Os tímidos raios solares alaranjados invadem a casa de Jeon através das janelas, indicando o início da tarde.
Está um silêncio assombroso. Jungkook organiza seus planos de aula no escritório. Bam e Jimin estão sumidos desde o almoço, e isso o preocupa.
- Bammie? Mimi? - Bate na porta do quarto de hóspedes.
- Entre, Hyung! - Jimin o permite e Bam recepciona o dono.
- Está tudo bem? - Avista o menino na cama, em posição fetal.
- Acho que não...
- Quer conversar? - Ajoelha ao lado da cama.
- Perdão por atrapalhar seu trabalho, Hyung! - Os dedos fofos rastejam nos lençóis.
- Mochi, você não me atrapalhou. Você estava em perigo! - Afaga as madeixas alheias.
- Ainda me sinto culpado.
- Você não tem culpa, meu bem. Esqueça isso! - Bam, que havia saído, retorna carregando a coleira na boca, abanando o rabinho. - Foi mal, filho. Papai esqueceu!
- Esqueceu do quê? - Eleva o corpo, parando sentado.
- Bam costuma passear esse horário. Vamos, para você conhecer o bairro?
- Não vou atrapalhar?
- Claro que não, querido. Adoraremos sua presença. Vamos lá! - Pela mãozinha, o leva a sala. - Calce os sapatos enquanto eu ponho a coleira no Bammie!
- Tudo bem, Hyung. - Avoado, encaixa os pezinhos dentro dos tênis e amarra os cadarços.
- Mimi, tem algo te incomodando? - Agacha, de frente para o miúdo sentado no chão.
- Fico meio quieto quando estou pensando. - Faz um breve contato visual com Jeon e volta sua atenção para o tênis.
- E no que está pensando?
- Eu queria ter um emprego também. Não é justo você pagar as contas sozinho. Afinal, moro aqui também! - Jungkook pondera.
- Com o que quer trabalhar? - Sorri, o incentivando. Jimin se anima, tamborilando os dedos pequeninos nas coxas.
- Acho que me darei bem com animais domésticos. Gatos e cachorros em geral! - Coça a cabeça de Bam, recebendo lambidas de agradecimento na palma.
- Nossos vizinhos têm bichinhos. - Toca o queixo, pensativo. - Deixa comigo, ok? - Força o corpo para cima, abrindo a porta logo depois.
- Certo, Hyung! - Empolgado, balança o pequeno corpo.
[...]
Os rapazes, calmamente, caminham pela praça perto da casa de Jeon. Jimin vai na frente, segurando a guia de Bam, todo contente. Ele avista Taehyung em uma barraquinha, enchendo a boca de amendoins.
- Hyung, olhe quem está ali! - Aponta ao amigo.
- Quer ir lá falar com ele?
- Tenho permissão? - Decai a cabeça, beliscando o braço.
- Você não precisa de permissão. Vá lá! - Lhe dá um empurrãozinho. Taehyung vê o pequeno amigo se aproximar.
- Jiji! - Pula do banco, correndo até o miúdo. Ao tentar unir os narizes para um carinho, Jimin o afasta. - O que foi? Eu te deixei desconfortável?
- Você não me deixa desconfortável, Tae. É que essa não precisa ser nossa única maneira de demonstrar afeto! - O coração de Kim palpita.
- Então você... você... - Sente bracinhos circundarem suas costas e o peito acomodar a cabeça de Jimin. A emoção é inevitável. Devolve o abraço, cheirando a cabeleira de Park. Um sonho realizado.
- Aprendi que abraços são gostosos e fazem você se sentir seguro, quando você os recebe de quem gosta! - Taehyung eleva a cabeça, impedindo as lágrimas de descerem. Silenciosamente, agradece ao professor, que observa de longe, secando o rosto que se tornou encharcado de um momento para outro.
- Você está certo, brotinho! - Devagarinho, o aperta nos braços antes de soltá-lo.
- Mimi, quer sorvete? - Jungkook o mostra um pequeno potinho colorido. - Sei que nunca provou. Então fiz questão de escolher um sabor delicioso!
- Não precisava, Hyung. Não gaste mais dinheiro comigo! - Tímido, aceita o sorvete.
- Mochi, não é um problema para mim! - Lhe afaga a bochecha, ainda magrinha. Taehyung curva uma das sobrancelhas, pousando as mãos na cintura. - Taehyung? Algum problema?
- Ji, sente ali para tomar seu sorteve. Me diga depois o que achou!
- Ok, Tae! - Jimin se acomoda em um banco afastado, provando seu sorvete de baunilha.
- Que papo é esse de "Mochi", hein? - Jeon se intimida com o olhar firme direcionado a si.
- E-ele gostou! - Engole em seco.
- Hum, essa carinha de bobo não me engana. Você 'tá gostando do meu amigo?
- Que merda. Já é a segunda pessoa com esse assunto. - Esbraveja, intrigando Kim. - Escuta, ele é apenas um amigo. Entendeu? Amigo!
- Cara, não precisa se estressar. Eu acharia um máximo saber que meu pequeno bebê tem um admirador! - Jeon suaviza a expressão. - Ele me contou que sente vontade de amar e ser amado, mas tem muito medo. Principalmente quando tocamos em assuntos íntimos. - Repuxa os fios da nuca.
- Eu jamais faria mal a ele ou ultrapassaria seus limites. Taehyung, é tudo muito confuso. É a primeira vez que sinto essas coisas!
- Ele é a primeira pessoa que fez seu coração balançar, né? - Admira o amigo acanhado no banco.
- O único, na verdade. Mas nos conhecemos há pouco tempo! - Se afoba, transpirando e apertando a guia de Bam.
- Calma, ou você vai ter um infarto! - O dá leve tapinhas no ombro. - Jungkook, você fez ele perder medo de contato físico. Jimin abraça agora. Isso é uma vitória. Acredito que ele confia muito em ti!
- Não sei se ele está pronto para isso. Há muitos traumas na cabeça dele!
- Vá devagar. Vocês ainda têm bastante tempo. Se conheçam mais, saiam juntos, assistam filmes, virem a noite fofocando. Aos poucos, ele vai se soltando! - Jeon expira, acalmando o coração. - Se permita! - Sorri quadrado.
- Darei o meu melhor, Taehyung!
- É assim que se fala! - Jimin retorna, lambendo os lábios. - O que achou?
- Delicioso. Mas não tanto quando a comida do Hyung! - Jungkook ri, sem jeito.
- Você precisa provar os outros sabores também! - Taehyung o abraça pela lateral do corpo.
- Há mais? - Seus olhos curioso piscam lentamente. Jungkook sente as pernas amolecerem.
- Muito mais!
- Mochi, precisamos ir. É hora do jantar! - Jungkook anuncia, olhando o relógio no pulso.
- Tchau, brotinho. Fique bem!
- Você também, Tae! - Com mais um abraço, se despedem.
[...]
Preparando o jantar, Jungkook consegue captar a conversa entre Bam e Jimin, vinda da sala.
- Será que é uma boa ideia, Bammie? - Indaga, deitado no sofá, com Bam sobre si. - E se ele me achar um ridículo? - Esfrega a testa, pensativo. - Sabe, ainda tenho medo. Porém, ele me passa uma sensação boa. Hyung me trata com tanto carinho... - Ri, sentindo-se bobinho. - Não, é muito cedo. Pare com isso! - Bate nas têmporas, espantando os pensamentos. Jeon murcha, voltando a prestar atenção no forno.
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Innocent Eyes | JIKOOK
Hayran Kurgu"Park Jimin, mesmo com todo o sofrimento vivido, ainda carrega leveza e inocência em seu olhar. Mesmo em situações difíceis, aqueles doces olhos transmitirão paz a quem ver. Os olhos caramelados dele contam histórias silenciosas, assim como todo seu...