Palavras Entregues Ao Vento

Tentando

A água quente que sai do chuveiro se mistura com as minhas lágrimas salgadas. A água percorre o meu corpo, enquanto minha mente está uma confusão. Me desculpe, não sou perfeita. Mamãe peço perdão. Não desejo que você se sinta como eu. Insuficiente.

Você é boa até demais.

Não sou uma boa irmã e filha. Sei que não estou dando orgulho a ninguém, pois ainda não me encontrei e nada que eu faça pode ser considerado algo bom. Perdoe-me por tudo. Estou tão cansada, mas ainda estou tentando. Deixe-me contar um segredo: eu gostaria de não existir.

Não se assuste, não pretendo fazer nada ousado. Só gostaria de me trancar em meu quarto e chorar. Não sou boa o suficiente para nada. Ninguém me disse isso, apenas sei. Gostaria de ter facilidade para calar as vozes que me alucinam e me fazer acreditar que a minha vida é inútil.

Quero evaporar e desaparecer. Quero me sentir viva, mas só sinto o vazio. Nada faz sentido. Isso não é uma despedida. Apenas um desabafo sem freios, de uma mente com um turbilhão. Onde o meu estômago revira, minha cabeça dói, uma sensação sufocante me atinge, meu cérebro gira e tudo o que eu almejo é chorar, mas involuntariamente me esforço para não deixar nenhuma lágrima descer.

Ao sair do banho, devo fingir que o meu mundo não está desmoronando outra vez. Que os meus pensamentos não são caóticos ou que eu apenas não desejo chorar e me encolher.

Estou tentando... Tentando... Tentando

Talvez eu esteja falhando novamente, o que não é novidade. A falha e o fracasso parecem fazer parte do meu ‘DNA’.Impossibilitado sair do lugar. E tudo que eu consigo pensar é. Desculpe, vou tentar melhorar.