Passado.

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Capítulo 37: Percy.

Deixo Rachel me guiar pelo labirinto.

Ainda é um pouco surreal para mim vê-la em carne e osso na minha frente, intacta. Ainda é surreal para mim ver que eu ainda estou intacto, e graças a ela. Eu já tinha aceitado a morte. Eu estava pronto para ela.

Mas milagrosamente, minha cabeça permanece no lugar dela, acima do pescoço.

—O que houve com você? —pergunto depois de alguns minutos de caminhada. Não falamos sobre nada depois que ela me encontrou, Rachel só me arrastou pelo corredor de onde veio, apressada, insinuando que precisávamos sair dali antes que o resto do grupo voltasse.

Ela me olha por cima do ombro.

—Eu achei uma coisa.

—Que coisa? —preciso apertar o passo para acompanhar o ritmo dela.

Então Rachel para do nada e quase me choco contra suas costas, escapando por pouco. Ela se abaixa para pegar algo no chão, então se vira para mim com a mão estendida.

Há uma pequena pedra cinza sobre sua palma, daquelas que geralmente são colocadas em jardins como decoração de vaso. 

—Espalhei algumas dessas para marcar o caminho. —explica. —Não estamos longe. Te achei mais rápido do que eu esperava.

Como ela ignorou minha pergunta, resolvi deixar para lá. Se estivessem mesmo chegando ao tal lugar, logo iria saber do que se tratava.

O sol estava começando a se pôr, transformando o céu azul numa mistura de laranja e cor de rosa. Me lembrava do Distrito, o que consequentemente fazia meu peito doer.

Eu faria qualquer coisa para ver um último pôr do sol naquela praia. Será que Annabeth já tinha visto? Ela não parecia o tipo de pessoa que ligava para essas coisas, mas talvez ela gostasse de me beijar a luz das estrelas.

Estou prestes a perguntar outra coisa tosca a Rachel quando ela volta a falar:

—É aqui. —se abaixa para pegar uma última pedra no chão. —É só seguir esse corredor até o final.

Olho para a frente, onde o corredor largo acabava numa parede de sebe verde alta. Não havia saída.

—Eu não estou entendendo... —começo a expressar minha confusão, mas Rachel me agarra pelo braço e me puxa com ela até o lugar indicado.

—Tem uma porta escondida. —sussurra, como se tivesse medo de ser ouvida. —E eu tenho a chave.

Então a ruiva puxa uma flecha da aljava, a única que percebo ter o cabo prateado, e desenrosca a ponta. Enfia a mão no meio das folhas como se estivesse procurando por algo e usa a lâmina para destrancar a porta.

Uma porta que se abre para...

—Que maravilha! —exclamo, a voz pesada de sarcasmo. —Outro corredor!

Minha melhor amiga me lança um olhar de advertência.

—Cale a boca.

Em seguida ela volta a me agarrar pelo braço e me puxar junto com ela para dentro.

A porta bate assim que passamos e de repente, tudo está escuro. A sala é estreita e o barulho dos nossos passos faz eco contra o piso. Estou começando a ficar com medo e o silêncio de Rachel não ajuda minha paranoia. E se for uma armadilha? Só os deuses sabem o que aconteceu com ela enquanto estávamos separados e pensar nisso me dá calafrios.

Aperto mais o cabo da minha espada e engulo em seco. Annabeth me disse para ter cuidado, que ser bonzinho não me levaria a lugar nenhum. Não disse? O que eu fiz lá atrás, de me entregar para salvar a vida dos irmãos, foi demonstrar a compaixão e misericórdia que eu não deveria ter agora e que eles provavelmente não teriam comigo. Um momento de fraqueza.

Sacrifice Games - (percabeth)Onde histórias criam vida. Descubra agora