Em chamas.

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Capítulo 21: Annabeth.

Você está atrasado. —falo assim que Percy surge pela porta da escadaria, ofegante. Estou encostada na mureta que ladeia o piso do terraço, de braços cruzados. Estive olhando as estrelas enquanto pensava sobre a lição do dia.

Ele passa uma mão pelos cabelos e os músculos do braço tensionam a luz do luar. Meus pensamentos perdem o rumo por uma fração de segundo, mas pisco para retomá-lo.

—Desculpa. Estava falando com a Rachel. —se justifica, dando alguns passos em minha direção.

Minhas sobrancelhas se unem. Claro, Rachel. Quem mais poderia tê-lo distraído?

—Hum. —desvio o olhar novamente para o céu. —O que você pretende fazer na sua avaliação individual? —sou direta, não estou muito no clima para joguinhos, mesmo quando sou eu mesma quem dita as regras. Ando brincando com o fogo por tempo demais.

—Não faço ideia. —por incrível que pareça, as palavras ditas sem um pingo de hesitação não me surpreendem. Ele ainda não sabe no que é realmente bom, muito menos no que é bom o suficiente para se destacar e ganhar uma nota aceitável.

Percy se aproxima e logo está na minha frente. Os olhos descem pelo meu corpo de forma descarada e tento não me importar, por mais que isso me deixe quente. Sua proximidade me deixa quente, a lembrança do seu toque, dos seus lábios, me deixa quente.

Estou fervendo agora mesmo.

—Você tem TDAH? —resolvo perguntar. Essa é uma suspeita que tenho desde que o conheci e o fato de estar se dando tão bem com espadas em tão pouco tempo acabou tornando essa teoria mais viável.

Ele franze o cenho, erguendo o olhar novamente.

—Como sabe?

Dou de ombros.

—Eu também tenho.

O moreno está claramente surpreso agora.

—Uau. Eu não fazia ideia.

Meu sorriso é involuntário

—Tem muitas coisas sobre mim que você não sabe. —ele morde o lábio e tenho que amaldiçoar meus pensamentos por se desviarem do foco mais uma vez. Limpo a garganta: —Eu li uma teoria sobre a TDAH aprimorar nossas habilidades em situações de perigo. É como se um alerta disparasse no fundo do nosso cérebro e nos fizesse prestar mais atenção aos detalhes. Funcionamos melhor sob pressão.

—E isso te ajudou na arena? —ele questiona.

—Provavelmente.

Estamos nos encarando agora. Não sei o que Percy está pensando, mas está enganado se acha que vou me jogar em seus braços novamente. Aquele foi um equívoco da minha parte, agi por impulso.

Talvez, se tivéssemos nos conhecido em outra ocasião, poderia ser diferente. Mas estamos nos Jogos Vorazes e me recuso a deixar esse garoto tirar meu foco.

—Não vou estar em perigo no teste individual. —fala, por fim.

—Você vai se sair bem. —as palavras saem antes que eu possa refreá-las.

Ele solta uma risadinha nasal, o tom descrente ao perguntar:

—Você acredita mesmo nisso?

Sei que o que vou dizer a seguir provavelmente vai deixá-lo confiante demais, mas tenho que admitir que é disso que Percy precisa. Otimismo. Saber que talvez nem tudo esteja perdido, que ele pode dar conta.

—Fui eu quem treinou você, então claro que sim.

Ali está novamente: a surpresa. Percy ergue as sobrancelhas.

Sacrifice Games - (percabeth)Onde histórias criam vida. Descubra agora