Sua partida

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Será que tudo mudou? Praticamente, até ontem estava tudo bem. Mas ao me levantar essa manhã percebi o quão rápido as coisas podem mudar. E você me pergunta mudou para melhor ou para pior? Eis a questão, ainda não obtive resposta.

Penso e repenso.

E tudo o que me recordo do ontem é que eu estava feliz. Que eu estava em boa companhia, que eu não estava sozinha. Hoje me vejo incerta em relação aos meus sentimentos. Não sei dizer se estou feliz ou triste.

Você também não está mais aqui. Resolveu passear e levar consigo todas as conversas, os risos e as brincadeiras. Pergunto-me o porquê não era preciso levar tudo, ainda mais para tão longe. Não sei se sinto a sua falta, mas as lembranças me fizeram visita nesta manhã.

Acabo me perdendo nelas. Um aperto no peito me incomoda, deveria me preocupar? Suponho que não. Já que a dor é passageira e não precisa de medicação. Ela vai embora sozinha. E eu volto para o silêncio inoportuno do meu quarto. E continuo a pensar no que a minha vida pacata irá mudar.

Todos vão embora, você se foi. Estou acostumada. Não direi ser saudade. Talvez seja, quem sabe. Estou a tanto tempo só, que quando recebo visita longa, acabo me acostumado. Não precisa voltar se não quiser, mais caso queira.

Já sabe onde me achar, no escuro do meu quarto. Admirando as estrelas através da mesma janela que te vi partir. Depois de uma discussão boba, não queria que você fosse. Mas você se foi. E quem sou eu para impedir.

No fundo, eu sinto que você não virá me visitar no futuro. Então voltarei a rotina. Eu, a solidão que é minha amiga, o escuro do meu quarto, as estrelas e um cobertor quentinho para me aquecer do frio.

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