Capítulo 19: Reyna.
—Vou matá-lo.
Thalia semicerrou o olhar, virando o rosto na minha direção. Estávamos no meu quarto, como sempre. Debaixo dos cobertores de algodão luxuosos da Capital.
—Você não pode fazer isso. Vai te prejudicar.
—Mais? —contive a vontade de revirar os olhos. —Não me importo. Estão tentando te tirar de mim, e se conseguirem, não vai me restar mais nada pelo que valha a pena estar viva.
A encaro de volta depois de dizer isso, encontrando uma Grace aparentemente surpresa. Eu nunca tinha verbalizado esses sentimentos antes então entendia seu choque. Não era fácil extrair minhas emoções na maioria das vezes.
Então ela me beijou e não demorou muito para que estivéssemos novamente entrelaçadas, Thalia por cima de mim, os dedos enfiados entre meus cabelos lisos e recém-lavados.
—Não posso prometer que vou voltar. —sussurrou entre meus lábios. —Mas jamais aceitaria ver sua vida arruinada por conta de um idiota como aquele.
Suspirei, passando a mão por seu ombro nu, afastando os fios grossos do cabelo curto dali.
—Eu não posso aceitar o que ele fez comigo e continua fazendo com outras mulheres. —retruquei, olhando profundamente nos olhos azul elétrico dela. —Vou cortar os testículos dele e fazê-lo engolir.
Uma risada abafada saiu da boca de Thalia.
—É melhor fazer isso longe da Capital.
—Não vou conseguir me segurar até lá.
—Você vai dar um jeito.
Ela volta a me beijar e dessa vez retribuo na mesma intensidade, deixando nossas línguas colidirem. Deixo minha mão passear por suas costas, arranhando de leve com as unhas longas. Thalia arfa quando aperto sua cintura e inverto nossas posições, suas pernas me envolvendo de modo a me puxar para frente, nossos corpos agora mais próximos do que nunca.
—Se você morrer e eu viver... —desci os beijos para o pescoço dela, me perdendo em sua pele macia conforme sussurrava as palavras seguintes. —eu não tenho nada. Ninguém com quem eu me importe. —desci a boca um pouco mais, encontrando seu seio e o envolvendo com a boca. Ela fechou os olhos, levando uma mão até minha nuca. Troquei de lado, mas não sem antes morder seu bico e puxá-lo para cima. —Volte pra mim.
—Você sabe que não posso te prometer isso. —respondeu, o tom quase inaudível.
Tirei a boca dali, voltando a deixar meu rosto na altura do dela.
—Você pode. Você tem capacidade para ganhar aquela coisa, eu sei. —meu tom de voz é baixo, mas desesperado. Ela não pode morrer. Não posso perdê-la. —Mesmo tendo aquele imbecil do Octavian como mentor, vocês pode, Thals.
Ela nega com a cabeça, a expressão triste.
—Não posso abandonar o Jason. Por mais que eu ame você, ele é minha família. Demorei tanto tempo para conseguir ter uma relação boa com ele, não faz sentido abrir mão disso agora. —acaricia minha bochecha com o polegar. —E eu só confio em você para cuidar dele quando eu não estiver mais aqui.
É involuntário, não consigo impedir as lágrimas de se acumularem nos meus olhos, e nem mesmo fazer com que uma única delas não caia. Thalia a seca e tenta me beijar, mas desvio o rosto e logo me jogo novamente ao lado dela na cama.
—Isso não é justo. —falei, cobrindo o rosto com as duas mãos.
—Você tem que prometer que vai ficar bem e cuidar dele pra mim, Rey.
Comecei a negar com a cabeça sem parar.
—Eu não posso. —mais lágrimas escorreram. —Eu sou quebrada, Thalia. Eu sou uma bagunça. Não consigo cuidar nem de mim mesma.
Então comecei a soluçar. Soluçar de verdade e terrivelmente. Não demoro para sentir seus braços ao meu redor e me aconchego nela, deixando todos os sentimentos e pensamentos ruins que me atormentaram desse a Colheita simplesmente saírem em meio aquelas lágrimas.
Nunca fui de demonstrar vulnerabilidade, mas eu não me importava de me expor assim para Thalia. Eu a amava. Mais do que tudo. Ela havia se tornado minha vida em tão pouco tempo... vê-la ir embora era o mesmo que me matar.
—Você não é quebrada, Reyna. —Grace sussurrou. —Você é uma vítima. Assim como eu e assim como Jason. E eu te admiro tanto por ter persistido por todo esse tempo que não consigo imaginar alguém melhor para cuidar dele por mim.
—E se eu falhar? —pergunto, a voz trêmula.
—Você não vai falhar. —assegurou. —Ele também vai cuidar de você. Vocês podem aprender a superar as coisas juntos.
Mais lágrimas escorrem. Quero acreditar nela. Quero muito acreditar nela, mas parte de mim ainda insiste em manter o pessimismo.
Thalia não iria sobreviver.
Jason não iria sobreviver.
Eu não iria sobreviver.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Sacrifice Games - (percabeth)
FanfictionAnnabeth Chase é uma jovem vitoriosa escolhida para ser mentora dos Jogos Vorazes pela primeira vez. Já Percy Jackson odeia os Jogos, mas se voluntaria para ir junto com a melhor amiga. Annabeth precisa que Percy sobreviva, mas ele só quer que Rache...