Banho de Sangue - Parte I.

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Nota da autora:
Que comecem os Jogos Vorazes!
Avisando que daqui pra frente vai ficar mais pesado e violento.
Espero que gostem!


Capítulo 28: Rachel.


Quando saio do elevador, sigo para uma porta ao fundo de um corredor. Tem meu nome escrito nela em letras douradas.

Rachel Elizabeth Dare, Distrito 4.

Pollux está dentro do que deveria ser um camarim, mas é uma sala quadrangular com um único cabide pendurado em um gancho na parede. Cuidadosamente ele me ajuda a remover as roupas comuns e as coloca no cabide no lugar das roupas especiais da arena. É uma calça preta de tecido leve, provavelmente absorvente. Aparenta ser frio, mas na verdade é quente. A camiseta é feita do mesmo material, de manga até os pulsos. O estilista trança meu cabelo e amarra firme, segurando meu rosto nas mãos e me encarando profundamente.

—Você pode fazer isso. —sussurra, os olhos marejados.

Abro um sorriso fraco para ele.

—Eu sei.

Pollux me aperta em um abraço de partir os ossos e eu retribuo. Não com a mesma força, mas com o mesmo carinho que sei que ele nutre por mim. Pollux foi o primeiro a cuidar de mim quando cheguei aqui. O primeiro a me tratar bem. Ele me deixou linda. Mas do que isso: deslumbrante. Impressionante. E, acima de tudo, Pollux acredita em mim. Acreditou desde o início.

Independente do que aconteça, ele nunca vai me esquecer. Simplesmente sei disso.

Ele me leva de volta para o elevador que dessa vez sobe até o terraço do prédio. Um grupo de guardas me escolta até o aerodeslizador onde as tributos garotas estão organizadas por Distrito. Me sento na quarta poltrona e alguém prende meu cinto antes de me pedir para esticar o braço e injetar algo nele com uma seringa enorme e assustadora.

—Seu rastreador. —explica o homem. Ele é grande, musculoso e usa um jaleco. Um médico da equipe Idealizadora, presumo.

Quando levantamos voo, encosto minha cabeça no banco e fecho os olhos. Não dormi muito bem a noite, tive pesadelos horríveis. Em alguns deles Percy era engolido por um enorme buraco no chão e eu me via sentada à mesa de jantar da minha casa, ouvindo uma bronca dos meus pais sobre notas e bom comportamento. Modos. Postura. A mesma baboseira de sempre e da qual eu já estava farta.

Nem em sonho eles me deixavam em paz, mas houve um ainda pior.

"A praia do 'lado dos Vitoriosos' do 4 ficava sempre vazia à noite, por isso Percy e eu a transformamos no nosso lugar. Geralmente, eu e ele acordávamos durante a madrugada, antes das cinco, para ver o nascer do sol beijar o mar. Era uma das cenas mais lindas que Panem era capaz de proporcionar.

Mas não hoje.

Ainda estava escuro e eu caminhava pela areia até o lugar onde nos encontramos na maioria dos dias. Um vestido florido verde de alcinhas até o joelhos esvoaçava levemente com a brisa, assim como meu longo cabelo vermelho. Deviam ser quase quatro da manhã agora e depois de alguns minutos, finalmente visualizo a silhueta magra de Percy de pé na areia. Estranho o fato de estar de costas para o mar, mas logo entendo o motivo.

Há outra silhueta se aproximando.

Não a reconheço de início, mas é pequena e curvilínea. Uma garota.

"Espero que isso valha a pena", o vento traz sua voz até mim quando para a poucos passos do meu amigo, cruzando os braços na frente do peito.

Sacrifice Games - (percabeth)Onde histórias criam vida. Descubra agora