Sacrifice Games - (percabeth)

Incríveis.

Capítulo 5: Luke.

Annabeth estava parada ao meu lado, com o cabelo preso num rabo de cavalo, os olhos cinza-tempestade avaliando o enorme apartamento que havia sido deixado para nós. Já estivemos aqui antes, mas a sensação deve ser diferente para ela agora. Não há mais a surpresa da primeira vez, que foi o que senti nos meus Jogos. Existem casas luxuosas no 4, mas aquilo não era nada discreto, sempre extravagante e colorido. O sentimento de Annabeth agora me parece ser algo como nostalgia, o que nem sempre é positivo.

E estávamos completamente a sós, já que nossos tributos estavam aos cuidados da equipe de estilistas e Anfitrite estava fazendo sabe se lá o que na cidade. Ela me disse no trem que tinha algo para conversar, mas não quis dar muitos detalhes a respeito do que se tratava exatamente, apesar de eu suspeitar.

Ela se sentou no sofá no formato de uma letra "u" que havia na frente da enorme TV, colocando os pés sobre o móvel que havia no centro. Reparei quando sua blusa subiu um pouco depois que se esticou para apoiar a cabeça tombada no encosto, revelando um pedaço de sua barriga. Annabeth levou as duas mãos ao rosto e suspirou audivelmente.

—Por que eu quis vir para cá? 

Sua pergunta me fez sorrir, ocupando o espaço à sua esquerda no sofá.

—Para ficar perto de mim. —respondi, o tom presunçoso.

Annabeth separou os dedos, me encarando pelo espaço entre eles. Eu estava brincando com ela, é claro. Nunca estivemos juntos de verdade, somos mais bons amigos do que qualquer outra coisa, mas é divertido provocá-la. Ver Annabeth revirar os olhos depois de algum comentário meu tem sido meu entretenimento favorito desde que participei dos Jogos e a vi se mudar para casa em frente a minha na Aldeia dos Vitoriosos.

—E como sempre, ouvir você me colocou numa baita fria. —foi o que ela disse, bufando contra as mãos que ainda cobriam o rosto.

Senti minhas sobrancelhas se unirem, mas não desmanchei o sorriso. Ao contrário dela, gosto muito de sorrir, por mais que na maioria das vezes sejam sorrisos falsos e cheios de segundas intenções. Meu lance é convencer as pessoas, já o de Annabeth é convencer a si mesma.

E não dá para fazer isso forçando sorrisos.

—A conversa com o voluntário não foi boa? —deduzi isso porque ela tinha estado meio estranha desde que Percy Jackson saiu do vagão onde os dois conversaram. Annabeth sempre fora muito pensativa, mas agora estava aérea demais. Perguntei algumas coisas para ela durante o restante do trajeto que se seguiu até o prédio dos tributos, mas não tive respostas muito objetivas e completas como ela costumava dar.

—Não foi ruim, a parte da conversa. Ele até se mostrou interessante dentro dos aspectos irritantes. —finalmente separou as mãos, deixando-as sobre as bochechas, mas ainda mantendo os olhos fechados. —As conclusões em si é que não foram boas. O que pode me dizer sobre a Rachel?

Também apoiei as costas no encosto do sofá, pousando as palmas abertas sobre as coxas. Havia reparado e descoberto muitas coisas em Rachel Dare, inclusive o fato dela ter muito mais camadas do que aparentava inicialmente. Ela não era só uma garota bonita e sem sorte. Ela era determinada e estrategista, talvez não tanto quanto Annabeth, mas era. Rachel sabia exatamente o que queria naqueles Jogos, e isso me surpreendeu em nossa conversa de mais cedo. Ela não parecia ser o tipo de garota que se deixa ser manipulada, e isso meio que tirou um pouco da graça de tudo aquilo pra mim. O plano dela não me era conveniente, mas Rachel não mudaria de ideia nem se eu tentasse utilizar das minhas técnicas. De uma forma ou de outra, eu teria que ensinar todas à ela.

—Você sabe, é uma garota comum. —a mentira não fez nem cócegas na minha garganta. Não mentia muito para Annabeth especificamente, mas eu já estava acostumado a fazer isso com outras pessoas. —Não tem nada de muito especial.