Se passaram cinco horas e dezoito minutos desde o ataque pela noite. Não saímos do segundo andar nem por um minuto sequer, com medo de que o silêncio do atirador fosse uma armadilha para nós atrair.Eu tentei de muitas formas conseguir dormir e descansar, mas o corpo de David, que ocupava oitenta e cinco porcento da cama, não deixava. Sim, ele decidiu realmente dormir na mesma cama que a minha, mesmo que seja uma de solteiro e que nossos corpos não conseguem manter uma certa distância. Eu acho que era isso mesmo que ele queria, já que ele não parava de sorrir enquanto me abraça pela cintura e descansa com o seu rosto nas dobras do meu pescoço.
- Devemos descer. - Estávamos todos na sala de estar, montando um plano para o nosso próximo passo. - Se passaram horas e nada aconteceu, não podemos ficar aqui para sempre. - Rule finaliza.
John deixou seu computador na parte de baixo, então, essa é a única vez que em nossas reuniões ele não se mantém com os olhos fixos no eletrônico.
- Por que ele fez isso? - Katy pergunta.
- O quer dizer? - Jonh se encosta na poltrona, respondendo enquanto arruma seus óculos no rosto.
- Ele é um tipo de snipper, tem muita finalidade em conseguir acertar alvos. - explica. - Então, por qual razão ele atirou na gente para, simplesmente, errar?!
- Você acha que foi de propósito? - Pergunto, me entretendo na linha de raciocínio de Katy.
- Ainda é confuso, ele perdeu muitas balas só para se entreter em assusta a gente? - David entra na conversa.
- E se... - Jonh faz uma pausa dramática.
Todos se mantém em silêncio esperando que ele continue a frase, mas ele apenas passa sua mão na testa, em um gesto indeciso.
- E se...? - Rule tenta ajudar Jonh a continuar a frase.
- É que... as coisas são estranhas, parece que de um jeito o assassino muda de temperamento de uma hora para outra. - Jonh articula.
Pensando no que afirma, ele não está errado, em muitos casos que olhamos até aqui, das vítimas, algumas morreram instantaneamente e outra parece ter sofrido um pouco com perseguição ou brigas.
- Você acha que o assassino pode ter uma dupla personalidade? - Rule, confuso, tenta entender o que Jonh diz.
- Isso não se chama bipolaridade? - Amy pergunta, fazendo uma careta.
Bipolaridade? Dupla personalidade? Talvez, distúrbios mentais? Será que isso será possível para um homem que demonstrou ser estratégico e enigmático até esse exato momento?
Não acredito que esse seja o ponto em questão, mas por outro lado, faz sentido.
— Ou talvez algo pior. — David sussurra muito baixo, como se a intenção fosse falar somente com si próprio, mas acaba falhando.
— Que coisa pior? — Katy quase implora com os olhos para que David não enrolasse para lhe responder diretamente.
— Eu acho que, talvez... — Respira fundo, antes de soltar a pior frase de todas. — Pode ter dois.
— O que? Dois? — Katy responde com o tom de voz mais alto, mas logo se recompõe e volta a falar baixo novamente. — Como é possível?
E mais uma vez, parece que a situação muda para pior, como sempre.
— Me fala que isso é uma hipótese maluca e que é completamente mentira. — Rule se vira para Jonh, pedindo para que ele negasse de todas as formas a situação.
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Velocidade Constante
RomanceOs motores estavam ligados, fazendo roncados altos e estrondosos. Os pneus deslizavam no chão, colocando sua marca no asfalto. Os gritos de animação da plateia conseguia tremer uma arquibancada inteira. Mas também havia um snipper, camuflado entre a...