Trapaceiro.

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Capítulo 3: Rachel.

Algumas coisas são óbvias se você olhar com atenção, e enquanto eu observava Luke Castellan conversar com Annabeth Chase no canto próximo ao balcão do vagão bar do trem que nos levava a Capital, tive certeza de que rolava algo entre eles.

Primeiro sinal: a proximidade. Nem eu e Percy, que somos extremamente grudados, conversávamos tão próximos daquele jeito. Segundo sinal: a forma como ele tocava nela e Annabeth não parecia se incomodar, como se já estivesse acostumada com aquilo. E terceiro sinal: o sorrisinho que surgia no rosto dele quase sempre que ela abria a boca.

Bem, ao menos fazia sentido. Dois Vitoriosos que provavelmente convivem tanto quanto Percy e eu, trabalhando juntos como mentores dos Jogos Vorazes. Muitas coisas em comum, era até de se esperar que existisse algo. Apesar dele ser mais velho, a diferença de idade ainda era pouca, e acredito que Annabeth saiba muito bem o que faz da própria vida.

Ela parece ser aquele tipo de garota que planeja a vida em diversos cenários possíveis, para que qualquer coisa que vier, nunca a pegar desprevenida. Sempre sabe o que fazer em cada situação.

Já o sorriso de Luke não me engana nem um pouco. Trapaceiro, do tipo que poderia arruinar sua vida sem você nem ao menos perceber, se aproximando pelas beiradas e se infiltrando aos poucos no centro do seu ser, pronto para tirar tudo de você.

Poderia ser perigoso para qualquer pessoa se envolver com ele, seja de forma romântica ou não, mas acho que não para Annabeth. Ela deve ter cada probabilidade milimetricamente calculada e arquivada em uma pasta de seu cérebro, juntamente com uma solução e um rumo a se seguir caso alguma delas se concretize.

Mas eu com certeza não confiava no meu mentor, e teria preferido um milhão de vezes ter alguém como Annabeth no lugar dele. Prometi a mim mesma que seria cautelosa com Luke Castellan, por mais que a possibilidade dele me trair fosse muito improvável quando o que mais beneficiaria sua imagem seria me ver vencer.

Toda essa minha leitura a respeito da dupla de mentores foi interrompida quando uma animada Anfitrite entra no vagão ao lado de Percy, que parecia extremamente carrancudo. Ele ficava fofo daquela forma, os lábios franzidos num bico que você pode encontrar em crianças com menos de três anos de idade.

A representante da Capital dá a volta no balcão de bebidas e começa a mexer em algumas garrafas e logo Luke se junta a ela, deixando os olhos de Annabeth finalmente vaguearem a sala até onde estou sentada, mas ela não se aproxima, ao invés disso, se dirige a Percy:

—Quero ver você na sala de jantar em vinte minutos. —e antes de ele ter a oportunidade de abrir a boca para questioná-la, Annabeth ergueu a mão para impedi-lo. —Eu não mordo, Jackson. São só algumas perguntas. Não posso te ajudar se não souber nada sobre você.

—Ela está certa. —Luke se apressa em concordar antes de levar um copo com alguma bebida até a boca. —Mas posso afirmar que esse anjinho morde sim. E com força. —por algum motivo seus olhos param em mim e ele pisca antes de sorrir.

Annabeth aparentemente o ignorou, apenas revirando os olhos antes de reafirmar diretamente para Percy:

—Vinte minutos. 

Assim que ela sai pela mesma porta que Percy entrou com Anfitrite, o moreno se volta para Luke:

—Ela é sempre assim?

O mentor apoia os cotovelos na superfície dura do balcão, inclinando o corpo por sobre ele.

—Mandona? —Percy concordou com um aceno de cabeça. —Existem raras exceções.
—Tipo?

Sacrifice Games - (percabeth)Onde histórias criam vida. Descubra agora