Jimin está despertando de mais um cochilo. Se espreguiça, esticando até os dedinhos miúdos.
— Mimi? Pode vir aqui? — Escuta uma voz masculina lhe chamar. Por estar no andar de cima, acredita que a acústica tenha modificado o timbre de Jungkook, este que está um pouco mais fino.
— Estou indo, Hyung! — Calça suas pantufas de porquinho e se apressa em seguir o corredor e descer as escadas. — Cheguei! — Jeon desliga o fogão e o encara, sem compreender.
— Anjinho, o que faz aqui? Não pode sair da cama. — Enxuga as mãos em um pano. O traz ao colo para subir as escadas.
— Mas eu ouvi você me chamar. — Jungkook para na metade do caminho.
— Não lhe chamei, querido. Eu não o faria descer aqui! — Volta a andar até chegar ao quarto. — Estou terminando nosso jantar. Fique aqui, bem cobertinho! — Alisa os cabelos do menino e se retira.
— Ok, acho que a febre está me deixando maluco. — Se enrola, deixando apenas os olhos descobertos.
— Mimi? Psiu, vem aqui! — Enraivecido, Park joga o edredom para o alto.
— Certo, estou perturbado. Melhor pedir ao Hyung para me levar ao médico. — Bam surge de debaixo da cama. Prensa as patas dianteiras sobre o peitoral do pequeno humano. — Oi, Bam. Está ouvindo essa voz também?
— Claro. Essa voz é minha! — Jimin, abismado, senta rapidamente, quase caindo para trás. — Calma. Vai se machucar assim.
— Eu preciso ser internado em um hospício... — Se encolhe, puxando os cabelos.
— Quem precisa é o gato da vizinha. Que criatura desmiolada. — Deita pacificamente no travesseiro, fitando Jimin. — Você não está ficando louco e nem tendo um delírio febril. Eu falo mesmo. Assim como o resto da cachorrada do bairro!
— Então... como eu nunca te ouvi? — Bam se aproxima, sentando bem de frente para o miúdo.
— Precisamos ser cautelosos com quem vamos conversar. Você se mostrou um bom menino, então merece saber! — Abana as orelhas.
— Você não fala com seu pai?
— Ficou maluco? Ele é emocionado demais. Iria sair contando meu segredo para Deus e o mundo. — Jimin pondera breves instantes. — Posso confiar esse segredo à você, Mimi?
— C-claro! — Pisca repetidas vezes, ainda processando o que acabara de acontecer.
— Ótimo! — O lambe na bochecha. — É tão bom ter alguém para conversar aqui. Meu pai vivia ocupado no trabalho. Nem me dava tanta atenção assim. Mas não o culpo. Ele estava bastante deprimido, mesmo não demonstrando. — Relaxa no meio das coxas de Jimin.
— Por qual motivo? — Acaricia os pêlos sedosos.
— Um paciente do instituto havia falecido por suicídio. Ele ficou arrasado. Aí, você apareceu e deu sentido a vida dele novamente. E a minha também! — Esfrega a cabeça nas pequenas mãos humanas.
— Eu nunca imaginaria isso. Hyung parece ser uma pessoa tão alegre...
— E ele é. Mas ninguém é de ferro. É algo normal ficar triste!
— Estou aprendendo a lidar com meus sentimentos ainda. Não sei diferenciá-los muito bem! — O grande filhote rola e
para sentado no colchão.— Não conversou sobre isso com seu psiquiatra?
— Ele acha que pode ser autismo. Tenho vários sinais, mas não os demonstro com medo de ser julgado por seu pai. — Sente as patinhas fofas eu suas bochechas.
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Innocent Eyes | JIKOOK
Fanfiction"Park Jimin, mesmo com todo o sofrimento vivido, ainda carrega leveza e inocência em seu olhar. Mesmo em situações difíceis, aqueles doces olhos transmitirão paz a quem ver. Os olhos caramelados dele contam histórias silenciosas, assim como todo seu...