Inerte

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Estou deitada na minha cama, esperando o sono surgir. Olhando para a escuridão e o breu do teto. Esperando inquieta o meu cérebro desligar, uma pena que ele demore tanto e me faça sempre recordar ou acreditar em coisas traumáticas.

Você é inútil.
Não serve para nada!.
Você não faz nada!.
Se esforce mais!.
Nada que você faça vai ficar bom!.
Não se esforça para nada!.
Você deveria sumir!
Ninguém vai sentir sua falta se você desaparecer.

Dizem que palavras o vento leva, mas, porque as frases que mais doeram, ainda se repete em minha mente, elas criaram vozes próprias aqui dentro, em uma tortura silenciosa, para os outros. Os meus próprios pensamentos me criticam e me ridicularizam. Levando meu sono para longe. Fazendo lágrimas descerem silenciosamente, não sei que horas são, mas pessoas normais estariam dormindo.

Não chorando e acreditando nesses pensamentos. Às vezes eu gostaria de gritar e implorar para que faça um mero silêncio. Minha mente barulhenta, me faz sentir, como eu me sinto sempre que estou perto de multidões ou quando sou o centro de algo. Sufoca-me e faz meu ar sumir. Devo confessar que conto os dias para sentar de frente para alguém, que vai me ouvir e tentar de fato me ajudar.

Contar tudo, derramar minhas lágrimas. Vomitar tudo que está entalado. Às vezes me assemelho a um robô, vou fazendo tudo no automático. Viver no automático é a droga de um caminho sem volta. Queria voltar no tempo e me sentir viva. Sentir o desejo de realizar meus sonhos e metas. Sinto falta do meu eu sonhador e com coragem.

Pergunto-me aonde ele foi? Onde está a versão que eu gostaria de ser aos quase vinte. No fundo, eu só gostaria de me sentir viva de novo. Acordar sem ter que lutar para levantar, sorri porque eu gostaria de sorrir, viver de fato, não apenas sobreviver. Quando o pensamento mais frequente é sumir, devo me preocupar?

Quando tudo que eu anseio no momento é não desistir, mesmo sentindo que não tenho forças para seguir. Eu estou sentada, no meio do caminho, não é uma visão bonita. É um deserto sem cor, nem a vegetação sobreviveu. Tenho certeza que criaram pernas e fugiram, foram atrás da água, sua fonte de vida. Eu sinto sede, mas não tenho forças para me erguer. Estou com o meu rosto na areia, meu corpo não possuía mais a água de antes, as poucas gotas estão sendo desperdiçadas através de meus olhos.

Sinto as lágrimas salgadas, o seu deslizar... Meu próprio pensamento se tornou meu algoz, me aprisionando ... Me limitando.

Eu preciso da água para sentir viva de novo, mas está tão distante e nem mesmo minhas ilusões mais reais, foram capazes de trazer um pouco de alento. Eu gostaria de sair daqui, nunca esteve em meus planos ficar parada aqui. Suspiro e fecho meus olhos, é impossível voltar a ser o que eu era antes.

O meu Eu do passado ou o meu Eu do futuro, teriam orgulho de mim? Tenho minhas dúvidas, pois o Eu do presente se pergunta se a minha mera existência é digna de algo. Uma mera estrela solitária, que está perdendo seu brilho.

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