O monstro que representa todos os meus tormentos, me socou no estômago pela milésima vez.
O meu ar fugiu e a dor se tornou dilacerante. Pela primeira vez o meu corpo tão machucado não foi ao chão, não sei dizer quando, muito menos de onde surgiu essa força que me fez pela primeira vez permanecer de pé.
Enfrentar os meus tormentos é tão difícil e doloroso.
Eu sempre me machuco.
Por mais cansada que eu esteja me sentindo, ainda há em mim uma força que me impede de cair, por mais que as lágrimas façam por mim.
Não quero voltar a onde eu estava antes, sair foi tão difícil, sinto que se me permitir cair, não vou conseguir me erguer novamente. É tão sufocante.
Viver é sufocante, quando se é uma pessoa como eu, que se importa mais com os outros do que consigo mesma, que sempre se exclui ou apenas faz coisas para agradar, para não incomodar.
Você, aí, não sente cansaço por não se permitir, por nunca se colocar como prioridade?
A vida acaba se tornando um fardo pesado demais quando não se permite viver. Porque eu deveria agradar? Porque tenho que ser perfeita? Porque não posso errar? Porque não posso fazer as coisas do meu jeito?
Neste momento eu cometi um erro, melhor, não havia feito nada com a intenção de ferir ou quebrar, na cabeça de alguém eu fiz, cometi um erro e eu não sou proibida de realizar tal ato.
Será que esquecem que eu sou humana também? Sou tão falha quanto você... Me diga porque apenas você pode sentir dor? O que há em nós de tão diferente que apenas os seus sentimentos importam?
Sinto-me prisioneira, as amarras que eu mesma fiz na intenção de não ser um fardo, fazem de mim, uma alma torturada e cansada.
Minhas mãos trêmulas fechadas em punho ainda encaram com insegurança, mas com coragem, decidi encarar meu algoz de cabeça erguida.
Na solidão do meu quarto eu brigo internamente com ele, e o óbvio acontece, eu perco, mas não me rendi com facilidade, dei o meu melhor a cada momento.
Sou humana. Não sou perfeita. Eu quero me permitir, mas em meu corpo há tantas amarras que fica difícil resistir à avalanche de coisas que me acontecem.
Ouso pensar que para algumas pessoas, assim como eu, ser a criança que não dava trabalho, tenha se tornado um fardo pesado demais para se viver.
Será que somos livres para nos permitirmos? Ou talvez algum dia podemos aproveitar a vida de fato? Ou apenas iremos morrer no meio do caminho enquanto engavetamos os nossos sonhos e desejos em prol de não incomodar?
No fim, isso tudo é apenas muito sufocante.
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Palavras Entregues Ao Vento
PuisiApresento a vocês a versão mais verdadeira de mim mesma, uma versão que mostra amores irreais ou reais demais. Uma versão nua e crua de mim mesma. Os autos e baixos de uma vida, onde as minhas dores são gritantes; Onde minhas palavras muitas vezes n...