Capítulo 14

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Eu acho que vou morrer.

— DAVID, DESACELERA ESSE CARRO. — Grito enquanto seguro no assento do carro, que percorria uma velocidade acima de 140 quilômetros por hora.

— O QUE? ACELERAR MAIS O CARRO?

Puta que pariu, eu vou definitivamente  morrer.

A velocidade estava alta o suficiente para que conseguíssemos ouvir o pneu derrapar quando passávamos em uma curva muito acentuada. Eu já não conseguia enxergar mais nada, tudo se transformava em várias linhas coloridas vindo em minha direção. As buzinas dos carros estavam chamando atenção.

Eu já tô vendo a gente ter que fugir da polícia, de novo.

— DAVID! A POLÍCIA VAI PERCEBER. — Grito novamente, fechando o olho a cada ultrapassagem que ele faz. Como ele ainda não bateu com o carro?

— AUMENTA O SOM DO CD? MAS ESTÁ EM VIA BLUETOOTH. — Ele está fingindo não me ouvir, eu sei disso por causa de seu sorriso de sacana. — Mas já que você insiste, vou aumentar o volume. — Não tirando os olhos da rodovia, ele direciona sua mão para a caixa de som própria do automóvel, girando para aumentar o volume.

Eu sou acostumada com a adrenalina da velocidade, mas somente quando sou eu dirigindo. Eu não sei qual é o nível de habilidade de David, e nem sei o que ele é capaz de fazer. Quem deixou ele dirigir mesmo?

A música Smack That começou a tocar.

— Se prepara, por que com essa música eu não consigo me conter. — Ele fala baixo, quase que não consigo escutar pelo volume da caixa de som.

O que ele está querendo dizer isso?

Antes mesmo de eu conseguir pensar, ele faz a curva para a direita, entrando em uma estrada deserta, de terra.
Havia árvores nos dois lados da estrada, não tinha nenhum edifício, nenhuma casa em volta. Era apenas o nosso carro.

A poeira era tão grande que os carros que entraram ao mesmo tempo que nós, na estrada de terra, tiveram que parar e esperar que fossemos na frente. Onde ele me quer levar? É um lugar totalmente vazio e sem nada.

— Eu consigo ver a curiosidade em seus olhos. — Ele se abaixa um pouco o volume para conseguir conversar comigo.

— Onde está me levando?

— Você vai saber. — Ele sabia que eu continuaria a questioná-lo, então ele aumenta o som novamente e acelera.

A única coisa em que eu poderia fazer no momento, era se sentar em meu banco e me segurar no assento. Se eu morrer eu vou assombrar a vida dele até não aguentar mais. Ou ele morre junto comigo ou ele morre de susto, pois até de ponta cabeça eu apareço no quarto dele.

— PARE DE PENSAR.

— O QUE?

— EU CONHEÇO ESSA CARA, IDA. — Reviro os olhos e apenas finjo que não o ouvir. — Eu ainda vou te fazer revirar os olhos de uma outra forma, muito melhor. — Sua fala foi muito baixa e eu não conseguir o ouvir direito.

— Eu não te ouvir.

— Sorte a sua. — Ele acelerou mais, atingindo o marco de velocidade de 180 quilômetros por hora. — DAVID!

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Eu imaginaria muita coisa, talvez um lugar mais barulhento e agitado, mas menos isso.

As águas cristalinas caiam sobre as pedras escorregadias. As árvores eram grandes e com várias florzinhas brancas e delicadas. O sol estava forte e deixava o ambiente quente. E principalmente: Não tinha ninguém.

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