•◇Dúvidas◇•

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Os tímidos raios solares alaranjados invadem a casa de Jeon através das janelas, indicando o início da tarde.

Está um silêncio assombroso. Jungkook organiza seus planos de aula no escritório. Bam e Jimin estão sumidos desde o almoço, e isso o preocupa.

- Bammie? Mimi? - Bate na porta do quarto de hóspedes.

- Entre, Hyung! - Jimin o permite e Bam recepciona o dono.

- Está tudo bem? - Avista o menino na cama, em posição fetal.

- Acho que não...

- Quer conversar? - Ajoelha ao lado da cama.

- Perdão por atrapalhar seu trabalho, Hyung! - Os dedos fofos rastejam nos lençóis.

- Mochi, você não me atrapalhou. Você estava em perigo! - Afaga as madeixas alheias.

- Ainda me sinto culpado.

- Você não tem culpa, meu bem. Esqueça isso! - Bam, que havia saído, retorna carregando a coleira na boca, abanando o rabinho. - Foi mal, filho. Papai esqueceu!

- Esqueceu do quê? - Eleva o corpo, parando sentado.

- Bam costuma passear esse horário. Vamos, para você conhecer o bairro?

- Não vou atrapalhar?

- Claro que não, querido. Adoraremos sua presença. Vamos lá! - Pela mãozinha, o leva a sala. - Calce os sapatos enquanto eu ponho a coleira no Bammie!

- Tudo bem, Hyung. - Avoado, encaixa os pezinhos dentro dos tênis e amarra os cadarços.

- Mimi, tem algo te incomodando? - Agacha, de frente para o miúdo sentado no chão.

- Fico meio quieto quando estou pensando. - Faz um breve contato visual com Jeon e volta sua atenção para o tênis.

- E no que está pensando?

- Eu queria ter um emprego também. Não é justo você pagar as contas sozinho. Afinal, moro aqui também! - Jungkook pondera.

- Com o que quer trabalhar? - Sorri, o incentivando. Jimin se anima, tamborilando os dedos pequeninos nas coxas.

- Acho que me darei bem com animais domésticos. Gatos e cachorros em geral! - Coça a cabeça de Bam, recebendo lambidas de agradecimento na palma.

- Nossos vizinhos têm bichinhos. - Toca o queixo, pensativo. - Deixa comigo, ok? - Força o corpo para cima, abrindo a porta logo depois.

- Certo, Hyung! - Empolgado, balança o pequeno corpo.

[...]

Os rapazes, calmamente, caminham pela praça perto da casa de Jeon. Jimin vai na frente, segurando a guia de Bam, todo contente. Ele avista Taehyung em uma barraquinha, enchendo a boca de amendoins.

- Hyung, olhe quem está ali! - Aponta ao amigo.

- Quer ir lá falar com ele?

- Tenho permissão? - Decai a cabeça, beliscando o braço.

- Você não precisa de permissão. Vá lá! - Lhe dá um empurrãozinho. Taehyung vê o pequeno amigo se aproximar.

- Jiji! - Pula do banco, correndo até o miúdo. Ao tentar unir os narizes para um carinho, Jimin o afasta. - O que foi? Eu te deixei desconfortável?

- Você não me deixa desconfortável, Tae. É que essa não precisa ser nossa única maneira de demonstrar afeto! - O coração de Kim palpita.

- Então você... você... - Sente bracinhos circundarem suas costas e o peito acomodar a cabeça de Jimin. A emoção é inevitável. Devolve o abraço, cheirando a cabeleira de Park. Um sonho realizado.

- Aprendi que abraços são gostosos e fazem você se sentir seguro, quando você os recebe de quem gosta! - Taehyung eleva a cabeça, impedindo as lágrimas de descerem. Silenciosamente, agradece ao professor, que observa de longe, secando o rosto que se tornou encharcado de um momento para outro.

- Você está certo, brotinho! - Devagarinho, o aperta nos braços antes de soltá-lo.

- Mimi, quer sorvete? - Jungkook o mostra um pequeno potinho colorido. - Sei que nunca provou. Então fiz questão de escolher um sabor delicioso!

- Não precisava, Hyung. Não gaste mais dinheiro comigo! - Tímido, aceita o sorvete.

- Mochi, não é um problema para mim! - Lhe afaga a bochecha, ainda magrinha. Taehyung curva uma das sobrancelhas, pousando as mãos na cintura. - Taehyung? Algum problema?

- Ji, sente ali para tomar seu sorteve. Me diga depois o que achou!

- Ok, Tae! - Jimin se acomoda em um banco afastado, provando seu sorvete de baunilha.

- Que papo é esse de "Mochi", hein? - Jeon se intimida com o olhar firme direcionado a si.

- E-ele gostou! - Engole em seco.

- Hum, essa carinha de bobo não me engana. Você 'tá gostando do meu amigo?

- Que merda. Já é a segunda pessoa com esse assunto. - Esbraveja, intrigando Kim. - Escuta, ele é apenas um amigo. Entendeu? Amigo!

- Cara, não precisa se estressar. Eu acharia um máximo saber que meu pequeno bebê tem um admirador! - Jeon suaviza a expressão. - Ele me contou que sente vontade de amar e ser amado, mas tem muito medo. Principalmente quando tocamos em assuntos íntimos. - Repuxa os fios da nuca.

- Eu jamais faria mal a ele ou ultrapassaria seus limites. Taehyung, é tudo muito confuso. É a primeira vez que sinto essas coisas!

- Ele é a primeira pessoa que fez seu coração balançar, né? - Admira o amigo acanhado no banco.

- O único, na verdade. Mas nos conhecemos há pouco tempo! - Se afoba, transpirando e apertando a guia de Bam.

- Calma, ou você vai ter um infarto! - O dá leve tapinhas no ombro. - Jungkook, você fez ele perder medo de contato físico. Jimin abraça agora. Isso é uma vitória. Acredito que ele confia muito em ti!

- Não sei se ele está pronto para isso. Há muitos traumas na cabeça dele!

- Vá devagar. Vocês ainda têm bastante tempo. Se conheçam mais, saiam juntos, assistam filmes, virem a noite fofocando. Aos poucos, ele vai se soltando! - Jeon expira, acalmando o coração. - Se permita! - Sorri quadrado.

- Darei o meu melhor, Taehyung!

- É assim que se fala! - Jimin retorna, lambendo os lábios. - O que achou?

- Delicioso. Mas não tanto quando a comida do Hyung! - Jungkook ri, sem jeito.

- Você precisa provar os outros sabores também! - Taehyung o abraça pela lateral do corpo.

- Há mais? - Seus olhos curioso piscam lentamente. Jungkook sente as pernas amolecerem.

- Muito mais!

- Mochi, precisamos ir. É hora do jantar! - Jungkook anuncia, olhando o relógio no pulso.

- Tchau, brotinho. Fique bem!

- Você também, Tae! - Com mais um abraço, se despedem.

[...]

Preparando o jantar, Jungkook consegue captar a conversa entre Bam e Jimin, vinda da sala.

- Será que é uma boa ideia, Bammie? - Indaga, deitado no sofá, com Bam sobre si. - E se ele me achar um ridículo? - Esfrega a testa, pensativo. - Sabe, ainda tenho medo. Porém, ele me passa uma sensação boa. Hyung me trata com tanto carinho... - Ri, sentindo-se bobinho. - Não, é muito cedo. Pare com isso! - Bate nas têmporas, espantando os pensamentos. Jeon murcha, voltando a prestar atenção no forno.

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