Velocidade Constante

Capítulo 2

Não houve dano drástico na moto, apenas quatro arranhões, que ela acabou ganhando quando deslizou no asfalto. Com uma chave de fenda, apertei os parafusos da lataria traseira da moto, finalizando os ajustes que realizei, para deixá-la mais potente.

— Miranda, tem uma corrida daqui a três semanas na cidade de Manhattan. Vai querer participar? — Jonh entra na minha garagem. — A recompensa é doze mil dólares para quem chegar em primeiro. — Com seu tablet na mão, ele ajustou seu óculos retangulares no rosto. — E olha só, você recebeu até um convite especial, eles querem mesmo que você vá. 

— Pode me escrever, vou testar minha nova inovação nessa corrida. — Abro o meu melhor sorriso orgulhoso, pego minhas ferramentas e as coloco dentro de uma caixa preta de plástico e a fecho, colocando em cima de uma prateleira de madeira. —  Cadê os outros?

— Você está falando da Kety ou do Rule? Por que os dois estão empinando moto a trinta minutos lá fora. — Fecho os olhos e nego com a cabeça.

— Vou ir atrás deles, se eles morrerem a culpa vai ser minha. — Pego minha jaqueta preta que estava pendurada em um prego na parede, e me direcionei para fora da garagem. Fechei os olhos com força me acostumando com a claridade do lado de fora.

Quando conseguir enxergar melhor, dei uma olhada para todos os lados até localizar uma enorme fumaça subindo para o alto, por conta dos pneus que deslizava na estrada de terra.

Eu não posso habitar na cidade de Nova York, são muitas pessoas curiosas para me conhecer e querer descobrir tudo sobre minha vida pessoal, além de eu ser "caçada" pela polícia. Estou com um mandato de prisão por ultrapassa a velocidade permitida, desobediência a ordem legal de funcionário público e por ter fugido diversas vezes. Se eu for pega vou passar o resto da minha vida adulta dentro de uma cela. 

Por tudo isso, eu me resido em lugares rurais afastado de toda a população, minha casa não é pequena e nem o meu espaço é cheio de galinhas ou patos, não se confunda com roças tradicionais. Minha casa tem o tamanho de uma mansão, mas não é moderna, é rústica com detalhes de madeira de carvalho delicados. Em minha garagem, tem espaço para três carros grandes, mas ao invés disso eu a uso para melhorar a mecânica das minhas motos - sim, eu tenho mais que uma. - com um lugar sem vizinho ou sem muitas casas, podemos testar nossas habilidades e limites nas nossas motos por aqui perto, é o que Kety e Rule estão fazendo nesse exato momento.

Katy está montada em uma moto de cor roxa e Rule em uma moto azul, estavam cara a cara, com quilômetros de distância um do outro. Estavam com seus olhos focados em sua frente, quando Rule deu a primeira arrancada, Kety também acelerou. Quando estavam perto o suficiente de quase bater de frente um com outro, eles apertaram o freio e girava o guidão, um para o lado esquerdo e outro para a  direita. Fazendo com que a moto fique empinada para trás, com a roda traseira levantada e a roda da frente se derrapando pelo chão, girando em círculo um de frente do outro, enquanto a fumaça subia.

 — Dá para vocês pararem de fazer manobras arriscadas? Vocês ainda nem aprenderam direito como a pilotar uma moto e já estão assim? — Exclamo quando os dois param de fazer o  treinamento com as motos. — Anda, coloque essas motos na garagem. — Revirando os olhos e bufando, eles me obedecem e dirigem as motos em direção a garagem, a desligando e me entregando as chaves. 

 — Uma grande pé no saco. — Kety fala cruzando os braços e me olhando, formando um bico nos lábios. 

 — Eu sou sua irmã mais velha mocinha, sei o que é perigoso ou não para vocês — Rule fica do lado de Kety com uma feição de tranquilidade. — Principalmente para vocês dois que tem apenas dezesseis anos.  

 — Rule fala alguma coisa! 

 — Ela é nossa responsável Kety, se ela acha melhor assim, então temos que compreender.