É o segundo filho do cara com 22 anos. Até os 30 ele vai ser o Mr. Catra branco. - Falou rindo, Romero pareceu entender a referência já que riu junto, mas eu não entendi. Que diablos era Mr. Catra?
Mas antes que eu pudesse perguntar o que ele estava falando, uma peça se encaixou na minha cabeça. Ele deve ter terminado seja lá o que teve com a morena por isso. Pra voltar pra ex grávida. Mas se fez isso, fez porque é um otário, e eu não tenho culpa.
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Inesperado | Matías Rojas
FanficNessa história Alina precisa tomar decisões que definirá não apenas seu coração, mas também seu próprio caminho e quem ela é. •Ranking: 🥇 Corinthians 🥇Matías Rojas 🥇 Yuri Alberto