•◇Sensações◇•

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Tarde da noite. Jungkook ainda está acordado, corrigindo atividades. De repente, ouve batidas na parede do quarto de Jimin, seguidas por murmúrios de dor. Larga tudo que tem em mãos e corre em ver o que está acontecendo.

Escancara a porta e se depara com Jimin sentado no chão, batendo as costas na parede e arranhando o braço que lhe tocaram.

— Patinho, o que foi? — Depressa, o tira do chão e o acolhe nos braços. De soslaio, vê o pequeno bracinho sangrar.

— Essa sensação não me abandona... — Movimenta-se de forma constante, colidindo a cabeça do peitoral de Jungkook repetidas vezes.

— Meu bem, você pode se machucar. Por que não me chamou? — Com cuidado, pousa a palma na nuca do baixinho, o mantendo imóvel.

— Tira isso de mim. Tira isso de mim... — Se debate, beliscando o local machucado. Solta-se de Jeon e volta a se bater de costas contra a parede, repuxando a pele do braço.

— Minnie, por favor, fique calmo! — Ao se aproximar, Jimin se joga para trás com mais força, prensando as mãozinhas nos ouvidos.

— Formigando... está formigando... — Coça a derme ferida.

— Meu anjinho, estou aqui. Calma! — Segura a mão fofinha. Acaricia a região demarcada por trajetos de unhas. Jimin, antes ofegante, estabiliza a respiração e vai parando de se agitar. — Isso! Muito bem! — Park pressiona a mão do professor.

— Troca... — O faz esfregar a palma nos arranhões.

— Prontinho. Agora, o toque é meu! — O vê suavizar a expressão. — Precisamos limpar seu bracinho e passar pomada! — Caminha ao lado do miudinho até o banheiro. O deixa sentado na pia e procura o kit de primeiros socorros no armário.

— Desculpe, Hyung. — Choroso, vira o rostinho.

— Não há do que se desculpar, pequenino. O importante, é que você se acalmou! — Com gaze e soro, limpa as feridas.

— Meus sentidos ficaram todos bagunçados. O que aconteceu comigo?

— Pela minha experiência, acredito que tenha sido uma crise sensorial.

— Sr. Jung me contou que é bem comum em pessoas autistas. E ele disse, que eu posso ser uma delas. — Jeon ergue o olhar, amedrontando o menino. — Agora você vai me odiar, né? — Lacrimeja, tremendo os lábios.

— Por você ser autista? Claro que não, querido! — Sua resposta pega Jimin de surpresa. — É mais comum do que você imagina, principalmente em meninos!

— Então... você não me vê como uma aberração? — As palmas de Jungkook abraçam as bochechas gordinhas.

— Nem se você tivesse anteninhas nos cabelos! — Ganha uma risadinha.

— Sr. Jung viu diversos sinais em mim durante as consultas. Eu nunca os demonstrei perto de você, com medo de julgamentos! — É surpreendido com um selinho na ponta do nariz.

— Nunca lhe julgaria, meu bem. Jamais. Eu me mataria se o fizesse! — Beija carinhosamente o local avermelhado antes de passar um pouco de pomada. — Quer dormir comigo hoje?

— Eu... eu... — Torce os dedinhos no tecido da calça de pijama.

— Garanto que irá se sentir mais seguro. Bam está lá também! — Chega mais perto, dando o sorriso de coelho que Jimin tanto admira.

— Tudo bem! — Se supetão, rotaciona o pescoço. Seus lábios raspam nos de Jungkook. Os dois se encaram, estáticos, permanecendo com as bocas unidas em um disfarçado selar. Jeon dá passos para trás. Seu coração pula que nem louco, podendo ser sentido até pelas bochechas. O rosto de Jimin oscila entre rosa e vermelho, indicando sua óbvia timidez.

— Perdão, Minnie. Por favor, perdão. Foi sem querer! — Se afoba, afastando-se cada vez mais. Park, devagarinho, o puxa pelas mãos.

— Está tudo bem, Hyung. Não foi ruim. — Os pequenos polegares acariciam os dorsos das mãos maiores. — Não fiquei desconfortável! — Mais calmo, Jungkook fica por entre as pernas do menor. A grande proximidade deixa Jimin ofegante e cada vez mais rubro, das orelhas até o começo da clavícula.

— Você fica tão lindo coradinho! — Com as pernas vacilando, se apoia no mármore. — Você quer tentar uma coisa nova? — Sua voz, saindo em sussurro, provoca calafrios gostosos no corpinho miúdo.

— Confio em você, Hyung! — Fecha os olhos, tendo as mãozinhas direcionadas aos fios de Jungkook.

— Se não estiver gostando, aperte meus cabelos! — Gentilmente, pressiona seus lábios nos de Jimin. Repete mais algumas vezes e, enfim, dá início a um beijo simples, mas cheio de carinho. Circunda os braços no tronco do baixinho, fazendo os corpos quase se fundirem.

Sendo inexperiente e temendo assustar o menino, Jungkook não usa nada além da boca dentro do ósculo. Porém, com os sentidos todos bagunçados, adentra as mãos sob a blusa de Jimin, acarinhando suas costas. De levinho, passeia as unhas na derme, a arrepiando. Park tremelica, movimentando os dedinhos nas mechas do professor em um acariciar desajeitado.

Contragosto e por uma breve falta de ar, Jungkook se separa do chamego, vermelho igual tomate. Um sorriso besta lhe surge na face, seguido de uma suspirada apaixonada.

— Como você está se sentindo? — Estranha a expressão tensa do outro. — Mimi?

— Tem... algo de errado. — Eleva um pouco a barra da blusa, revelando uma ereção bem demarcada. Jeon relaxa os músculos, despreocupado.

— Não há nada de errado, meu bem. Você está excitado. Só isso! — Afaga-lhe os cabelos.

— Excitado? Isso é normal? — Desvia o olhar, corando outra vez.

— Normal e saudável. Não se preocupe. É apenas o seu corpo reagindo bem ao beijo! — Jimin cruza as perninhas, incomodado.

— Tem certeza? Dói um pouco.

— É porque a cueca está apertando. Prometo que vai abaixar logo! — Os lumes em miniatura se enchem de lágrimas. — Anjo, o que foi? Não precisa chorar.

— É incômodo. Não gosto de dor. Como que abaixa? — Se altera, jogando-se de costas no espelho.

— Calma, calma. Vai machucar suas costas! — O leva ao seu quarto, o segurando firmemente no colo. Deita com ele, o abraçando com força. Aos poucos, Jimin se tranquiliza. Sonolento, se aninha no peitoral alheio. — Está tudo bem? — O acaricia as costas.

— Estou melhor. Parou de incomodar! — Bojeca, esfregando o rostinho no peito quente.

— O que achou do nosso primeiro beijo? — A indagação traz à tona os instantes de minutos atrás, os quais já estavam sumindo da memória de Jimin. Ele resmunga em vergonha, querendo se enfiar ainda mais nos braços do professor.

— Eu adorei! — Por estar com o rosto rente as mãos, sua resposta vem abafada, com um toque de manha. Emocionado como é, Jungkook o abraça um pouquinho mais forte e beija seus cabelinhos arrepiados.

— Eu adorei ainda mais, por ter sido com você! — O faz erguer a face completamente avermelhada e febril. — Não precisa ter vergonha, patinho. É isso que namorados fazem!

— Namorados? — Seus olhinhos brilham.

— Você está achando muito rápido? — Dedinhos miúdos lhe acariciam a bochecha.

— Não, Hyung. Eu adoraria ser seu namorado! — Os olhos de Jungkook se inundam em alegria. — Ainda estou aprendendo a entender sentimentos, mas há um que consigo diferenciar. — Leva a mão do jovem mestre ao peito, posicionando-a sobre o lado do coração. — O sentimento de me sentir seguro ao estar perto de você! — Emotivo, Jeon esconde o rosto na clavícula do baixinho.

— Meu coração não aguenta isso. Eu tenho o namorado mais fofo do mundo! — Deixa selinhos na pele exposta.

— Namorado... — Murmura a doce palavra, rindo fofinho. Abraça o tronco de Jungkook, omitindo sua timidez.

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