Constelação

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Sinto uma pressão no peito, o ar está rarefeito e lágrimas dolorosas escorrem por meu rosto. Happy birthday ... É o meu aniversário e aqui estou eu, chorando escondida no banheiro. Me sentindo insuficiente, cheia de defeitos e substituível. Como um livro velho e empoeirado, esquecido na estante, onde minhas folhas estão amareladas e gastas e minha capa já não possui a beleza de antes.

Se a minha história de vida fosse um livro, certamente seria aquele livro esquecido ou que o enredo é maçante e tedioso, tornando a leitura algo cansativo.

É cansativo ser um livro empoeirado.

Tudo que eu tento reprimir, sem me permitir sentir, para não me sentir fraca, está formando uma bola em minha garganta, me sufocando.

Vinte anos, eu deveria estar no auge da minha vida, vivendo com intensidade e aprendendo com os erros da juventude. Mas só consigo pensar em sumir ou o quanto eu sinto falta da sensação de estar viva e não parada e estagnada, se vendo sem motivo para prosseguir, com a caminhada.

Minha cabeça dói e gira, não é fácil fingir que eu não estou desmoronando, contudo, eu me esforço. Os meus olhos choram, antes mesmo de eu conseguir dormir, ao acordar não foi diferente, eu não consegui sentir felicidade. Não é um dia qualquer, é o meu aniversário, uma data importante para mim e tudo que eu consigo pensar é uma maneira de ceifar a minha dor, sem tornar a partida algo doloroso.

O vazio das constelações que carrego em meu peito, se tornou um fardo pesado demais. Eu quero estrelas brilhantes e vivas. Não apagadas e sem brilho, são literalmente poeiras do céu. Sou alguém desguarnecida, que anseia por algo, que está tentando, mas que está cansada de cair.

Cansada de ser alguém que se pode pisar e ferir, alguém que gostaria de não ser boazinha. Alguém que apenas gostaria de se sentir viva. Alguém livre para sentir ou deixar de sentir.

Um ser que não haja de maneira mecânica no dia a dia. Que possa sorrir, por que seu sorriso é lindo, e por ser um dia bom de verdade, sem ter que esconder suas lágrimas através de uma máscara de porcelana, mostrando a todos, sem ser julgada pelo o quanto está doendo.

Estou usando a poeira das estrelas para eternizar, minhas palavras e dores para que a versão mais vivida e mais forte, veja que nem todos os aniversários foram bons, mas que essa menina em apuros precisou passar por isso.

Precisou sentir, para então, transformar em lágrimas e em dor. E de suas dores, transformou em palavras, que se tornaram cartas sem destinatário, levadas pelo vento para alguma constelação, em alguma parte do mundo.

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